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ChatGPT pode raciocinar? 3 conceitos do platonismo que explicam!

Reflexões sobre a Inteligência: O Debate Filosófico de Platão e Aristóteles

Em um contexto onde o avanço da inteligência artificial é cada vez mais presente, é oportuno revisitar as concepções filosóficas de Platão e Aristóteles para entender a complexidade do pensamento e da inteligência. Platão, no século IV a.C., propôs a ideia da “linha divisória”, uma metáfora que diferencia os níveis de compreensão humana, sugerindo que a verdadeira sabedoria reside na intuição, ou “noesis”. Esta forma de entendimento transcende a razão e está intimamente ligada à alma.

Abaixo dessa linha, Platão posicionou a “dianoia”, a razão fundamentada na argumentação lógica, seguida pelos níveis inferiores de “pistis”, que representa a crença influenciada pela experiência, e “eikasia”, que se refere à imaginação baseada em percepções falsas. Essa hierarquia platônica coloca a intuição no topo, enquanto as impressões sensoriais residem na base, apontando que a percepção da realidade vai além da corporeidade.

Comparações com a Inteligência Artificial

A análise dessas ideias antigas pode oferecer uma nova perspectiva sobre as capacidades da inteligência artificial. A “eikasia”, forma mais baixa de compreensão na visão de Platão, pode ser comparada às “alucinações” comuns em IA, onde informações imprecisas são geradas com aparência de plausibilidade. Sem um corpo ou alma, a IA pode não alcançar a verdadeira compreensão ou pensamento da mesma forma que os humanos.

Por sua vez, Aristóteles, discípulo de Platão, contribui para essa discussão ao distinguir entre o intelecto “ativo” e “passivo”. O “nous”, o intelecto ativo segundo Aristóteles, é responsável por criar significado a partir da experiência, transcendente das impressões sensoriais. Em contrapartida, o intelecto passivo apenas recebe impressões sem capacidade de raciocínio.

A Importância do Corpo na Compreensão

Essas teorias filosóficas refletem a importância do corpo na compreensão humana, algo que Aristóteles explora em suas considerações sobre a retórica. Para ele, o julgamento e a deliberação exigem experiência e sentimentos corporais, destacando que a persuasão é muito mais do que apenas fatos, englobando um espectro de emoções e caráter.

O conceito de “phronesis”, ou sabedoria prática, de Aristóteles, também se mostra relevante. Diferente da simples análise de dados, “phronesis” se baseia na experiência vivida e na aplicação moral do conhecimento para fins virtuosos. Embora a IA possa manipular grandes conjuntos de dados, ela não possui a sabedoria prática enraizada na experiência humana.

IA e a Persistente Questão do Pensamento

A atual diversidade de formas físicas da inteligência artificial, desde veículos autônomos a robôs humanoides, provoca questionamentos sobre a possibilidade de que a IA esteja se aproximando do pensamento humano. No entanto, a essência do pensamento verdadeiro, segundo Platão e Aristóteles, está na união entre corpo e alma, algo que a IA, composta de códigos e algoritmos, ainda não possui.

Para ilustrar, quando questionado sobre sua capacidade de pensar, o modelo de linguagem ChatGPT afirmou que pode processar e gerar respostas, mas reconhece a diferença fundamental em relação ao pensamento humano, devido à ausência de consciência e emoções.

Fonte da Notícia: The Conversation

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Foto de Felipe Rabello

Felipe Rabello

Felipe é um dos editores do Guia Região dos Lagos.

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