A descoberta das dimensões do megalago Paratethys entrou para o Guinness World Records como o maior lago de todos os tempos. O Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, em colaboração com outras instituições internacionais, realizou pesquisas que utilizaram técnicas avançadas para determinar o tamanho e o volume desse antigo lago.
Segundo o pesquisador Dan Valentin Palcu, responsável pela liderança do estudo, durante muito tempo acreditou-se que o local abrigava um mar pré-histórico chamado Mar Sármata. No entanto, as pesquisas revelaram que por aproximadamente 5 milhões de anos, o mar se transformou em um lago isolado do oceano, que abrigava uma fauna única e nunca antes vista em outras partes do mundo.
A pesquisa utilizou a técnica da magneto-estratigrafia, que consiste em utilizar as inversões de polaridade do campo magnético da Terra registradas nas rochas como ferramenta de datação. Além disso, foram realizadas reconstruções paleogeográficas digitalizadas para determinar o tamanho e o volume do Paratethys.
Durante o estudo, foi possível também descobrir a história tumultuada do Paratethys, marcada por múltiplas crises hidrológicas e períodos de seca. A maior crise causou a perda de mais de dois terços da superfície do lago e um terço de seu volume, com o nível da água caindo até 250 metros. Essas alterações tiveram um impacto devastador na fauna local, resultando na extinção de muitas espécies.
Os resultados dessa pesquisa têm uma relevância significativa para o entendimento de como os ecossistemas respondem às mudanças climáticas. As informações obtidas a partir do estudo do Paratethys podem nos fornecer insights importantes sobre potenciais crises ecológicas desencadeadas pelas alterações climáticas que estamos vivenciando atualmente.
O pesquisador Dan Valentin Palcu ressalta que as descobertas também têm grande importância para a compreensão da estabilidade de bacias de águas tóxicas, como o Mar Negro. O Mar Negro atual possui características ambientais semelhantes ao antigo Paratethys, com águas desprovidas de oxigênio e sedimentos contendo metano “congelado”. A estabilidade dessas regiões é fundamental para evitar catástrofes ambientais futuras.
Além disso, Palcu destaca o potencial do Mar Negro para se tornar uma das maiores regiões de armazenamento de carbono da Terra, desde que sua estabilidade seja garantida. Isso poderia contribuir para iniciativas de armazenamento de carbono e prevenção de desastres ecológicos.
A entrada do megalago Paratethys no Guinness World Records é um marco importante para a ciência e para o público em geral. A publicação, lançada em 1954, já vendeu mais de 150 milhões de livros em mais de 100 países e é traduzida para mais de 40 idiomas.
O estudo contou com a colaboração de instituições como a Universidade de Utrecht (Holanda), a Academia Russa de Ciências (Rússia), o Centro Senckenberg de Pesquisa em Biodiversidade e Clima (Alemanha) e a Universidade de Bucareste (Romênia). A Fapesp também financiou a pesquisa.
Em resumo, a descoberta das dimensões do megalago Paratethys e sua entrada para o Guinness World Records como o maior lago de todos os tempos após pesquisas do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo revela informações valiosas sobre a história geológica e a resposta dos ecossistemas às mudanças climáticas. Essas descobertas têm grande relevância para a compreensão do nosso planeta e para a prevenção de desastres ambientais.