Índios promovem ação pelo clima na Cúpula do G20

protesto indígena no G20

Mobilização Indígena no G20

protesto indígena no G20
Recado para os líderes do G20: agir agora ou se afogar. Foto: Apib

Recentemente, representantes do movimento indígena no Brasil, à frente da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), realizaram um protesto simbólico para chamar a atenção dos líderes dos países que se reúnem no Rio de Janeiro, onde está ocorrendo a Cúpula do G20, composta pelas nações mais ricas e poluentes do mundo.

Num ato impactante, imagens de líderes de países como China, Estados Unidos, Índia, União Europeia, Rússia e Japão foram colocadas na superfície da água, em um local emblemático, em frente ao Pão de Açúcar. Esta ação pretendia destacar a urgência de medidas concretas para enfrentar a crise climática, que é também uma questão política e social premente.

O protesto, embora pacífico, foi um chamado à reflexão sobre as prioridades estabelecidas por chefes de Estado e governações de várias nações. Este ato também deu início à mobilização indígena em direção à 30ª Conferência do Clima (COP-30), programada para ocorrer no Brasil em 2025.

A resposta somos nós indígenas G20
Povos indígenas brasileiros lançam a campanha ‘A Resposta Somos Nós’. Foto: Apib

A campanha “A Resposta Somos Nós” exige um comprometimento verdadeiro com o futuro do nosso planeta, enfatizando a importância de ações imediatas e a inclusão dos povos indígenas nas soluções para a crise ambiental.

Em uma declaração enérgica, o movimento indígena brasileiro destacou: “Diante do colapso iminente nas condições de vida globalmente, é imperativo que ações decisivas e eficazes sejam tomadas. Não conseguiremos preservar a vida em um planeta que está ardescendo em chamas”.

As reivindicações incluem o reconhecimento da demarcação de terras indígenas como uma política ambiental chave e uma solução eficaz para a crise climática, além de uma participação ativa em decisões que impactam o futuro do planeta.

Demandas do movimento indígena

  • A co-presidência da COP-30 no Brasil.
  • O fim da utilização de combustíveis fósseis e uma transição energética justa.
  • Financiamento climático direto para aqueles que vivem em harmonia com a natureza e que são severamente afetados pela crise climática.
  • Elaboração de planos climáticos ambiciosos, principalmente para os países que mais contribuem para as emissões de gases de efeito estufa.
  • A proteção integral dos biomas: Amazônia, florestas, oceanos e solos, os principais absorvedores naturais de carbono do planeta.
  • A demarcação de terras indígenas deve ser reconhecida como uma política climática fundamental e incluída nas metas de mitigação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do Brasil.

O movimento conclui: “Nunca abrimos mão de defender a vida e não nos perderemos em discussões infrutíferas nem em compromissos vazios. Enquanto governos continuam a propor metas que não correspondem às necessidades reais e financiamentos ineficazes, anunciamos que iremos assumir a liderança por uma mobilização global em defesa da vida no planeta”.

carta aberta dos povos indígenas aos líderes do G20
Imagem: A Resposta Somos Nós

A íntegra do chamado indígena pode ser consultada no site oficial da campanha: arespostasomosnos.org, que contempla a colaboração de várias organizações importantes, incluindo a APIB, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), e outras articulações regionais.

líderes mundiais crise climática
Líderes Mundiais sendo encobertos pela água no Rio de Janeiro, um protesto que pede ações efetivas dos países ricos frente à emergência climática. Foto: Apib

Cenário Global e Urgência das Ações

Os países do G20, que representam mais de 80% da economia global e são responsáveis por aproximadamente 80% das emissões de gases de efeito estufa, enfrentam uma pressão crescente para apresentar soluções concretas. Um estudo do Independent High-Level Expert Group on Climate Finance, ligado à ONU, revela que países em desenvolvimento necessitarão de um investimento de US$ 2,4 trilhões anualmente até 2030, excluindo a China, para lidar com a crise climática. Este montante é fundamental para a conservação ambiental, a transição para energias renováveis e a adaptação às mudanças climáticas.

No entanto, o recente insucesso da COP da Biodiversidade em outubro e os expressivos US$ 7 trilhões em subsídios concedidos às empresas de petróleo em 2022 revelam que o comprometimento global com o financiamento climático ainda é muito insatisfatório.

manifestações indígenas
Imagem: A Resposta Somos Nós

O coordenador executivo da APIB, Dinaman Tuxá, destaca a necessidade urgente de corrigir políticas que priorizam lucros de grandes corporações sobre a proteção das comunidades vulneráveis. “As nações mais ricas devem assumir sua responsabilidade e garantir financiamento para soluções climáticas para os povos que, como os indígenas, estão na linha de frente da crise”, enfatiza.

Na COP26, em 2021, uma promessa de US$ 1,7 bilhão foi feita por países como Reino Unido, EUA, Alemanha, Noruega e Países Baixos, destinada a apoiar povos indígenas. Contudo, apenas 7% desse valor chegou diretamente às organizações indígenas, sem intermediários.

“O dinheiro está disponível, mas não é alocado adequadamente. Temos que parar de transferir problemas para as próximas gerações. É preciso coragem política, especialmente das potências, para eliminar de uma vez por todas o uso de combustíveis fósseis, acelerar uma transição justa e financiar aqueles que têm feito o possível para enfrentar a crise climática. Nós somos as verdadeiras autoridades climáticas”, conclui Kleber Karipuna, outro coordenador executivo da APIB.

protesto povos indígenas
Imagem: A Resposta Somos Nós
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