Maricá Revive Saberes Ancestrais com Plantas Medicinais
Na região metropolitana do Rio de Janeiro, Maricá se destaca ao implementar uma iniciativa que resgata o uso das plantas medicinais. Em um espaço de aproximadamente 4.000 metros quadrados na Fazenda Nossa Senhora do Amparo, a cidade criou a “Farmácia Viva”, um projeto que busca promover a saúde através do uso de más de 50 espécies de plantas medicinais e aromáticas.
Preservação dos Conhecimentos Tradicionais
O projeto, realizado em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), integra o programa Farmacopeia Mari’ká. Este esforço conjunto visa revitalizar o uso de plantas para tratamentos de saúde, que durante muitos anos vinha sendo passado de geração em geração de maneira oral, mas perdendo espaço para medicamentos sintéticos.
Entre as plantas cultivadas estão o alecrim, que oferece benefícios para o fígado e atua contra a depressão, e a erva-cidreira, que ajuda a reduzir a pressão arterial. Além disso, o guaco é usado no combate à tosse, asma e bronquite. Esses e outros fitoterápicos são distribuídos em eventos e feiras promovidas pelo projeto, que conta com o apoio da prefeitura de Maricá.
Inovação e Sustentabilidade
Hamilton Lacerda, presidente da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar), destacou a importância do projeto para a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. “Nosso objetivo é não só conservar o meio ambiente, mas também fomentar uma relação ancestral com a natureza”, afirmou.
A fazenda também recebeu a certificação orgânica, comprovando que os produtos cultivados seguem rigorosos padrões de produção sustentável. A introdução de variedades de cogumelos, como shiitake e shimeji, reforça o potencial gastronômico e medicinal do local, contribuindo para o desenvolvimento de novos produtos como cápsulas terapêuticas.
Conexão com a Saúde Pública
Desde sua inauguração em 2024, a Farmácia Viva de Maricá se consolidou como um pilar no Programa Municipal de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PMPICS). A utilização de plantas medicinais é encorajada no Sistema Único de Saúde (SUS), promovendo um tratamento mais natural e acessível à população.
O projeto também visa a capacitação de pequenos produtores para que possam aproveitar as instalações da fazenda para a extração de óleos essenciais e venda de seus produtos. Para tanto, cursos e oficinas têm sido oferecidos, abrangendo desde a destilação de óleos até o uso de plantas em tratamentos veterinários.
Integração de Saberes e Comunidade
A iniciativa reforça a integração de saberes científicos e conhecimentos tradicionais, com a participação ativa de sociólogos e antropólogos. Esse trabalho busca resgatar práticas antigas de uso de plantas medicinais, promovendo um retorno às raízes culturais das comunidades locais.
A produção de mel também foi integrada ao projeto, com a instalação de colmeias de abelhas sem ferrão, que são cruciais para a biodiversidade. Além disso, há planos para ampliar essa produção para incluir própolis, diversificando ainda mais os produtos oferecidos pela fazenda.
O projeto Farmacopeia Mari’ká representa não só uma alternativa econômica e de saúde para Maricá, mas também um modelo de resgate histórico e cultural, enfatizando a importância do uso consciente e sustentável de recursos naturais para o bem-estar da população.
Fonte da Notícia: https://ciclovivo.com.br/mao-na-massa/horta/farmacia-plantas-medicinais-marica/