Cérebro e Contexto Histórico: A Base das Línguas Humanas
As línguas humanas são frutos da interação entre a capacidade cognitiva para a linguagem e o contexto socio-histórico em que estamos inseridos. Esse fenômeno pode ser observado no uso do Português Brasileiro (PB), que resulta tanto da evolução cerebral humana quanto das condições sociais e históricas específicas do Brasil. Assim, a língua emerge como um produto cultural, refletindo ideias, valores e julgamentos da comunidade que a utiliza. Essa capacidade transcultural é aplicável a qualquer ser humano, pois está enraizada em aspectos biológicos.
Além de expressar valores, uma língua específica permite debates e discussões que podem fomentar propostas de novos valores inclusivos, abrangendo uma diversidade maior dentro da sociedade. Nesse contexto, a reflexão sobre como as línguas são formadas e usadas é crucial para entender o desenvolvimento e a aplicação de tecnologias de linguagem, como os grandes modelos de linguagem (LLMs).
O Papel dos LLMs na Inteligência Artificial Brasileira
Os Grandes Modelos de Língua (LLMs) ocupam uma posição central nas discussões sobre o desenvolvimento da inteligência artificial (IA) no Brasil. Estes modelos são fundamentais em várias aplicações de IA, desde chatbots que melhoram o acesso de idosos à saúde até sistemas de fiscalização da Receita Federal. Além disso, uma das ações previstas no plano estratégico de IA do Brasil é a criação de um modelo de LLM em Português, utilizando dados nacionais. Esta ação visa reduzir a dependência de dados externos e ajustar os modelos às especificidades e diversidades culturais do Brasil.
Apesar do plano estratégico mencionar a curadoria de dados e a dependência externa, ele não oferece detalhes sobre como essas questões serão abordadas. Entretanto, é claro que qualquer modelo de linguagem precisa de curadoria de dados. A discussão, portanto, gira em torno da extensão e profundidade dessa curadoria. Simplesmente coletar textos de sites brasileiros, sem considerar o conteúdo ou os direitos autorais, é uma forma de curadoria, embora irresponsável. Por outro lado, uma curadoria mais aprofundada respeita direitos autorais, filtra conteúdos inadequados e anota dados com metadados para um treinamento mais eficaz.
Curadoria de Dados e a Distinção entre Língua e Linguagem
A curadoria de dados é um aspecto crucial no treinamento de LLMs. Ela deve ser realizada com atenção aos direitos autorais e à qualidade dos dados coletados. Além disso, é importante anotar os dados com metadados, garantindo um treinamento mais eficiente dos modelos. Este processo se ancora na língua específica de uma cultura, no caso, a brasileira.
A distinção entre língua e linguagem é relevante nesse contexto. Enquanto a língua é específica a um grupo cultural, a linguagem é um conceito mais amplo. Em estratégias de curadoria, entender essa diferença é fundamental para desenvolver modelos que realmente reflitam a diversidade cultural do Brasil e que sejam treinados com dados relevantes e responsáveis.
Ao ignorar essa distinção, compromete-se a formulação de estratégias adequadas para a curadoria de dados, impactando negativamente a eficácia dos LLMs desenvolvidos. Assim, garantir que a curadoria de dados seja feita de maneira responsável e focada em uma língua específica é essencial para o sucesso dos modelos de IA que buscam representar e servir a diversidade cultural do Brasil.
Fonte da Notícia: [Guia Região dos Lagos](https://www.uol.com.br/tilt/analises/ultimas-noticias/2025/06/23/plano-brasileiro-para-turbinar-ia-ignora-conceito-basico-da-tecnologia.htm)