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Formigas lembram das experiências e podem guardar ressentimento

formiga folha chuva

Estudo revela que formigas possuem memória e capacidade de ressentimento

Um pesquisador recente descobriu que as formigas não apenas aprendem através de suas experiências, mas também têm a habilidade de nutrir rancor quando se deparam com formigas de ninhos concorrentes. Essa revelação foi feita por um grupo de cientistas da Universidade de Freiburg, na Alemanha, sob a orientação do Dr. Volker Nehring e da doutoranda Mélanie Bey.

A pesquisa desafia a crença de que os insetos operam apenas por instinto, comportando-se como “robôs” programados. Ao contrário, os testes realizados demonstraram que as formigas possuem memória e são capazes de alterar seu comportamento com base nas experiências passadas que vivenciam.

Formiga cortadeira em ação no Parque da Fazenda do Estado em SP
Formiga cortadeira no Parque da Fazenda do Estado em SP | Foto: José Roberto Peruca

O experimento realizado

O experimento consistiu em confrontos entre formigas de colônias distintas. Os pesquisadores notaram que os insetos recordavam encontros anteriores, tornando-se mais agressivos em relação a formigas que haviam exibido comportamentos hostis anteriormente. Curiosamente, quando as formigas se deparam com a presença de formigas passivas de um ninho já familiar, a agressividade era notavelmente reduzida.

As formigas identificam membros de seu próprio ninho e de ninhos adversários pelo odor, uma vez que cada colônia possui um cheiro único. Pesquisas anteriores já demonstraram que as formigas tendem a ser mais agressivas com vizinhos próximos, chegando a morder ou até borrifar ácido para eliminar concorrentes. Contudo, o novo estudo elucida que a memória das interações passadas desempenha um papel crucial nesse comportamento.

Formigas em interação no estudo publicado
Imagem representativa do estudo sobre comportamento das formigas | Fonte: Current Biology

Metodologia e principais descobertas

Na primeira etapa do estudo, as formigas foram submetidas a diferentes encontros: um grupo interagiu apenas com suas companheiras de ninho, outro se encontrou com formigas agressivas de um ninho rival (A), enquanto um terceiro grupo teve contato com formigas agressivas de outro ninho rival (B). Esses encontros ocorreram ao longo de cinco dias consecutivos, com cada interação tendo a duração de um minuto.

Na fase seguinte do experimento, todas as formigas foram apresentadas novamente a competidores do ninho A. Aqueles que já tinham tido experiências com formigas desse ninho anteriormente apresentaram comportamento consideravelmente mais agressivo em comparação aos demais grupos.

Para aprofundar a análise, os cientistas ajustaram o experimento, distinguindo entre encontros com formigas agressivas e passivas. Algumas formigas foram submetidas a condições que forçaram um comportamento passivo, como o corte de suas antenas. Quando as formigas testadas foram novamente colocadas em contato com essas rivais passivas, os níveis de agressão mostraram-se muito mais baixos.

Os pesquisadores agora têm a intenção de investigar se e como as formigas ajustam seus receptores olfativos em decorrência das experiências vividas. O estudo, intitulado Aprendizagem associativa de sinais de não-companheiros de ninho melhora o reconhecimento de inimigos em formigas, foi publicado na revista Current Biology, ampliando nossa compreensão sobre a complexidade do comportamento dessas criaturas fascinantes.

A pesquisa sobre a memória e o comportamento das formigas abre novas possibilidades para entendermos como esses insetos interagem não apenas com seus semelhantes, mas também com seus adversários em um ecossistema dinâmico.

Formigas têm mostrado ser seres surpreendentemente complexas, e a capacidade de lembrar e agir com base em experiências anteriores pode impactar a dinâmica das colônias no futuro e oferecer novas perspectivas sobre o comportamento animal em geral.

A matéria completa está disponível em CicloVivo, onde mais informações sobre este intrigante estudo podem ser encontradas.

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