Editais totalizam R$ 8,4 milhões em apoio a jovens pesquisadores

Curso ecologia

Oportunidade de Apoio a Jovens Cientistas no Brasil

Alunos da edição de 2023 do curso de ecologia durante imersão na Amazônia.
Alunos da edição de 2023 do curso durante imersão na Amazônia. Foto: Divulgação | Instituto Serrapilheira.

O Instituto Serrapilheira deu início nesta terça-feira (7) ao processo de inscrições para duas chamadas públicas projetadas com o intuito de apoiar jovens cientistas em todo o Brasil. Um total de R$ 8,4 milhões será disponibilizado para financiar bolsas e custear pesquisas. Este projeto abrange tanto cientistas que possuem vínculos permanentes com instituições de ensino como também pós-doutorandos negros e indígenas que não têm vínculos formais.

Até 16 pesquisadores serão selecionados nessas chamadas, visando oferecer recursos financeiros flexíveis e autonomia para o desenvolvimento de suas investigações. Além disso, a iniciativa busca promover uma maior participação de negros e indígenas em posições significativas no ambiente científico.

Alunos na Mata Atlântica durante o curso de campo de 2023.
Alunos na Mata Atlântica durante o curso de campo de 2023. Foto: Divulgação | Instituto Serrapilheira.

“Após oito anos de editais voltados à ciência, estamos finalmente visualizando o resultado do nosso investimento: jovens cientistas, ao terem acesso a recursos, autonomia e flexibilidade, estão desenvolvendo áreas de pesquisa inovadoras, produzindo novos conhecimentos e contribuindo para o avanço real da ciência”, declara Cristina Caldas, diretora de Ciência do Serrapilheira. “É imperativo que ações de apoio a cientistas, tanto públicas quanto privadas, continuem a existir, uma vez que é assim que os resultados a longo prazo podem florescer, fortalecendo uma comunidade científica diversa, colaborativa e acessível.”

Embora ambas as chamadas tenham prazos semelhantes, elas se destinam a públicos diferenciados. A 8ª chamada pública é direcionada a cientistas em fase de consolidação de carreira, com projetos nas áreas de ciências naturais (como biologia, física, geociências e química), matemática e ciência da computação. Por outro lado, a 3ª chamada pública é específica para pós-doutorandos negros e indígenas que buscam desenvolver pesquisas em ecologia, em colaboração com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB).

“Estabelecer cooperação com o Serrapilheira traz novas perspectivas para o trabalho da FAPESB”, destaca Handerson Leite, diretor-geral da fundação. “A Bahia, sendo o estado brasileiro com maior população negra e uma expressiva quantidade de indígenas, tem buscado atuar com grupos sub-representados através, por exemplo, de editais voltados a estudar doenças que afetam a população negra e comunidades tradicionais, como a doença falciforme, e outras iniciativas para o empreendedorismo de mulheres e de grupos étnicos. Esta nova fase que iniciamos com o Serrapilheira se diferencia ao permitir ousadia, oferecendo a chance de realizar pesquisas avançadas e de romper barreiras. O nosso objetivo é expandir o apoio a grupos sub-representados, aumentando sua visibilidade no cenário científico e tecnológico do Brasil e da Bahia.”

Participação feminina na ciência
Foto: Divulgação | Grupo L’Óreal.

As inscrições estarão abertas até às 15h do dia 4 de fevereiro de 2025 e podem ser realizadas através do site oficial do Instituto.

A seguir, apresentamos um resumo sobre cada uma das chamadas:

8ª Chamada Pública de Apoio à Ciência

A 8ª chamada pública de apoio a jovens cientistas selecionará até 12 pesquisadores em início de carreira com vínculo permanente a uma instituição de pesquisa e que atuem nas áreas de matemática, ciência da computação e ciências naturais (incluindo ciências da vida, física, geociências e química) ou abordagens interdisciplinares. Os projetos precisam buscar responder perguntas fundamentais — ou seja, devem questionar o conhecimento científico existente, abrir novas perspectivas de avanço ou aprofundar a compreensão em cada área. Veja aqui o edital.

