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Grupos apresentam proposta de Gabinete de Emergência Climática no Carnaval de SP

carnaval blocos

Preocupações e Preparativos para o Carnaval em São Paulo

O carnaval está próximo, e este é um tempo de celebração e diversão, muito esperado por muitos que moram ou visitam o Brasil. Contudo, com a recente incidência de eventos climáticos extremos e o aumento das temperaturas, o que antes era motivo de alegria agora traz preocupações.

Em 2025, São Paulo deverá alcançar um recorde no Carnaval de rua, com a inscrição de 767 blocos. Estão programados mais de 800 desfiles para os dias 22 e 23 de fevereiro e 8 e 9 de março. O recorde anterior foi registrado em 2020, na última celebração antes da pandemia de covid-19, com 644 blocos. Depois disso, a cidade ficou dois anos sem os desfiles. Em 2023, o número de blocos foi de 475 inscritos, e em 2024, o número subiu para 579.

“A gestão cultural e de eventos precisa se modernizar, e o Prefeito de São Paulo deve assegurar que as pessoas possam ter acesso à água potável e acessível durante o carnaval. Água é um direito fundamental”, afirmou Jonaya de Castro, que é gestora cultural e diretora do Instituto Lamparina.

Carnaval em São Paulo com diversos blocos de rua
Foto: Felipe Rufino

Com o intuito de assegurar a segurança dos participantes do Carnaval na capital paulista, os blocos de Carnaval de São Paulo, em colaborações com entidades focadas em questões climáticas, redigiram uma carta direcionada à prefeitura e à SPTuris, instando por medidas adicionais de segurança e iniciativas que visem minimizar os problemas resultantes de eventos climáticos extremos durante a festividade deste ano.

A carta foi criada pelo movimento As Águas Vão Rolar e também se dirigia a várias secretarias municipais, incluindo a Secretaria Municipal da Saúde e a Defesa Civil. O texto destaca a necessidade urgente de ações preventivas e de diminuição de riscos em eventos que reúnem grandes públicos, como o Carnaval.

O Carnaval de Rua de São Paulo em 2024 já foi marcado por eventos climáticos extremos que impuseram desafios significativos tanto para os foliões quanto para o meio ambiente. Desta forma, neste ano, torna-se imprescindível a realização de um planejamento adequado e ações preventivas, como campanhas de conscientização, melhorias na infraestrutura para a gestão climática e de resíduos, além da valorização efetiva de quem atua em prol do equilíbrio ambiental e da segurança dos participantes. A festa tem o potencial de ser sustentável, ressalta Marcos Campos, fundador do Bloco Eco Campos Pholia.

Carnaval em São Paulo com foliões e blocos
Foto: Felipe Rufino

A carta de As Águas Vão Rolar destaca que tanto a intensidade quanto a frequência de eventos climáticos extremos no Brasil estão aumentando devido às alterações climáticas. As previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) indicam chuvas abaixo da média, embora com a possibilidade de eventos extremos, assim como temperaturas superiores à média esperada para o verão de 2025.

O movimento também sublinha que a situação climática atual, com a previsão de um verão que pode ultrapassar os 39°C, reforça a urgência de ações eficazes para proteger a vida e a saúde das milhares de pessoas que participarão ou estarão envolvidas no evento.

“Estamos solicitando à administração pública soluções que já estão disponíveis, mas que precisam ser integradas ao Carnaval da cidade, especialmente em um contexto meteorológico tão desafiador”, afirmou Alessa Camarinha, vocalista e produtora do bloco Ritaleena.

Carnaval em São Paulo com a multidão celebrando
Foto: Felipe Rufino

Recomendações da carta para o carnaval

  • Distribuição Gratuita de Água: assegurar o fornecimento de água potável em locais com alta concentração de pessoas, conforme a Portaria nº 35/2023 do Ministério da Justiça.
  • Preços Justos para Água: solicitar à AMBEV S.A – JK BEER CENTER, patrocinadora do Carnaval de São Paulo, que adote um preço inferior para água em comparação às bebidas alcoólicas.
  • Flexibilidade nos Horários: permitir mudanças nos horários de concentração, desfile e dispersão dos blocos em situações de calor intenso ou chuvas fortes, priorizando a saúde pública.
  • Gerenciamento de Resíduos: garantir suporte na infraestrutura de banheiros e na limpeza pública durante os blocos, além de reforçar o cumprimento da Lei Estadual nº 17.806/2023 sobre a destinação adequada dos resíduos gerados e a responsabilidade das empresas patrocinadoras.
  • Criação de um Gabinete de Crise: instituir um gabinete que faça a monitoria em tempo real das condições climáticas e responda de forma ágil a emergências durante o Carnaval.
  • Novas Datas: sugerir o adiamento da programação do Carnaval para os dias 15 e 16 de março em situações de calamidade.

“Já recebemos avisos antecipados da Defesa Civil sobre eventuais eventos climáticos, bem como o adiamento de atividades ao ar livre. Os blocos se dedicam o ano todo para participar dos oito dias do calendário oficial da cidade. Se ocorrer qualquer adversidade que torne necessário o cancelamento do desfile, será que teremos datas possíveis para remanejar o cortejo?” questiona Juliana Matheus, da Comissão Feminina de Carnaval de São Paulo.

Além disso, a carta também pede por um plano de contingência que vá além do atendimento às emergências, mas que integre medidas permanentes de prevenção.

Celebrantes curtem o carnaval em São Paulo
Foto: Felipe Rufino

Os blocos Ilú Obá De Min, Ritaleena, Navio Pirata (da banda BaianaSystem), Kaya na Gandaia, Bloco Feminista, Vai Quem Quer, Água Preta, Eco Campos Pholia e Te Pego no Cantinho estão entre os mais de 70 blocos que apoiam esta iniciativa, que conta ainda com a colaboração do Greenpeace Brasil, Pimp My Carroça, A Cidade Precisa de Você, Rede Vozes Negras pelo Clima e Instituto Lamparina, entre outros.

Para mais informações, acesse a íntegra da carta e os blocos que já a assinaram em asaguasvaorolar.com. 

A reportagem foi publicada originalmente no CicloVivo.

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