Cerca de 90% dos camarões do litoral de SP estão contaminados por microplásticos.

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Estudo revela presença alarmante de microplásticos em camarões no litoral paulista

Camarões afetados por microplásticos
Investigação da Unesp sobre a contaminação de microplásticos nos camarões-de-sete-barbas. | Foto: ©️Hans Hillewaert & Tomas Willems

Uma pesquisa de campo realizada na Universidade Estadual Paulista (Unesp), mais precisamente no campus de Bauru, está analisando o acúmulo de microplásticos em crustáceos grandes, com foco especial nos camarões-de-sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri). O estudo tem como meta avaliar os riscos ecológicos associados a essa forma de poluição, além de seus impactos potenciais na saúde humana, já que esses animais são frequentemente consumidos pela população.

Com o apoio da FAPESP no Programa BIOTA, a pesquisa se desenrola em duas áreas com características ambientais divergentes. Uma delas é a Baixada Santista, que compreende regiões industriais, portuárias e de pesca com forte impacto ambiental; por outro lado, está Cananéia, conhecida por sua menor intervenção humana e preservação, situada no litoral sul paulista.

Os dados preliminares estão gerando preocupação: a presença de microplásticos foi detectada no trato gastrointestinal de cerca de 80% a 90% dos camarões analisados até agora.

Camarões coletados no litoral paulista afetados por microplásticos
À esquerda, um exemplar de Xiphopenaeus kroyeri coletado no litoral paulista; à direita, os resíduos coletados juntamente com as amostras. | Fotos: Daphine Herrera.

Apesar das variações nas quantidades de partículas entre as diferentes localidades, o fato de que uma porcentagem tão significativa dos camarões está contaminada levanta questionamentos sobre as consequências a longo prazo tanto para os consumidores quanto para o meio ambiente.

“Nossa intenção é comparar como camarões de ecossistemas diversos respondem à exposição aos microplásticos”, afirma Daphine Herrera, que é pós-doutoranda do projeto e bolsista da FAPESP. “Os camarões, por serem detritívoros e se alimentarem de material no fundo do mar, estão expostos a grandes volumes de microplásticos que se encontram nos sedimentos marinhos. Esse comportamento facilita a análise de bioacumulação de microplásticos em seus organismos, fazendo deles modelos ideais para o estudo”, acrescenta.

Problema em escala global

Os microplásticos, caracterizados como partículas de plástico com dimensões inferiores a 5 milímetros, compõem 92,4% dos detritos plásticos nos oceanos e estão presentes em todas as partes do ambiente marinho, incluindo a coluna de água, as praias e até as profundezas do oceano. Essas partículas podem ter sérias consequências para a vida marinha e, consequentemente, para os seres humanos que consomem frutos do mar contaminados.

Considerando esses riscos, a equipe do Laboratório de Biologia de Camarões Marinhos e de Água Doce da Unesp se empenha em preencher uma lacuna no conhecimento existente: quantificar os níveis de contaminação por microplásticos nos camarões-de-sete-barbas provenientes do litoral paulista.

A primeira etapa do estudo se concentra em mensurar o grau de exposição dos camarões através de análises do trato gastrointestinal, onde as contaminações por microplásticos podem ser inicialmente identificadas.

Microplásticos presentes em produtos como cosméticos
Os microplásticos são minúsculos fragmentos de plástico que se espalharam por diversos produtos e ambientes. | Foto: iStock

Um outro foco central deste projeto é investigar se a presença de microplásticos afeta a qualidade nutricional dos camarões, o que pode ter importantes repercussões para o consumo humano. Essa análise constitui a próxima etapa da pesquisa, que pretende verificar se os microplásticos encontrados nos camarões estão se acumulando em outros tecidos além do trato gastrointestinal, como na musculatura, que é a parte mais consumida pelos seres humanos.

“Estamos começando a entender a extensão desse problema, mas os dados já indicam que a situação é bastante alarmante”, afirma Herrera. “Este estudo é um passo crucial para que possamos compreender melhor os efeitos da poluição marinha no Brasil e as potenciais implicações para a saúde pública, especialmente em um país como o nosso, onde o consumo de frutos do mar é muito elevado.”

O trabalho pesquisa crustáceos decápodes, que incluem não só os camarões, mas também siris, lagostas, lagostins e caranguejos, por exemplo. O objetivo do projeto é abordar vários aspectos relacionados a esses organismos, como o ciclo de vida, padrões biogeográficos, reprodução, organização da população, status taxonômico e processos evolutivos.

Além disso, a investigação abrange a história evolutiva das espécies, enfatizando a importância dos ecossistemas que devem ser preservados, como os manguezais, estuários e bacias hidrográficas. A integração dos resultados obtidos neste estudo deverá facilitar a compreensão de questões relevantes para o meio ambiente e a sociedade, como a conservação de espécies e ecossistemas, além da qualidade dos produtos que chegam ao consumo.

Fonte: Agência FAPESP com informações de Érica Speglich, do boletim BIOTA Highlights.

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