A Interfarma Proíbe Participação em Congressos Médicos na Região dos Lagos
A Interfarma – Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, anunciou uma decisão que tem gerado grande controvérsia entre empresários, médicos e autoridades locais: a proibição da participação de seus membros e associados em congressos médicos na Região dos Lagos e em outras localidades. A justificativa dada pela associação é que o aspecto turístico da área poderia desviar a atenção dos participantes, prejudicando a essência técnico-científica dos eventos programados.
No entanto, a medida tem levantado questionamentos quanto à sua coerência. A Interfarma impede a realização de eventos em destinos turísticos como Búzios, enquanto aprova a realização de congressos em outros locais que possuem características semelhantes no Brasil. Essa discrepância gerou uma onda de descontentamento entre os empresários do setor, que criticam os critérios utilizados para tal decisão e alertam sobre os potenciais danos econômicos que a região poderá sofrer.
Empresários da área informaram que apenas em Búzios, os eventos médicos promovem um impacto positivo superior a R$ 40 milhões anualmente. Quando se considera toda a Região dos Lagos, que abrange cidades como Cabo Frio, Arraial do Cabo e São Pedro da Aldeia, esse montante pode alcançar R$ 150 milhões a cada ano, beneficiando diversos setores, como hotelaria, restaurantes, transporte e comércio em geral.
A decisão da Interfarma pode afetar diretamente o Congresso Fluminense de Cardiologia, que ocorre anualmente em Búzios desde 2002. Este encontro é um dos maiores eventos científicos da medicina no estado e reúne profissionais de diversas regionais. A localização de Búzios é estratégica, com três faculdades de medicina em um raio de 100 km e uma infraestrutura logística bem desenvolvida, o que torna a proibição ainda mais questionável quando avaliada sob a ótica da ciência.
Em resposta a essa situação, o Prefeito de Búzios, Alexandre Martins, promoveu uma reunião com Dr. Anderson Simas, Presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro – Regional Lagos; Luiz Guedes, empresário e proprietário do Hotel Atlântico Búzios; Rodrigo Ricarte, proprietário do Hotel Rio Búzios; e Cristiano Marques, um dos principais responsáveis pela promoção do turismo em Búzios. O objetivo deste encontro foi unir esforços para contestar a decisão da Interfarma, e o prefeito se manifestou claramente contra a medida.
“Búzios é um dos destinos mais preparados do estado do Rio de Janeiro para sediar eventos e congressos de grande porte. Possuímos uma estrutura robusta, uma ampla rede hoteleira, o maior centro de convenções da Região dos Lagos e uma cidade atraente que acolhe bem o turismo de negócios. Não faz sentido sermos excluídos por conta de uma decisão assim”, afirmou o Prefeito Alexandre Martins.
O grupo formado na reunião planeja redigir uma carta conjunta, que será assinada por prefeitos de distintas cidades da Região dos Lagos, endereçada à Interfarma. O documento buscará solicitar uma reavaliação da decisão, bem como o reconhecimento da capacidade técnica e das condições estruturais da região para receber eventos científicos de grande porte.
Essa situação evidencia um cenário complexo em relação ao turismo e à ciência na Região dos Lagos, onde a interseção entre as duas áreas é crucial para o equilíbrio econômico local. A participação em congressos médicos, além do valor financeiro, traz consigo um intercâmbio de conhecimento que pode beneficiar não só os profissionais que atuam na saúde, mas toda a comunidade que, de forma indireta, se beneficia da atividade turística e científica.
As próximas semanas poderão ser decisivas para o futuro dos eventos na Região dos Lagos, com a expectativa de que o apelo dos empresários e representantes locais gere uma mudança na postura da Interfarma. Os desdobramentos dessa situação serão acompanhados de perto por todos os envolvidos, mantendo a expectativa de que a região mantenha sua relevância como um importante polo de eventos científicos e turísticos.
O desfecho dessa questão é aguardado, e a resposta da Interfarma poderá alterar significativamente o cenário econômico e científico da Região dos Lagos, impactando não apenas os negócios locais, mas também a imagem do estado do Rio de Janeiro como um todo.