Conjunto residencial tem sistema que capta água da chuva

biovaletas

Iniciativa em Campinas utiliza biovaletas para combater enchentes

biovaletas em Campinas
Serão instaladas ao todo 14 biovaletas. | Imagem: 3z Realty | Divulgação

A cada dia que passa, a realidade dos eventos climáticos extremos se torna mais evidente. Essa é a afirmação do climatologista Carlos Nobre, uma autoridade renomada no assunto. Diante disso, as cidades precisam não só fazer os possíveis para reduzir suas emissões de poluentes, mas também se adaptar a um cenário onde chuvas intensas se tornarão uma característica comum. Nesse contexto, uma novidade em Campinas, interior de São Paulo, busca mitigar os impactos de enchentes e alagamentos. O projeto em questão se refere a um sistema conhecido como biovaleta, que tem a finalidade de lidar com as águas pluviais de maneira mais eficiente.

As biovaletas podem ser consideradas uma vertente do conceito de jardins de chuva, que já são bastante conhecidos em práticas urbanas sustentáveis. Utilizando plantas aquáticas, essa estrutura filtra e diminui a carga de sedimentos na água, antes de devolvê-la ao sistema de drenagem. Além de atuar na filtragem, as biovaletas promovem a infiltração da água no solo, algo essencial para diminuir os riscos de inundações.

No município de Campinas, o projeto prevê a instalação de 14 biovaletas no Órigo, um novo bairro planejado pela 3z Realty, localizado às margens da Rodovia Dom Pedro, nas proximidades do Galleria Shopping. A área contará com 114 canteiros pluviais somando 570 metros quadrados, além de dois jardins de chuva com 228,38 metros quadrados.

As biovaletas são projetadas para funcionarem como canais que gerenciam o escoamento das águas da chuva nas áreas urbanas. Elas atuam como “riachos” artificiais, permitindo que a água da chuva seja desacelerada, filtrada e absorvida antes de atingir os sistemas de drenagem. Essa solução é essencial em um momento em que as cidades se veem cada vez mais pressionadas a enfrentar suas questões hídricas de forma eficiente.

Jardim de chuva em Niterói, Rio de Janeiro
Biovaleta em Niterói, Rio de Janeiro. Foto: Fundação Grupo Boticário

As biovaletas também possuem o benefício adicional de filtrar poluentes presentes na água das chuvas, como metais pesados e sedimentos, o que melhora a qualidade final da água que é devolvida às fontes naturais. De acordo com Márcio Serralvo, arquiteto e gerente de novos negócios da 3z Realty, essas estruturas permitem que a água pluvial infiltre-se no solo, ajudando a reabastecer os aquíferos subterrâneos. Além disso, a vegetação nativa utilizada nos projetos serve de abrigo a diversas espécies, promovendo um aumento da biodiversidade nas áreas urbanas.

Entretanto, para a implementação das biovaletas, é necessário obter licenças ambientais que comprovem que elas não trarão danos ao meio ambiente. Existem normas técnicas locais que orientam a construção e a manutenção adequada dessas estruturas, que são determinadas por órgãos públicos municipais ou, em alguns casos, federais.

Componentes essenciais das biovaletas

As biovaletas são compostas por três elementos principais que ajudam a criar um bairro mais sustentável e seguro em termos de contenção de inundações. Esses componentes são:

  • Cama Swale: um canal que pode ser gramado ou preenchido com pedras, cuja função é diminuir a velocidade da água e direcioná-la pelo canal.
  • Solo e Vegetação: plantas e uma mistura de solo escolhidas especificamente para maximizar a filtração e absorção de água.
  • Drenos Subterrâneos: em determinadas situações, são instalados drenos subterrâneos para facilitar o transporte de água, especialmente em áreas com solo menos permeável.

De acordo com Serralvo, esses componentes trabalham em conjunto para reduzir a erosão, filtrar poluentes e melhorar a qualidade da água, antes que ela atinja os sistemas de esgoto da cidade.

Impacto no mercado imobiliário e benefícios para a infraestrutura urbana

O arquiteto ressalta que estabelecimentos localizados em bairros que contam com biovaletas tendem a ser mais valorizados no mercado imobiliário. “A demanda por imóveis em áreas que têm infraestrutura sustentável está crescendo. Esses elementos são valorizados por aqueles que buscam opções mais ecológicas, que também ajudam a prevenir enchentes e a otimizar a drenagem urbana”, comenta.

Bairro planejado em Campinas
O bairro em Campinas está em construção. Foto: 3z Realty

As biovaletas apresentam pelo menos cinco benefícios para aprimorar a infraestrutura urbana e ao mesmo tempo são desenhadas para embelezar os ambientes urbanos, tornando-os mais verdes. Conheça os cinco principais benefícios:

  • Minimização do risco de enchentes, ao reduzir a velocidade do escoamento da água da chuva;
  • Remoção de contaminantes, funcionando como filtros naturais e contribuindo para a melhoria da qualidade da água;
  • Promoção da biodiversidade, ao garantir habitats para diversas espécies;
  • Melhora na infiltração de água no solo, colaborando para recarregar os aquíferos e reduzindo a quantidade de água que precisa ser gerenciada pelos sistemas de drenagem;

Fonte: Guia Região dos Lagos

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