Desmatamento nos Biomas Brasileiros: Redução em 2024 Segundo Relatório Anual
A mais recente edição do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD), divulgada recentemente, trouxe dados indicativos de uma redução significativa na perda de vegetação nativa de quase todos os biomas do país em 2024. De acordo com o MapBiomas Alerta, uma diminuição de 32,4% na área desmatada foi observada em relação ao ano anterior, 2023, acompanhada de uma queda de 26,9% no número de alertas validados.
Em 2024, um total de 1.242.079 hectares foi desmatado nos seis biomas brasileiros, resultantes de 60.983 alertas. O dia 21 de junho se destacou como o mais crítico daquele ano, com 3.542 hectares de desmatamento em um único dia. Em média, cerca de 3.403 hectares foram desmatados diariamente, correspondendo a aproximadamente 141,8 hectares por hora.
Cerrado: O Bioma Mais Impactado
O Cerrado destacou-se novamente como o bioma mais impactado, com 652.197 hectares desmatados, representando 52,5% do total do país durante 2024. A região do Matopiba, abrangendo estados como Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, foi responsável por 75% do desmatamento do Cerrado e cerca de 42% de toda a perda de vegetação nativa no Brasil. Ainda assim, houve uma diminuição de 40% no desmatamento em comparação a 2023.
No entanto, o Maranhão permanece como o estado que mais desmatou pelo segundo ano consecutivo, com 218.298,4 hectares, apesar de uma redução de 34,3% no desmatamento. Além do Maranhão, o estado do Pará também se destacou, respondendo por mais de 65% da área devastada nacionalmente. A lista de municípios com maiores aumentos proporcionais incluiu cidades do estado do Piauí, como Canto do Buriti e Jerumenha.
Amazônia e Outros Biomas
A Amazônia registrou uma redução acentuada no desmatamento, com uma área de 377.708 hectares desmatados, o que corresponde a 30,4% do total Brasil. Esta é a menor área desmatada desde o início das medições do RAD em 2019. Contudo, a região ainda responde, junto com o Cerrado, por quase 89% do total desmatado em 2024. No caso específico da Amazônia, a redução foi de 16,8% comparada a 2023.
As formações savânicas do Brasil foram as mais impactadas, correspondendo a 52,4% do total desmatado, seguidas pelas formações florestais, com 43,7%. Na Caatinga, onde o desmatamento correspondeu a 14% do total nacional, foi registrado o maior alerta já publicado pelo MapBiomas Alerta, com 13.628 hectares desmatados em um único imóvel no Piauí.
O Pantanal experimentou a maior redução proporcional de desmatamento entre os biomas, com uma queda de 58,6% em comparação ao ano anterior. O Pampa e Cerrado também apresentaram reduções significativas, enquanto biomas como a Amazônia e Caatinga apresentaram quedas menores.
Impactos nas Terras Indígenas e Unidades de Conservação
Dois terços das Terras Indígenas no país não apresentaram qualquer evento de desmatamento durante 2024. Houve uma redução de 24% no desmatamento dentro de territórios indígenas em comparação com 2023. A Terra Indígena Porquinhos dos Canela-Apãnjekra, no Maranhão, teve o maior desmatamento, totalizando 6.208 hectares.
As Unidades de Conservação também observaram um declínio considerável de 42,5% no desmatamento em 2024. A Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu, na Amazônia, foi a mais afetada, embora tenha registrado uma redução de 31,7% em relação ao ano anterior.
Causas do Desmatamento
A agropecuária majoritariamente impulsiona o desmatamento no Brasil, sendo responsável por mais de 97% da perda de vegetação nativa entre 2019 e 2024. O garimpo concentra quase toda sua atividade destrutiva na Amazônia, enquanto empreendimentos de energia renovável impactam principalmente a Caatinga. Além disso, o Cerrado experimentou um aumento no desmatamento devido à expansão urbana.
O relatório destaca uma significativa redução no desmatamento em estados como Goiás, que diminuiu 71% em 2024. Esse progresso reflete políticas ambientais mais eficazes e esforços de conservação em áreas críticas.