Manhã de protestos marca reivindicações de camelôs no Rio de Janeiro
Na manhã desta segunda-feira (26), as proximidades do Copacabana Palace, na Zona Sul do Rio de Janeiro, tornaram-se palco de uma manifestação fervorosa organizada por camelôs. O grupo protestou contra um novo decreto municipal que implementa restrições ao comércio nas praias, afetando diretamente os trabalhadores informais. Com faixas e cartazes em mãos, eles clamaram pelo direito de continuar exercendo suas atividades, das quais dependem milhares de famílias cariocas.
Impacto das restrições no comércio local
Carlos Pereira, um dos líderes dos camelôs, destacou durante o protesto que aproximadamente 3.500 pessoas dependem financeiramente do comércio ambulante nas praias do Rio. Ele descreveu o cenário iminente com preocupação: “Temos famílias para alimentar, gente que paga pensão com esse dinheiro. Só queremos trabalhar sem medo de repressão, sem ver nossas mercadorias jogadas no chão”, desabafou o trabalhador.
O decreto, que foi publicado dez dias atrás e deverá entrar em vigor no próximo dia 1º de junho, estabelece 16 restrições ao comércio informal. As proibições incluem o uso de carrocinhas, churrasqueiras, barracas e isopores improvisados. Além disso, a venda de alimentos como milho, queijo coalho, churrasco e camarão também será vetada, assim como o uso de caixas de som, instrumentos musicais e garrafas de vidro, exceto em eventos autorizados previamente.
Camelôs e artistas unem forças em busca de diálogo
A comerciante conhecida como “Loira do Milho”, que trabalha em Ipanema há seis anos, manifestou sua indignação e preocupação com o futuro. “É com isso que sustento meus filhos, pago aluguel. Não somos bandidos. Querem tirar o pouco que temos e beneficiar os ricos”, comentou, visivelmente emocionada.
A cantora e produtora Lana Mara uniu-se à causa, expressando seu desacordo em relação ao decreto, que poderá deixar cerca de 3 mil músicos e produtores sem trabalho. “Estamos tentando diálogo com a prefeitura, mas, se não houver avanço, vamos resistir”, afirmou a artista, reforçando a necessidade de conversas mais aprofundadas com o poder público.
Consequências para o comércio e medidas legais
O protesto, que reuniu dezenas de pessoas, resultou em interdições momentâneas na Avenida Atlântica, no sentido de Ipanema. A CET-Rio e a Polícia Militar estiveram presentes, monitorando a situação.
O vereador Leonel de Esquerda (PT), presidente da Comissão de Trabalho Informal da Câmara Municipal, participou do ato e anunciou que já protocolou um Projeto de Decreto Legislativo para revogar as novas normas. “É um absurdo. Antes de qualquer regramento, precisa haver diálogo com quem será diretamente afetado”, argumentou o vereador, enfatizando a necessidade de escuta ativa.
Os representantes dos quiosques da orla também se colocaram contra a medida, principalmente quanto à proibição de bebidas em garrafas de vidro. Segundo eles, a decisão compromete a experiência gastronômica e prejudica os estabelecimentos formais, enquanto o verdadeiro problema estaria no consumo informal, sem fiscalização.
As penalidades para quem descumprir as novas regras variam de advertências e multas à apreensão de mercadorias e até cassação das licenças. A fiscalização caberá à Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP), com apoio da Guarda Municipal.
Enquanto o embate prossegue, trabalhadores e artistas prometem continuar mobilizados para evitar que o decreto entre em vigor, na esperança de que suas vozes sejam ouvidas e uma solução justa seja alcançada.
Fonte da Notícia: Plantão Guia Região dos Lagos