Cabo Frio: Prefeitura muda gestão da moeda social Itajuru e contrata firma sem licitação

spot_img

Confusão em Cabo Frio com a Retirada de Cartões do Programa Moeda Social Itajuru

Nesta segunda-feira, dia 30, a distribuição dos novos cartões provisórios do Programa Moeda Social Itajuru gerou uma grande agitação na cidade de . Desde as primeiras horas do dia, moradores formaram filas enormes na sede da Secretaria Municipal de Assistência Social, localizada no bairro Braga, em meio a um clima de incerteza gerado pela súbita troca de gestão do programa. Esse cenário tem gerado uma série de queixas e preocupações tanto entre os beneficiários quanto entre os comerciantes da região.

Na última sexta-feira, 27 de outubro, a prefeitura de publicou um comunicado afirmando a mudança da empresa encarregada da gestão da moeda social Itajuru. Segundo o município, essa decisão foi tomada de maneira emergencial, devido a “diversos problemas surgidos a partir do Termo de Colaboração n° 001/2021 firmado com o instituto gestor do Programa Social Moeda Itajuru, concretizando a notificação através do Ofício n° 36/2024, que informa acerca da suspensão dos serviços”.

A administração municipal também alegou que a nova contratação se fez necessária para assegurar a continuidade do programa de transferência de renda, com a distribuição dos novos cartões prevista para ter início na segunda-feira e se estender até terça-feira, dia 1 de novembro.

Por outro lado, o Instituto E-dinheiro Brasil, que geria o programa desde 2021, reagiu de forma contundente à decisão do governo local. Durante o fim de semana, a entidade divulgou um comunicado contestando as alegações da prefeitura, afirmando que a escolha de uma nova empresa foi tomada de maneira irregular e sem justificativas satisfatórias.

De acordo com o instituto, a prefeitura acumula uma dívida significativa relacionada aos serviços prestados no âmbito do Programa Moeda Social Itajuru. O Instituto E-dinheiro Brasil salientou que, desde outubro de 2021, o governo local não realizou os repasses financeiros acordados, resultando em um débito superior a R$ 1,2 milhão. Apesar dessa situação, a entidade garantiu que continuou a operar o programa normalmente, assegurando os pagamentos aos beneficiários e oferecendo suporte aos comerciantes credenciados.

O Instituto ainda ressaltou que possui um contrato em vigor com a prefeitura até 2026, conforme o Termo de Colaboração 02/2023, após vencer a licitação pública para a gestão da moeda social. Contudo, no que foi considerado um ato emergencial, a prefeitura contratou uma nova empresa, a qual, segundo o instituto, carece de expertise na área e acumula mais de 874 ações judiciais, totalizando R$ 469.200,00 para assumir a operação do programa.

O diretor do Instituto, Joaquim Melo, expressou indignação ao comentar o ocorrido, afirmando: “Possuímos um contrato ativo com a prefeitura, que é o Termo de Colaboração 02/2023. Não foi realizado nenhum processo administrativo para rescindir esse contrato, e a prefeitura não pode contratar outra empresa para o mesmo fim, enquanto as atividades do Instituto E-dinheiro estão sendo conduzidas de maneira regular e contínua”. Ele enfatizou que, mesmo diante dos atrasos nos repasses, a empresa continuou a garantir os pagamentos devidos aos beneficiários e a assistência aos comerciantes associados.

Outra questão levantada pelo diretor é a possibilidade de prejuízos ao erário público resultantes da contratação emergencial de uma nova empresa, especialmente em um momento em que as atividades continuavam sem interrupções. “Um serviço que é prestado com qualidade não justifica que a prefeitura declare uma emergência, sendo que não há qualquer interrupção. Tal atitude gera um grande impacto negativo nas finanças públicas”, declarou.

O Instituto E-dinheiro Brasil também negou as alegações da prefeitura referentes à suposta suspensão dos serviços. Melo foi claro: “O Ofício 36/2024 foi enviado por nós ao município, alertando sobre os riscos à sustentabilidade do projeto em razão da falta de pagamentos pela prefeitura, e não uma notificação da prefeitura ao Instituto, como foi insinuado”. Ele garantiu que, apesar das dificuldades financeiras enfrentadas pela falta de repasses, o Instituto nunca deixou de cumprir suas obrigações contratuais e que o programa continua a funcionar normalmente.

Os moradores da região demonstram preocupações quanto à mudança significativa no conceito da Moeda Social Itajuru. Criado para fortalecer a economia local e incentivar o uso da moeda apenas em pequenos estabelecimentos, agora com a nova gestão, a dinâmica do programa poderá ser alterada. Joaquim Melo, especialista no assunto, afirmou: “Agora, qualquer comércio, incluindo grandes redes, poderá aceitar o cartão, o que descaracteriza a proposta original da moeda social, que visava beneficiar os pequenos comerciantes e garantir a circulação da moeda dentro dos bairros”.

Outrossim, o Instituto E-dinheiro Brasil afirma ser uma entidade sem fins lucrativos. As taxas cobradas dos comerciantes cadastrados eram revertidas para financiar projetos sociais no município. A nova empresa contratada pela prefeitura, segundo o Instituto, não está comprometida com esse modelo. Joaquim Melo ressaltou: “A Moeda Social Itajuru foi completamente desfigurada. Actualmente, pode-se ter um programa de transferência de renda, mas este não é mais em moeda social, pois as características que definiram o programa foram comprometidas”.

O Instituto já se prepara para a adoção de medidas jurídicas. “Temos que preservar o sistema democrático e, por isso, tomaremos as medidas cabíveis. O setor jurídico está mobilizado, e o mandado de segurança pode ser uma das ações imediatas, entre outras que serão consideradas”, afirmou, evidenciando que a seleção da nova empresa foi realizada de forma ilegal, desconsiderando o devido processo para a rescisão do contrato vigente.

O Portal RC24h tentou entrar em contato com a prefeitura de para esclarecer os novos desdobramentos da situação e aguarda um retorno.

Ajude-nos e avalie esta notícia.
Picture of Bruno Rodrigo Souza

Bruno Rodrigo Souza

Bruno é Fundador e Editor no Guia Região dos Lagos

Use os botões abaixo para compartilhar este conteúdo:

Facebook
Twitter
Telegram
WhatsApp
[wilcity_before_footer_shortcode]