Índia subsidiará energia solar para 10 milhões de famílias
O desafio de fornecer energia limpa para uma população de mais de 1,4 bilhão de pessoas é gigantesco. A Índia, como o país mais populoso do mundo, enfrenta não apenas esse desafio, mas também questões relacionadas ao rendimento dos cidadãos e à burocracia para instalação de painéis solares.
Esses são alguns dos motivos pelos quais a Índia tem enfrentado dificuldades em cumprir suas metas de instalação de painéis fotovoltaicos em telhados. Em 2022, a geração de energia solar nos telhados atingiu apenas 11 gigawatts, 29 gigawatts abaixo da meta nacional estabelecida há uma década.
Para enfrentar essa situação, o governo indiano anunciou um programa de incentivo chamado PM-Surya Ghar, que tem como objetivo fornecer energia elétrica para 10 milhões de residências. Com um investimento de 750 bilhões de rúpias indianas (cerca de 9 bilhões de dólares), o programa subsidiará até 60% dos custos de instalação de painéis solares de 2 quilowatts e 40% para painéis de 3 quilowatts ou mais.
Além dos subsídios, o programa também oferece empréstimos a taxas de juros de cerca de 7% e uma plataforma nacional que agiliza o processo de instalação e pagamento. Com essas medidas, as famílias indianas poderão finalmente contar com a eletricidade gerada pelo sol em suas casas.
Antes desse programa, instalar painéis solares era uma tarefa burocrática e demorada, exigindo aprovações de várias agências e até 21 assinaturas diferentes. Além disso, o custo médio de instalação ultrapassava os 5 mil dólares, mais da metade da renda anual média de um trabalhador urbano indiano.
Os indianos que já possuem painéis solares em seus telhados têm visto os benefícios da instalação, como a redução das tarifas de eletricidade. Ruchika Chahana, moradora de Nova Délhi, instalou energia solar em sua casa há nove meses e viu suas contas caírem para cerca de 50 dólares por mês. Além disso, ela se sente feliz em “fazer algo para salvar o planeta”.
Outro exemplo é Satish Mallya, que instalou 65 quilowatts de energia solar no prédio de apartamentos onde mora em Bengaluru. Com isso, os custos de eletricidade do prédio caíram em 700 dólares por mês.
A Índia tem se destacado no aumento do uso de fontes renováveis de energia nos últimos anos. Atualmente, o país é o quarto maior produtor de energia renovável, ficando atrás apenas da China, Estados Unidos e Brasil. Com 180 gigawatts de capacidade de geração de energia renovável, a Índia pode abastecer cerca de 18 milhões de residências, sendo quase metade dessa capacidade proveniente da energia solar.
Porém, a maior parte dessa energia solar vem de fazendas solares e menos de 15% dos painéis solares estão instalados em telhados. Os painéis solares em telhados são especialmente importantes para levar energia às áreas remotas, onde podem ser instalados de forma mais barata e evitar custos de transmissão de longas distâncias.
Desde o lançamento de um portal nacional de energia solar para telhados em 2022, as instalações têm aumentado. Os consumidores podem usar esse portal para reivindicar e direcionar subsídios governamentais diretamente para suas contas bancárias.
Com o novo programa de incentivo, o governo indiano espera fornecer ao estoque do país 30 gigawatts-hora de energia solar. Essa medida é essencial para ajudar a Índia a combater as mudanças climáticas, já que o país é um dos maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa e altamente vulnerável aos impactos das alterações climáticas.
Um estudo recente apontou que nove dos 28 estados da Índia estarão entre as regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas até meados do século.
A iniciativa de subsidiar energia solar para 10 milhões de famílias é um passo importante para impulsionar o uso de fontes renováveis na Índia e contribuir para a redução das emissões de carbono. Os benefícios tanto econômicos quanto ambientais tornam essa uma escolha vantajosa para os indianos, que estão buscando uma alternativa mais sustentável e acessível para a geração de energia em suas casas.
