Expansão das Robocalls no Brasil Gera Preocupação e Debate sobre Regulação
Em um cenário que mistura avanços tecnológicos e desafios para a privacidade, as chamadas automatizadas, conhecidas como robocalls, têm registrado um crescimento significativo no Brasil. Segundo dados recentes divulgados pela Anatel, apenas no mês de abril, 10,22 bilhões de ligações automáticas foram registradas. Nos primeiros dois meses do ano, esse número chegou a surpreendentes 24 bilhões de chamadas, o que representa uma média de 23 mil ligações por segundo. Este cenário implica um aumento de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O Impacto dos Robôs nas Comunicações
Fernando Di Gianni, especialista em ciência da computação e professor de tecnologia, explica que os robôs podem ser programados para diversas funções, inclusive para identificar se há alguém em casa ao realizar uma chamada. “Quando a ligação é atendida, ela pode ser automaticamente desligada pelo sistema, que atualiza seus registros com essa informação. Dependendo do grau de sofisticação da tecnologia utilizada, é possível até que características da pessoa que atendeu sejam identificadas”, afirma Di Gianni.
Enquanto o uso de robôs nas comunicações pode significar ganhos de eficiência e assertividade no atendimento, há preocupações quanto à utilização inadequada dessa tecnologia. O sindicato das empresas que lidam com as relações com clientes (Sintelmark) destaca que a aplicação desses sistemas deve ser feita de forma responsável e condena práticas abusivas por parte de empresas que não seguem as diretrizes éticas.
A Necessidade de Regulação Específica
A discussão em torno da necessidade de uma regulação específica para controlar esse tipo de serviço ganha força. Especialistas ouvidos em diversos setores concordam que, na ausência de legislação federal que defina regras claras e atribua penalidades a quem perturba os cidadãos, as empresas continuarão sem um direcionamento firme, o que perpetua práticas invasivas.
Diogo Moyses, coordenador de telecomunicações do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), reforça que a Constituição Federal do Brasil garante o direito à privacidade nas comunicações telefônicas. Segundo ele, o ideal seria que nenhuma ligação fosse recebida sem o consentimento expresso do usuário, o que atualmente não é respeitado devido à falta de uma regulamentação assertiva.
Desafios e Próximos Passos
O cenário atual levanta questões sobre o equilíbrio entre os benefícios da tecnologia e o respeito aos direitos dos cidadãos. Empresas e defensores dos direitos do consumidor concordam que a criação de uma legislação específica é um passo necessário para garantir que os usuários tenham maior controle sobre as chamadas que recebem. Além disso, essa regulação serviria como um incentivo para que as empresas revisem suas práticas e adotem padrões éticos no uso de tecnologias automatizadas.
À medida que o número de robocalls continua a crescer, o problema se torna cada vez mais evidente, exigindo uma resposta coordenada de legisladores, empresas e sociedade civil. O objetivo final é garantir que o avanço tecnológico não venha às custas da privacidade e do bem-estar dos cidadãos.
Fonte da Notícia: [Guia Região dos Lagos](https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2025/06/15/como-vencer-a-guerra-contra-as-insuportaveis-ligacoes-de-telemarketing.htm)
