Areia ‘que canta’ dá origem a hotel e ações sustentáveis
Em uma fazenda de 350 hectares, localizada em Brotas, cidade paulista famosa por seus rios e cachoeiras, o atrativo principal é um tipo de areia que canta. O Hotel Fazenda Areia que Canta, que acaba de completar 30 anos, é a parte mais visível dos projetos sustentáveis desenvolvidos pela família Farsoni, responsável pela administração da propriedade. Além da areia especial, o local abriga um ecossistema que visa preservar nascentes de rios, a flora da mata atlântica e do cerrado, além de uma produção orgânica de alimentos e a utilização de energia solar.
A areia que canta é formada por grãos de quartzo, utilizado na produção de vidro. O fenômeno ocorre devido ao fluxo potente da água que faz os grãos girarem, causando atrito entre eles e produzindo sons semelhantes aos de uma cuíca ou de algum pássaro. A nascente que dá nome ao empreendimento foi descoberta nos anos 40 e faz parte do aquífero Guarani.
No entanto, a proteção das nascentes se tornou uma preocupação fundamental para a família Farsoni. A fim de garantir a preservação dos mananciais ao redor da “Areia que Canta” e de outras nascentes da fazenda, o acesso à lagoa foi proibido desde 2000. A visitação é permitida somente em uma pequena parte do lago para fotos de divulgação. Além disso, foram implementadas ações como a limitação do número de visitantes e a obrigatoriedade do uso de coletes de flutuação para evitar danos à areia.
A preservação ambiental também se estende para além das nascentes. A fazenda mantém de 20% a 25% de Áreas de Preservação Permanente (APP) próximas aos rios, assim como Reservas Legais (RL) em terrenos de declividade. O plantio de 30 mil mudas de árvores nativas da Mata Atlântica e do Cerrado também é realizado, contribuindo para a preservação da biodiversidade.
A fazenda também adotou medidas sustentáveis em relação à energia e ao consumo de alimentos. Desde 2020, o local utiliza energia fotovoltaica, gerando de 12 a 14 mil kilowatts de energia por mês, o que representa de 80% a 90% do consumo do hotel. Além disso, uma horta orgânica é responsável por abastecer a cozinha do hotel com verduras e legumes.
Todas as práticas sustentáveis adotadas pela fazenda têm o objetivo de preservar o meio ambiente e contribuir para o desenvolvimento do ecoturismo na região. Cerca de 30% do Produto Interno Bruto de Brotas vem do ecoturismo, e a fazenda Farsoni busca colaborar para fortalecer a economia local. A maior parte dos 120 funcionários do hotel também é da região.
A história da família Farsoni e dos 30 anos do Hotel Fazenda Areia que Canta foi registrada no livro “Areia que canta, 30 anos de histórias e memórias”, escrito por Carlos Minuano. O livro conta a trajetória da família, desde a chegada do primeiro Farsoni ao Brasil, há mais de um século, até os dias atuais.
As ações sustentáveis adotadas pela fazenda Farsoni mostram a importância de preservar o meio ambiente e utilizar os recursos naturais de forma responsável. O Hotel Fazenda Areia que Canta é um exemplo de empreendimento que une turismo e sustentabilidade, valorizando a natureza e colaborando para o desenvolvimento sustentável da região.
