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Após receber os Jogos Olímpicos em 2024, Paris se tornou um ponto de referência mundial. A capital francesa se destaca também por suas inovações em urbanismo sustentável. A cidade viu melhorias significativas na qualidade do ar e a prefeitura tem direcionado esforços em variadas iniciativas que buscam proporcionar uma qualidade de vida superior para seus cidadãos. Um dos destaques é a substituição de 60 mil vagas de estacionamento por áreas verdes, um projeto que pode servir de modelo para São Paulo.
No dia 2 de abril de 2025, os vereadores Renata Falzoni (PSB), Marina Bragante (REDE) e Nabil Bonduki (PT) apresentaram, na Câmara Municipal, o Projeto de Lei 378/2025, que tem como objetivo implementar as Vagas Verdes em São Paulo.
Essa proposta busca criar espaços permeáveis nas ruas, com grama e árvores, ocupando uma área semelhante ao de um carro estacionado. Essa abordagem simples pode ajudar a mitigar diversos problemas urbanos, como enchentes, ilhas de calor e a diminuição da biodiversidade.
Os vereadores afirmam que a implementação do projeto estará em consonância com as medidas e diretrizes estipuladas no Plano Municipal de Arborização Urbana. A troca de vagas de estacionamento por áreas verdes visa não apenas reduzir as temperaturas locais, mas também criar sombras, reter água da chuva, melhorar a qualidade do ar e promover a biodiversidade na cidade.
Em São Paulo, a expectativa é que as Vagas Verdes ocupem até 20% do longo das quadras onde forem implantadas.
Além de serem uma resposta ao aumento das enchentes e à redução de temperatura, as Vagas Verdes têm o potencial de fomentar a biodiversidade urbana. A proposta inclui o uso de plantas nativas, bem como abrigos artificiais para pequenos animais e estruturas de biótopos, com o intuito de ressuscitar microambientes naturais que promovam a variedade de flora e fauna locais. Essa medida é crucial para garantir a biodiversidade e para a adaptação da cidade às mudanças climáticas.
Os vereadores afirmam ainda que essa iniciativa proporcionará áreas de convivência para a população, enriquecendo a qualidade de vida nas regiões que forem beneficiadas. A inclusão de bancos e mesas, previstos no projeto, criará espaços acolhedores que incentivam o descanso e a interação entre os cidadãos.
Além disso, a proposta inclui mecanismos de compensação ambiental que garantirão a manutenção e o aumento da área verde por meio de um Termo de Compromisso Ambiental exigido pela administração pública.
Inspirando-se em Paris
Com a discussão em torno da replicação de modelos inspiradores de Paris, é importante destacar que, em um referendo realizado em 23 de março de 2025, os cidadãos de Paris votaram para transformar 500 ruas da cidade em áreas exclusivas para pedestres. Os resultados mostraram que 65,96% dos eleitores apoiaram a proposta, enquanto 34,04% se posicionaram contra. No entanto, a participação foi baixa, com apenas 4,06% dos cidadãos aptos a votar participando do pleito.
Essa votação faz parte de uma série de reformas no transporte que foram implantadas nos últimos anos na cidade. Em 2023, os parisienses aprovaram a proibição de patinetes elétricos compartilhados, um aumento significativo das taxas de estacionamento para SUVs, além da substituição de vagas de estacionamento por áreas destinadas a árvores.
Os dois milhões de residentes da cidade serão ouvidos sobre quais áreas devem se tornar zonas livres de carros. Essas novas zonas de pedestres, conhecidas como “pulmões verdes”, promoverão ambientes onde as pessoas poderão caminhar, pedalar e socializar longe do tráfego e do ruído. Com essas novas implementações, Paris contará com quase 700 ruas dedicadas a pedestres, o que representa um pouco mais de 10 por cento de todas as vias da cidade.
Dados do governo de Paris indicam que a circulação de veículos na cidade caiu mais da metade desde a chegada do Partido Socialista ao poder no início dos anos 2000. Essa diminuição reflete um compromisso crescente com um planejamento urbano sustentável, alinhando-se com as metas mais amplas da União Europeia para combater a poluição e as mudanças climáticas.
Desafios persistentes
Apesar dos avanços, a cidade de Paris ainda enfrenta desafios quando comparada a outras capitais europeias em termos de infraestrutura verde. Segundo dados da Agência Europeia do Meio Ambiente, os espaços verdes – que incluem parques públicos, jardins privados, áreas alagadas e ruas arborizadas – constituem apenas 26% da área urbana de Paris, um número que está significativamente abaixo da média das capitais europeias, que é de 41%.
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