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Inovação na Construção Civil com Conchas de Frutos do Mar
O enfrentamento das alterações climáticas demanda transformações significativas na indústria da construção. Em 2022, a ONU relatou que um aumento de apenas 1% nas emissões desse setor foi equivalente à poluição gerada por mais de 10 milhões de veículos circulando ao longo da linha do Equador. Com esse contexto em mente, um projeto inovador na Europa está explorando a utilização de conchas de mariscos na formulação de um concreto ecoeficiente.
Esta iniciativa, conduzida pela Universidade de Lancashire (UCLan) em parceria com a empresa LeftCoast, é voltada para o reaproveitamento de búzios e conchas de vieira que, de outra forma, seriam descartadas. Esses materiais são coletados de pescadores da cidade portuária de Fleetwood, localizada em Lancashire, Inglaterra. Caso não fossem recuperados, as conchas seriam destinadas a aterros sanitários.
Entretanto, quais são os problemas associados à produção convencional de concreto? A fabricação desse material exige grandes cantidades de areia, cascalho e água, cuja extração pode provocar a destruição de ecossistemas naturais e a erosão do solo. Além disso, o cimento, que é um dos ingredientes basilares do concreto, é responsável por 8% das emissões globais de CO2, de acordo com o Instituto de Pesquisa Britânico Chatham House.
A alternativa apresentada pela Universidade de Lancashire visa reduzir a exploração de recursos naturais e ainda resulta em um concreto ecológico permeável. O uso de conchas na composição do concreto resulta em um material poroso, o que pode ser benéfico para mitigar inundações, pois ele tem a capacidade de absorver água e liberá-la de maneira gradual ao solo.
Os testes realizados pela UCLan quanto às características mecânicas e hidrológicas do concreto de concha demonstraram que ele está em conformidade com os padrões britânicos de resistência e permeabilidade. Embora o material não seja totalmente neutro em termos de carbono, a Avaliação do Ciclo de Vida conduzida pela universidade indicou que ele possui uma pegada de carbono inferior quando comparado ao concreto tradicional e ao concreto permeável convencional.
Para a fabricação do concreto, as conchas são lavadas, moídas e peneiradas, para que possam ser incorporadas à mistura do material. A proposta é que esse tipo de pavimento seja utilizado em ambientes urbanos, especialmente em calçadas, estacionamentos e áreas ajardinadas.
“O conceito deste produto foi criar um concreto permeável a partir de materiais residuais da indústria de mariscos, visando a aplicação em áreas urbanas suscetíveis a inundações. Essa iniciativa envolve a colaboração de comunidades locais, empresas e governo na busca de soluções para os desafios oriundos das mudanças climáticas e da sobrecarga de recursos naturais”, afirma Karl Williams, professor e coordenador do projeto do Centro de Gestão de Resíduos.
Atualmente, o material está sendo experimentado no jardim do “People’s Pantry”, um projeto comunitário voltado para a alimentação, situado em Blackpool. Até o momento, os resultados têm sido promissores, pois o novo material tem conseguido impedir a acumulação de água em uma região que historicamente sofre com inundações.
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