Estudantes do Centro de Excelência Dom Juvêncio de Britto, escola pública de Ensino Médio Integral em Canindé de São Francisco (SE), desenvolveram um projeto inovador para purificar a água na região. Utilizando quiabos descartados, os alunos criaram uma solução sustentável e de baixo custo, com o objetivo de ampliar o acesso à água potável e promover a reutilização de resíduos naturais.
O projeto, chamado “Acendra”, consiste na adição de um coagulante natural, extraído do quiabo, em reservatórios com água argilosa. Essa substância torna o líquido próprio para o consumo humano. A iniciativa foi desenvolvida pelos estudantes Lucas Adib, Arthur Jorge e Anne Gabriela de Freitas, do 2º ano do ensino médio, e já foi apresentada em eventos como a Feira de Conhecimento e Arte e a Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia.
Com a supervisão das professoras de química e geografia, o projeto faz parte das propostas pedagógicas diversificadas do Ensino Médio Integral. Essa modalidade de ensino tem como base o protagonismo juvenil, envolvendo os alunos em projetos de impacto social.
A ideia surgiu diante da realidade enfrentada pela população local, que ainda é abastecida com água por meio de carros-pipa. Diante desse cenário, os estudantes buscaram uma solução que se conectasse com a comunidade e que fosse sustentável. Eles descobriram que a pectina, presente no quiabo, poderia ser utilizada como coagulante orgânico, substituindo os aditivos inorgânicos que são prejudiciais à saúde. Além disso, o resíduo do quiabo pode ser reaproveitado como adubo.
O Acendra não apenas proporcionou uma experiência de aprendizado aos alunos, mas também despertou neles uma consciência social e ambiental. Ao entrevistar moradores e conhecer as dificuldades enfrentadas por muitos nordestinos em relação à falta de água potável, Lucas Adib passou a enxergar seus próprios privilégios e a importância de buscar soluções que possam beneficiar toda uma comunidade.
O projeto dos estudantes de Sergipe é um exemplo de como a educação pode ser transformadora e engajar os jovens em questões sociais e ambientais. Além disso, a iniciativa promove a valorização de recursos naturais e a busca por alternativas sustentáveis para problemas cotidianos.
A criatividade e o engajamento dos estudantes são essenciais para o desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis. Projetos como o Acendra mostram que é possível aliar conhecimento científico com ações práticas que visam melhorar a qualidade de vida das comunidades.
Essa iniciativa também reforça a importância de investir em uma educação integral, que vai além do conteúdo curricular e estimula o protagonismo dos alunos. Ao vivenciarem experiências como essa, os estudantes desenvolvem habilidades importantes para a vida pessoal e profissional, além de se tornarem agentes de transformação em suas comunidades.
O sucesso do projeto Acendra e o reconhecimento que os estudantes receberam por ele são motivos para comemorar. Mais do que isso, eles nos mostram que, por meio da educação e da inovação, podemos encontrar soluções para desafios que parecem impossíveis de serem superados. Que exemplos como esse se multipliquem e inspirem mais jovens a fazer a diferença em suas comunidades.