**Enfermeiro em Uganda Transforma Desperdício de Mangas em Combate à Desnutrição Infantil**
No distrito de Yumbe, localizado no norte de Uganda, um enfermeiro encontrou uma maneira inovadora de enfrentar a desnutrição infantil, um problema crítico na região. Francis Asiku, há 14 anos, foi profundamente impactado ao atender uma criança de quatro anos em estado de desnutrição severa. No trajeto de volta para casa, ao passar pela aldeia de Midigo, ele observou mangueiras cheias de mangas caídas ao chão e em processo de apodrecimento, despertando uma reflexão que se transformaria em ação.
Asiku questionou-se sobre o desperdício de um alimento tão nutritivo enquanto tantas crianças enfrentavam a fome. Essa percepção levou ao nascimento do Projeto Manga, uma iniciativa local com o objetivo de preservar e distribuir mangas, colhidas duas vezes por ano, para crianças carentes.
### A Criação do Projeto Manga
A desnutrição é um problema dominante em muitas regiões da África, e Uganda não é exceção. De acordo com dados do Christian Science Monitor, um quarto das crianças ugandesas sofre de nanismo, uma condição ligada à desnutrição crônica.
Embora não seja um superalimento, uma manga grande pode fornecer a quantidade diária essencial de vitamina C, além de nutrientes como cobre, potássio, folato, vitamina A, manganês e vitamina E. No entanto, um grande desafio enfrentado por Asiku e os anciãos locais, proprietários das terras onde as mangueiras estão plantadas, é o desperdício de cerca de 40% da produção devido à falta de recursos para armazenamento e conservação adequados.
Para contornar essa perda, o Projeto Manga passou a cortar e conservar as mangas em potes, utilizando água fervente e um pouco de açúcar. Com isso, as frutas podem ser estocadas por até um ano e distribuídas em centros de saúde e campos de refugiados.
### Ampliando Horizonte na Luta Contra a Desnutrição
Durante a pandemia de COVID-19, Asiku expandiu seu papel, atuando também como defensor e educador em nutrição infantil adequada. Ele mantém um pomar com 310 mangueiras híbridas, desenvolvidas para resistir às moscas-das-frutas e às mudanças climáticas. Contudo, ele reconhece que as mangas, embora nutritivas, não suprem todas as necessidades alimentares, como a carência de proteína, ferro e vitaminas do complexo B.
A iniciativa tem ganhado força com apoio de doações, permitindo que Asiku adquira um secador movido a energia solar. Este equipamento é usado para desidratar outros vegetais como quiabo e berinjela, ampliando assim a gama de nutrientes disponíveis, como vitamina K, B1, magnésio e cálcio.
### Desafios e Perspectivas Futuras
Com o crescente interesse pelo Projeto Manga, Asiku agora busca obter uma licença do governo para expandir a distribuição dos alimentos, garantindo um alcance ainda maior. O objetivo é continuar a combater a desnutrição de maneira eficaz e sustentável. “É gratificante ver meu povo sorrindo no final do dia”, compartilha Asiku, reafirmando seu compromisso com a causa.
Embora a desnutrição ainda persista em Uganda, iniciativas como a de Asiku mostram que, através de soluções criativas e comunitárias, é possível fazer a diferença. Ele conclui: “A desnutrição ainda existe, mas isso não significa que devemos desistir.”
**Fonte da Notícia:** ciclovivo.com.br/inovacao/inspiracao/enfermeiro-troca-remedios-por-mangas-em-uganda/
