Geoparque aspirante Costões e Lagunas do Rio de Janeiro busca título da Unesco
O Geoparque Aspirante Costões e Lagunas do Rio de Janeiro, que abrange faixas litorâneas de 13 municípios da Costa do Sol e de três municípios da Costa Doce, está pleiteando o título de Geoparque Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Na última semana, dois geólogos da Unesco estiveram visitando os municípios para conhecer os territórios. Os avaliadores Artur Sá, de Portugal, e Miguel Cruz, do México, analisaram as condições que podem conceder o título ao conjunto de atrativos naturais e culturais da região. O resultado será divulgado após a Assembleia Geral da Unesco, em data ainda a ser definida.
O Geoparque Costões e Lagunas do Rio de Janeiro surgiu em 2011 com o objetivo de preservar vestígios arqueológicos e sítios de interesse histórico e cultural em 460 quilômetros de litoral, do norte ao leste do estado. A gestão do geoparque é feita por um comitê composto por representantes dos municípios, órgãos públicos estaduais e federais, ONGs, universidades, empresários e a população em geral.
A região avaliada pelos geólogos da Unesco na última semana também possui sítios históricos relevantes para a história do Brasil, como testemunhas do Descobrimento do Brasil, das primeiras povoações brasileiras, da exploração do pau-brasil, da invasão francesa em Cabo Frio e do Caminho dos Jesuítas. Além disso, a região foi visitada por naturalistas como Charles Darwin, príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied e Saint-Hilaire.
Para se tornar um Geoparque Mundial da Unesco, a área deve cumprir quatro requisitos fundamentais: ser um patrimônio geológico de valor internacional, ter sítios arqueológicos avaliados por pesquisadores, ter um gerenciamento que envolva todos os atores e autoridades locais e regionais relevantes, realizar trabalho em rede com outros geoparques e ter visibilidade, com uma identidade corporativa e turismo voltado para as paisagens, a conservação, as pessoas e à evolução da Terra.
Segundo Marco Navega, presidente do Condetur, entidade coordenadora da visita dos geólogos, a possível conquista do título de Geoparque Mundial da Unesco trará reconhecimento internacional para a região e valorizará as boas práticas de gestão territorial, além de impulsionar o desenvolvimento local por meio do turismo e do meio ambiente.
O Geoparque Aspirante Costões e Lagunas do Rio de Janeiro possui uma história geológica de mais de dois bilhões de anos, marcada pela colisão e separação do território da África, que deixou vestígios no território brasileiro. A região conta com estruturas geológicas únicas, como os estromatólitos, que são bioconstruções de pedra formadas por micro-organismos e consideradas as mais antigas evidências de vida na Terra. O sistema lagunar de Araruama e a Lagoa Salgada abrigam essas importantes formações geológicas e atraem pesquisadores de todo o mundo.
A conquista do título de Geoparque Mundial trará benefícios socioeconômicos para a região, impulsionando o turismo sustentável e a preservação ambiental. A identificação e o reconhecimento da importância geológica e cultural da região proporcionarão mais visibilidade aos atrativos naturais e históricos, contribuindo para o desenvolvimento local e a valorização do patrimônio existente.
A expectativa é que o resultado da avaliação da Unesco seja divulgado em breve, após a Assembleia Geral da organização. Caso o Geoparque Aspirante Costões e Lagunas do Rio de Janeiro seja agraciado com o título de Geoparque Mundial, o Brasil estará presente na lista seleta de áreas do mundo reconhecidas pela Unesco por sua importância geológica e cultural.