Uma das novidades deste ano é que os candidatos terão a possibilidade de concorrer a recursos em duas categorias diferentes: uma destinada a projetos de até R$ 250 mil (mais R$ 100 mil como bônus para diversidade), que irá selecionar até oito pessoas, e outra para projetos de até R$ 500 mil (com um bônus de R$ 200 mil para diversidade), que escolherá até quatro pessoas.

Estudo dos Sons do Solo
Cientistas registrando e analisando sons do solo: Jake Robinson e outros. Foto: Universidade Flinders.

A variação nos valores se deve ao entendimento do Serrapilheira de que o montante necessário para executar um projeto de pesquisa depende das áreas do conhecimento, da infraestrutura de pesquisa já existente e da natureza dos projetos – sendo que projetos teóricos tendem a ter custos menores que projetos experimentais. O bônus para diversidade é um recurso extra opcional que os selecionados podem usar para investir na formação e inclusão de integrantes de grupos sub-representados em suas equipes.

No total, os recursos serão distribuídos ao longo de cinco anos e os candidatos devem ter iniciado seu primeiro contrato como docentes ou pesquisadores em uma instituição entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2024 (com uma extensão de até dois anos para mulheres que sejam mães).

A 8ª chamada é realizada em parceria com o Confap, que representa as fundações estaduais de amparo à pesquisa (FAPs). O financiamento pode ocorrer de maneira conjunta entre o Serrapilheira e as fundações ou diretamente pelas instituições estatais. Assim, o valor oferecido pode aumentar após a seleção, dependendo dos estados dos escolhidos e das FAPs que se tornarem parceiras no edital.

3ª Chamada de Apoio a Pós-Doutorados Negros e Indígenas em Ecologia

Lançada em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), a 3ª chamada pública conjunta de apoio a pós-doutorados negros e indígenas em ecologia selecionará até quatro pós-doutorandos para desenvolver suas pesquisas na Bahia. Os selecionados receberão até R$ 525 mil para investir em seus projetos durante três anos, além de uma bolsa mensal de R$ 5.200. Veja aqui o edital.

Para o Serrapilheira, este edital exclusivo é uma forma de promover a grandeza da ciência brasileira ao aumentar a quantidade de professores e pesquisadores de grupos sub-representados nas academias. A meta é financiar novas linhas de pesquisa em ecologia idealizadas por pós-docs negros ou indígenas com a intenção de alcançar, em médio prazo, uma posição formal de professor ou pesquisador. A visão do instituto é que um novo grupo de cientistas com igualdade de acesso a cargos relevantes é viabilizado por meio de incentivos à inclusão.

Coleta de amostras de água
Cientista Adjany Costa coleta amostras perto do Rio Cubango, em Angola. Foto: Pete Muller | National Geographic.

Entre os critérios estabelecidos pelo edital, destaca-se a exigência de que os selecionados não mantenham vínculos formais com instituições de pesquisa no momento da assinatura do contrato. Apesar de os projetos serem executados em instituições de ciência e tecnologia na Bahia, é permitido que parte das atividades ocorra em outros estados e em nível internacional, como em pesquisas colaborativas ou trabalhos de campo. Também é imprescindível que os candidatos pertençam a grupos de pesquisa nos quais não tenham se formado ou atuado anteriormente, com o objetivo de promover a troca de ideias e pessoas entre diferentes grupos de pesquisa.

O Serrapilheira acredita que aceitar riscos é essencial na ciência e para o desenvolvimento de projetos inovadores. Por isso, solicita que os candidatos a ambas as chamadas detalhem os riscos associados a seus projetos em três categorias: o risco de concepção, que se refere à formulação da hipótese do projeto; o risco de abordagem, que diz respeito à escolha metodológica; e o risco técnico, que está ligado à obtenção de dados. Saiba mais aqui.

Os editais completos estão disponíveis no site do Serrapilheira.

Fonte: Guia Região dos Lagos

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