Preocupações e Preparativos para o Carnaval em São Paulo
O carnaval está próximo, e este é um tempo de celebração e diversão, muito esperado por muitos que moram ou visitam o Brasil. Contudo, com a recente incidência de eventos climáticos extremos e o aumento das temperaturas, o que antes era motivo de alegria agora traz preocupações.
Em 2025, São Paulo deverá alcançar um recorde no Carnaval de rua, com a inscrição de 767 blocos. Estão programados mais de 800 desfiles para os dias 22 e 23 de fevereiro e 8 e 9 de março. O recorde anterior foi registrado em 2020, na última celebração antes da pandemia de covid-19, com 644 blocos. Depois disso, a cidade ficou dois anos sem os desfiles. Em 2023, o número de blocos foi de 475 inscritos, e em 2024, o número subiu para 579.
“A gestão cultural e de eventos precisa se modernizar, e o Prefeito de São Paulo deve assegurar que as pessoas possam ter acesso à água potável e acessível durante o carnaval. Água é um direito fundamental”, afirmou Jonaya de Castro, que é gestora cultural e diretora do Instituto Lamparina.

Com o intuito de assegurar a segurança dos participantes do Carnaval na capital paulista, os blocos de Carnaval de São Paulo, em colaborações com entidades focadas em questões climáticas, redigiram uma carta direcionada à prefeitura e à SPTuris, instando por medidas adicionais de segurança e iniciativas que visem minimizar os problemas resultantes de eventos climáticos extremos durante a festividade deste ano.
A carta foi criada pelo movimento As Águas Vão Rolar e também se dirigia a várias secretarias municipais, incluindo a Secretaria Municipal da Saúde e a Defesa Civil. O texto destaca a necessidade urgente de ações preventivas e de diminuição de riscos em eventos que reúnem grandes públicos, como o Carnaval.
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O Carnaval de Rua de São Paulo em 2024 já foi marcado por eventos climáticos extremos que impuseram desafios significativos tanto para os foliões quanto para o meio ambiente. Desta forma, neste ano, torna-se imprescindível a realização de um planejamento adequado e ações preventivas, como campanhas de conscientização, melhorias na infraestrutura para a gestão climática e de resíduos, além da valorização efetiva de quem atua em prol do equilíbrio ambiental e da segurança dos participantes. A festa tem o potencial de ser sustentável, ressalta Marcos Campos, fundador do Bloco Eco Campos Pholia.

A carta de As Águas Vão Rolar destaca que tanto a intensidade quanto a frequência de eventos climáticos extremos no Brasil estão aumentando devido às alterações climáticas. As previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) indicam chuvas abaixo da média, embora com a possibilidade de eventos extremos, assim como temperaturas superiores à média esperada para o verão de 2025.
O movimento também sublinha que a situação climática atual, com a previsão de um verão que pode ultrapassar os 39°C, reforça a urgência de ações eficazes para proteger a vida e a saúde das milhares de pessoas que participarão ou estarão envolvidas no evento.
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“Estamos solicitando à administração pública soluções que já estão disponíveis, mas que precisam ser integradas ao Carnaval da cidade, especialmente em um contexto meteorológico tão desafiador”, afirmou Alessa Camarinha, vocalista e produtora do bloco Ritaleena.

Recomendações da carta para o carnaval
- Distribuição Gratuita de Água: assegurar o fornecimento de água potável em locais com alta concentração de pessoas, conforme a Portaria nº 35/2023 do Ministério da Justiça.
- Preços Justos para Água: solicitar à AMBEV S.A – JK BEER CENTER, patrocinadora do Carnaval de São Paulo, que adote um preço inferior para água em comparação às bebidas alcoólicas.
- Flexibilidade nos Horários: permitir mudanças nos horários de concentração, desfile e dispersão dos blocos em situações de calor intenso ou chuvas fortes, priorizando a saúde pública.
- Gerenciamento de Resíduos: garantir suporte na infraestrutura de banheiros e na limpeza pública durante os blocos, além de reforçar o cumprimento da Lei Estadual nº 17.806/2023 sobre a destinação adequada dos resíduos gerados e a responsabilidade das empresas patrocinadoras.
- Criação de um Gabinete de Crise: instituir um gabinete que faça a monitoria em tempo real das condições climáticas e responda de forma ágil a emergências durante o Carnaval.
- Novas Datas: sugerir o adiamento da programação do Carnaval para os dias 15 e 16 de março em situações de calamidade.
“Já recebemos avisos antecipados da Defesa Civil sobre eventuais eventos climáticos, bem como o adiamento de atividades ao ar livre. Os blocos se dedicam o ano todo para participar dos oito dias do calendário oficial da cidade. Se ocorrer qualquer adversidade que torne necessário o cancelamento do desfile, será que teremos datas possíveis para remanejar o cortejo?” questiona Juliana Matheus, da Comissão Feminina de Carnaval de São Paulo.
Além disso, a carta também pede por um plano de contingência que vá além do atendimento às emergências, mas que integre medidas permanentes de prevenção.

Os blocos Ilú Obá De Min, Ritaleena, Navio Pirata (da banda BaianaSystem), Kaya na Gandaia, Bloco Feminista, Vai Quem Quer, Água Preta, Eco Campos Pholia e Te Pego no Cantinho estão entre os mais de 70 blocos que apoiam esta iniciativa, que conta ainda com a colaboração do Greenpeace Brasil, Pimp My Carroça, A Cidade Precisa de Você, Rede Vozes Negras pelo Clima e Instituto Lamparina, entre outros.
Para mais informações, acesse a íntegra da carta e os blocos que já a assinaram em asaguasvaorolar.com.
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A reportagem foi publicada originalmente no CicloVivo.