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Contato com a natureza melhora a concentração e a memória dos estudantes

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O impacto da natureza no aprendizado de crianças

Crianças na horta escolar
Foto: iStock

Estudos recentes têm explorado o papel que a natureza desempenha no bem-estar e na saúde mental das pessoas, levando a investigações sobre seus potenciais benefícios na educação. Uma pesquisa da Austrália busca determinar se a interação com ambientes naturais também pode facilitar a aprendizagem de crianças e adolescentes, cujo desempenho foi impactado negativamente durante a pandemia. Os resultados indicam que a exposição à natureza pode, de fato, melhorar a atenção e a memória dos estudantes em idade escolar.

Apesar da política nacional implementada pelo Ministério da Educação (MEC) em 2022 para reverter os danos na aprendizagem na educação básica, o Brasil ainda enfrenta um déficit educacional decorrente da pandemia. Reportagens de todo o país revelam a luta de alunos e professores com as dificuldades na alfabetização no sistema público. Um estudo da Unicef, divulgado em 2023 e considerando dados de 2017 a 2023, sublinha que o acesso à educação no Brasil, que estava em ascensão antes da pandemia, sofreu um retrocesso e não conseguiu retornar ao nível de 2019.

A dificuldade de aprendizado já era uma preocupação antes mesmo das restrições sociais que acarretaram no fechamento das escolas e na transição para o ensino remoto. Um relatório de 2021, conhecido como “Missão Austrália”, que ouviu mais de 20 mil jovens, revelou que a saúde mental, a capacidade de aprendizagem e a pandemia foram obstáculos significativos para que esses estudantes pudessem alcançar suas metas acadêmicas ou profissionais.

Crianças em contato com a natureza
Foto: Pixabay

Com esse contexto desafiador, duas pesquisadoras da Universidade de Melbourne, Dianne Vella-Brodrick e Krystyna Gilowska, decidiram investigar a relação entre a natureza e a cognição em crianças de cinco a 18 anos, com a esperança de determinar se a presença de ambientes naturais poderia servir como um recurso para melhorar o aprendizado.

Elas realizaram uma revisão abrangente que incluiu 12 estudos experimentais, todos os quais apresentaram grupos de controle, como salas de aula tradicionais ou ambientes externos construídos. O objetivo era identificar quais intervenções na natureza seriam mais eficazes para aprimorar a atenção e a memória, elementos essenciais para um aprendizado efetivo.

Intervenções na natureza

As intervenções consideradas na pesquisa foram diversas: caminhadas em parques, introdução de vegetação em espaços internos por meio de plantas ou paredes verdes, brincadeiras em áreas externas verdes das escolas e atividades de jardinagem. Em algumas situações, a natureza atuou de maneira passiva, como pano de fundo, onde os alunos podiam observá-la pela janela da sala de aula.

Crianças plantando
Foto: Prefeitura de Viana

Em outros casos, a natureza foi o ponto central das atividades, permitindo que os estudantes interagissem ativamente com ela, como no desenvolvimento de jardins em aulas de ciências. O tempo de exposição à natureza variou desde menos de uma hora até períodos de vários meses.

As pesquisadoras destacam em suas conclusões que a revisão fornece evidências robustas de que as intervenções na natureza são benéficas para melhorar a atenção e a memória de trabalho. “O contato com a natureza aprimorou a concentração, a velocidade de processamento das informações e a retenção de conhecimento”, afirmam. Os efeitos positivos foram observados tanto nas intervenções passivas quanto nas ativas, independentemente da duração do tempo que os estudantes passaram em contato com a natureza.

Ações para as escolas

A tarefa de manter os alunos focados e engajados sempre representa um desafio, especialmente com o uso crescente de aparelhos celulares nas salas de aula. A competição pela atenção dos alunos se intensificou a tal ponto que a limitação do uso de smartphones nas escolas se tornou uma medida legislativa em muitos lugares. No entanto, é possível criar oportunidades de interação entre os alunos e o ambiente, promovendo um convívio social mais saudável. A introdução de elementos naturais na rotina escolar é uma alternativa sugerida pelas pesquisadoras:

  • As associações entre a natureza e a cognição são variadas. A interação com a natureza pode melhorar o humor e a sensação de bem-estar, tornando os alunos mais abertos e dispostos a aprender.
  • A presença de ambientes naturais pode restaurar a capacidade cognitiva, oferecendo um novo ângulo para o aprendizado, contribuindo também para a redução do estresse e da excitação fisiológica que atrapalham a concentração.
  • Dada a quantidade de tempo que os estudantes passam na escola, estas instituições estão em uma posição privilegiada para proporcionar experiências educativas em ambientes “verdes”. Mesmo que o espaço natural da escola seja limitado, ainda é possível criar pequenos jardins ou áreas verdes com recursos mínimos.
  • Iniciativas como a implementação de paredes verdes ou pequenos jardins de ervas, além do cultivo de plantas em salas de aula, são passos viáveis que as escolas podem adotar. O investimento nessa iniciativa pode trazer resultados significativos nos objetivos de aprendizagem.

As pesquisadoras concluem enfatizando a importância de uma colaboração entre administradores, educadores e alunos na formulação curricular, de modo que se tenha mais exposição à natureza nas atividades escolares. “Essa abordagem pode ser um alívio muito bem-vindo para aqueles estudantes que enfrentam dificuldades em cumprir com as exigências da educação contemporânea, além de proporcionar uma via para que expressem seu interesse em proteger o meio ambiente”, afirmam. O estudo foi publicado na revista Educational Psychology Review.

Fonte: Guia Região dos Lagos

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