Estudo Revela Impacto das Queimadas na Resiliência da Floresta Amazônica
As queimadas recorrentes e o aumento da intensidade dos incêndios estão ameaçando a resiliência das florestas no sul da Amazônia, reduzindo a diversidade de espécies e aumentando a mortalidade de árvores. A pesquisa, conduzida por especialistas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e colaboradores, foi publicada em uma renomada revista científica e destaca preocupações crescentes sobre a saúde do bioma amazônico.
Métodos Experimentais e Categorias de Estudo
O estudo explorou quatro abordagens distintas de tratamento experimental em parcelas florestais:
– **Controle não-queimado**: Nenhuma intervenção de fogo foi realizada nessas áreas.
– **B1**: Marcada por uma única queimada em 2016, representando um evento isolado de baixa intensidade.
– **B2**: Florestas que enfrentaram queimadas em 2013 e 2016, configurando uma situação de fogo repetido.
– **B2+**: Assim como B2, essas áreas foram queimadas duas vezes, mas com a adição de galhos secos e folhas para intensificar as chamas, criando o cenário mais extremo.
Impactos Observados nas Florestas
Os resultados indicam que nos contextos de repetição de fogo (B2 e B2+), as mudanças na diversidade da floresta começaram a ser percebidas já em 2014, mas se agravaram substancialmente após 2016, com o segundo incêndio. O artigo ressalta que os efeitos prolongados dos incêndios tornam-se mais evidentes com a repetição dos mesmos.
As análises revelaram que no cenário B2+, onde houve intensificação do fogo, a mortalidade das árvores aumentou alarmantemente. Em 2014, a combinação de folhas e galhos secos elevou de quatro a cinco vezes a taxa de mortalidade em comparação com áreas não afetadas pelo fogo.
A Intensidade do Fogo e Seus Efeitos
Leonardo Maracahipes-Santos, pesquisador do IPAM e coautor do estudo, explica que incêndios de alta intensidade, como observado no cenário B2+, geram impacto significativo tanto na diversidade de espécies quanto na mortalidade de árvores, afetando diretamente o estoque de carbono da biomassa aérea.
O artigo destaca que, com as mudanças climáticas, a tendência é que o aumento da temperatura nas florestas do sul da Amazônia favoreça a intensificação dos incêndios. Projeções apontam que até 16% das florestas do sudeste do bioma podem ser consumidas pelo fogo nas próximas décadas, levantando dúvidas sobre a capacidade de resiliência dessas áreas em face de regimes de incêndios mais frequentes e intensos.
Alertas e Recomendações
O estudo enfatiza que as mudanças climáticas podem aumentar a frequência e duração de secas severas nas florestas tropicais, o que, por sua vez, potencializa o acúmulo de combustível e a gravidade dos incêndios futuros. “Apesar de a floresta demonstrar resiliência, essa característica pode ser comprometida sob condições extremas de fogo”, reforça o documento.
Dada a urgência da questão, os autores sublinham a importância de implementar estratégias de proteção e manejo contra intempéries para salvaguardar os serviços ecossistêmicos oferecidos pela Amazônia.
Contexto da Pesquisa
A investigação foi realizada na Estação de Pesquisa de Tanguro, situada em Querência, Mato Grosso. Essa área representa uma zona de transição ecológica entre os biomas Amazônia e Cerrado, um local estratégico para observar os efeitos das queimadas sob diferentes condições ambientais.
Com esses dados alarmantes, a pesquisa ganha ainda mais relevância no atual cenário de mudanças climáticas e pressões sobre o meio ambiente, reforçando a necessidade de ações efetivas para a conservação das florestas.
Fonte da Notícia: [Guia Região dos Lagos](https://ciclovivo.com.br/planeta/meio-ambiente/repeticao-do-fogo-ameaca-resiliencia-da-amazonia-diz-estudo/)