Cultivo regional de alimentos promove cidades mais saudáveis

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Produção local de alimentos pode garantir cidades mais saudáveis

Um estudo realizado pelo Instituto Escolhas e a Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis indicou que mais da metade dos habitantes das cidades de São Paulo, Recife e Curitiba vivem com pelo menos uma doença crônica não transmissível (DCNT), como câncer, diabetes, doenças cardiovasculares e respiratórias. Além disso, essas capitais apresentam baixo consumo diário de alimentos saudáveis e alto consumo de alimentos ultraprocessados. Diante desse cenário, o estudo defende que a produção de alimentos nas cidades deve ser uma estratégia pública para promover a saúde da população e reverter a tendência de adoecimento.

A pesquisa analisou a saúde e o consumo alimentar das populações de seis capitais brasileiras – Rio de Janeiro, Belém, Distrito Federal, São Paulo, Recife e Curitiba – com base nos dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico de 2023 e na Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. Com base nesses dados, o estudo recomenda a promoção da alimentação saudável como uma forma eficaz de relação entre a produção local de alimentos e a estratégia de promoção da saúde.

Uma das constatações do estudo é que entre 63% e 68% da população das capitais brasileiras não consome frutas, legumes e verduras regularmente, ou seja, cinco ou mais dias por semana. Além disso, 78% das pessoas que vivem nessas capitais não atingem o consumo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de 400g/dia/pessoa desses alimentos. Esse baixo consumo está associado, principalmente, aos preços altos dos alimentos in natura, principalmente para a população em situação de vulnerabilidade econômica.

Segundo Jaqueline Ferreira, gerente de portfólio do Escolhas, a produção de alimentos nas áreas urbanas tem um grande potencial para combater esse problema, reduzindo os custos de transporte e comercialização e tornando os alimentos mais acessíveis. Estudos realizados pelo Instituto Escolhas já demonstraram que a agricultura urbana e periurbana na região metropolitana de São Paulo teria capacidade para abastecer 20 milhões de pessoas por ano com legumes e verduras. Em Belém, a agricultura em espaços ociosos poderia produzir mais de 20 mil toneladas de hortaliças e macaxeira por ano, o que seria suficiente para alimentar toda a população da cidade.

Outro fator que contribui para o baixo consumo de alimentos saudáveis é a falta de estabelecimentos que vendem produtos in natura nas áreas periféricas, enquanto predominam os estabelecimentos que vendem alimentos ultraprocessados. Esse desequilíbrio impacta diretamente na saúde da população dessas regiões.

Nadine Marques, pesquisadora da Cátedra Josué de Castro, destaca que estudos científicos comprovam que o consumo adequado de frutas e vegetais é protetor da saúde e reduz o risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Por outro lado, o consumo frequente de alimentos ultraprocessados é um fator de risco para o desenvolvimento dessas doenças. No entanto, o cenário observado nas capitais estudadas é de baixa ingestão de frutas e vegetais e aumento do consumo de ultraprocessados, resultando em altos níveis de doenças crônicas.

O estudo ressalta a responsabilidade da gestão pública em fomentar a produção local de alimentos e garantir que eles cheguem aos consumidores, especialmente àqueles em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Para isso, é recomendado que áreas ociosas sejam cedidas para coletivos de agricultores e associações, que equipamentos públicos como hospitais e unidades prisionais sejam espaços de produção de alimentos e que ocorram compras públicas institucionais de produtos da agricultura urbana.

A produção local de alimentos tem o potencial de transformar as cidades, melhorando a qualidade de vida nos espaços urbanos. No entanto, para que isso aconteça, é fundamental que a gestão pública se comprometa com essa agenda e reconheça a importância dessa estratégia para a promoção da saúde e o combate à fome.

Fonte: Guia Região dos Lagos

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