Búzios: Morre Dona Eva, líder dos Quilombolas e símbolo da cidade

Na noite do dia 14 de outubro, uma significativa perda foi sentida pela comunidade de Búzios com o falecimento de Eva Maria de Oliveira, carinhosamente conhecida como Dona Eva. Ela partiu aos 114 anos, deixando um legado marcante de força e resiliência, sendo mãe de 11 filhos e reconhecida como a matriarca dos Quilombolas da Rasa.

Dona Eva, que era neta de pessoas escravizadas, teve um papel fundamental na história e cultura da região. Seu nome é lembrado e reverenciado em uma das escolas de Búzios, simbolizando a importância de sua trajetória e seu compromisso com a educação e a valorização da cultura afro-brasileira. Um dos momentos mais emblemáticos de sua vida foi quando teve a honra de conduzir a tocha Olímpica durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, um testemunho de sua força e inspiração para as futuras gerações.

O corpo de Dona Eva foi velado na Igreja Assembleia de Deus da Rasa, onde ela desempenhou um papel crucial na fundação da congregação na década de 70. Amigos, familiares e membros da comunidade reuniram-se para prestar suas últimas homenagens e celebrar a vida dessa mulher notável que tanto contribuiu para a sociedade local.

A cerimônia de sepultamento ocorreu no cemitério de Sant’Anna em Búzios, às 9 horas, marcando o início de um momento de despedida que foi ao mesmo tempo triste e repleto de gratidão pela vida que Dona Eva viveu. Sua perda é sentida não apenas por seus filhos e netos, mas por toda a comunidade que se beneficiou de sua sabedoria e amor.

A vida de Dona Eva representa a luta e a superação não só de sua família, mas de toda uma comunidade que carrega a herança dos quilombolas. Como uma figura central na defesa dos direitos e na preservação das tradições afro-brasileiras, Dona Eva inspirou muitos com sua determinação e sua voz em favor da justiça social.

Seu legado se perpetuará através das histórias contadas por seus filhos e netos, que continuarão a passar adiante os ensinamentos de amor e resiliência. O impacto de sua vida se estende além de sua família, alcançando todos que tiveram o privilégio de conhecê-la e aprender com ela. A sua trajetória é um exemplo do que significa perseverar diante das adversidades e buscar um mundo mais justo e igualitário.

A morte de Dona Eva não é apenas a perda de uma matriarca, mas também de uma guerreira que sempre lutou por um futuro melhor para sua comunidade e que deixou suas marcas na história de Búzios. Sua vida é um testemunho de força, coragem e um exemplo brilhante de como o amor pode mudar vidas.

Dona Eva será lembrada em cada canto que ela pisou, em cada vida que ela tocou. A sua memória deve ser celebrada e mantida viva, não apenas como um tributo a uma mulher singular, mas como um símbolo da luta contínua pela igualdade e reconhecimento das culturas afro-brasileiras.

Em um mundo que frequentemente se esquece de seus heróis, Dona Eva é um lembrete vital da importância de honrar nossa história, reconhecer nossos ancestrais e continuar a lutar por um futuro que ressoe com a força das raízes que nos sustentam.

Deixamos nossas condolências à família de Dona Eva e à comunidade de Búzios, que agora enfrenta a difícil tarefa de seguir em frente sem sua presença, mas sempre com sua sabedoria e amor presentes em suas lembranças.