As crianças estão cada vez mais expostas a uma enxurrada de informações irrelevantes devido ao uso intensivo de celulares, conforme aponta o professor Dorje C. Brody, da University of Surrey, na Inglaterra. O avanço dos smartphones e das mídias sociais é atualmente questionado por seus impactos negativos no desenvolvimento cognitivo dos jovens, levando escolas a proibirem o uso de dispositivos móveis em sala de aula devido aos riscos à saúde mental e à falta de interação social presencial.
A Sobrecarga de Informações e Seus Efeitos
Dorje C. Brody utiliza a segunda lei da termodinâmica para contextualizar a forma como os smartphones inundam as crianças com conteúdos inúteis. Segundo essa lei, com o passar do tempo, a ordem cede lugar à desordem, e o que é útil torna-se obscurecido pelo ruído.
O professor explica que, antigamente, as informações de longa distância não eram transmitidas devido às dificuldades logísticas. Contudo, hoje, com o advento das tecnologias de comunicação, como impressão, transmissão via cabo e, mais recentemente, a internet e os dispositivos móveis, a desordem informacional aumentou consideravelmente. “Grande parte do que recebemos agora é ruído – informações desnecessárias que não fazem diferença no nosso dia a dia”, destaca Brody.
A Relação entre Sinal e Ruído
A conexão entre o aumento do ruído informacional e a necessidade de consumir mais conteúdo é clara. Quando uma criança busca informações para um trabalho escolar, ela enfrenta uma tempestade de dados desnecessários – desde comentários irrelevantes a anúncios e links para outros sites. A relação sinal-ruído demonstra que, se o barulho duplica, é preciso também dobrar o tempo de consumo de informação para se obter o mesmo conhecimento significativo.
Com isso, a crescente multiplicação de ruído, prevista pela segunda lei da termodinâmica, força o público a um consumo inexorável de dados, implicando em um tempo de tela cada vez maior para acessar informações de valor.
Possíveis Saídas para a Encruzilhada Informacional
A solução, segundo Brody, está na contenção do ruído. Ele observa que, em ambientes naturais, a comunicação entre seres vivos se mantém estável por milhares de anos, sem crescimento significativo de ruído. Apenas os humanos, com suas inovações tecnológicas, fizeram disparar esse aumento.
O professor propõe que limitar o uso de tecnologias, principalmente pelos jovens, tornaria o ambiente menos barulhento. “Proibir radicalmente não é prático, mas criar um espaço onde os pais possam dizer ‘não’ ao smartphone ou promover um diálogo aberto pode ser mais vantajoso”, sugere Brody.
Reflexões Finais e Perspectivas
O debate em torno do uso de smartphones por crianças e adolescentes não é apenas sobre limitar o tempo de tela, mas sim sobre criar consciência da qualidade da informação que se consome. A discussão proposta por Brody é um convite à reflexão sobre a forma como lidamos com a comunicação moderna e seu impacto nas gerações futuras. As soluções passam por uma educação consciente e por um equilíbrio entre o uso da tecnologia e a manutenção do bem-estar mental e cognitivo dos jovens.
Fonte da Notícia: [Guia Região dos Lagos](https://ciclovivo.com.br/vida-sustentavel/equilibrio/celulares-expoem-criancas-informacao-inuteis/)