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Brasil registra significativa redução de queimadas no primeiro trimestre de 2025

Entre os meses de janeiro e março de 2025, o Brasil registrou a queima de 912,9 mil hectares, conforme apresentado na nova atualização do Monitor do Fogo, uma iniciativa do MapBiomas que utiliza imagens de satélite para medir e mapear a área afetada por incêndios em todo o país. Este número, embora alto, representa uma expressiva redução de 70% em comparação ao mesmo período de 2024, traduzindo-se em 2,1 milhões de hectares a menos consumidos pelo fogo.
O bioma Amazônico foi o mais impactado, com 774,5 mil hectares queimados, correspondendo a 84% do total de área queimada no Brasil. Roraima ficou em primeiro lugar no ranking dos estados com a maior área afetada, totalizando 415,7 mil hectares. Em seguida, vêm o Pará, com 208,6 mil hectares, e Maranhão, com 123,8 mil hectares. Juntos, esses três estados corresponderam a 81% de todas as queimadas registradas no país no primeiro trimestre. Municípios como Pacaraima (RR) e Normandia (RR) foram os mais afetados, com 121,5 mil e 119,1 mil hectares queimados, respectivamente.

De acordo com Felipe Martenexen, pesquisador do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e do MapBiomas Fogo, Roraima concentra a maior parte das queimadas do Brasil, em parte devido ao seu regime climático distinto. Enquanto grande parte do país enfrenta um período chuvoso nesse trimestre, Roraima vive sua estação seca no início do ano, tornando-se mais suscetível a incêndios. Os dados do primeiro trimestre de 2025 evidenciam essa condição sazonal, com Roraima se destacando como o principal foco de incêndios no país.

O estudo indica que a maior parte da área queimada, ou seja, 78%, ocorreu em vegetação nativa, com as formações campestres representando 43% do total de área atingida pelo fogo. Nas áreas destinadas à agropecuária, as pastagens somaram 137 mil hectares queimados durante o trimestre.

Março de 2025: um nível preocupante de queimadas
No mês de março de 2025, foram queimados 106,6 mil hectares, o que representa 10% da área total consumida durante o ano até o momento. Este número apresenta uma significativa queda de 86% em comparação a março de 2024, que teve 674,9 mil hectares a menos queimados.
A vegetação nativa respondeu por 68,6% da área queimada em março, sendo as formações campestres as mais afetadas, com 37% do total. Nas áreas agropecuárias, os cultivos agrícolas foram responsáveis por 12,8% da área queimada.
As informações do primeiro trimestre de 2025 refletem a sazonalidade climática nos biomas brasileiros, onde a temporada chuvosa em muitos biomas leva a uma redução geral das áreas queimadas. No entanto, o Cerrado apresentou um aumento na área queimada, em comparação a anos anteriores, evidenciando a necessidade de desenvolver estratégias específicas para a prevenção e combate ao fogo em cada bioma, conforme Vera Arruda, pesquisadora do IPAM e do MapBiomas Fogo.

A Amazônia foi responsável por 51% da área queimada em março, totalizando 55,1 mil hectares, enquanto o Cerrado representou 37,8 mil hectares. Os estados de Roraima (37,3 mil ha), Minas Gerais (10,5 mil ha) e Pará (9 mil ha) foram os principais estados com incêndios durante o mês. Entre os municípios, Normandia (RR), Pacaraima (RR) e Mateiros (TO) foram os que tiveram as maiores áreas queimadas, com 10,5 mil, 6,9 mil e 5,9 mil hectares, respectivamente.
Embora a redução significativa da área queimada na Amazônia seja uma notícia positiva, Ane Alencar, Diretora de Ciência do Ipam e coordenadora do Mapbiomas Fogo, alerta que a estação seca de 2025 que se aproxima pode ser severa, o que poderia revertê-la.
Dados por bioma – janeiro a março de 2025
- Amazônia: 774 mil hectares queimados no trimestre — uma redução de 72% em relação ao mesmo período de 2024. A formação campestre foi a mais impactada, com aproximadamente 360 mil hectares queimados, superando a área de pastagem (121,4 mil ha).
- Cerrado: 91,7 mil hectares queimados, aumento de 12% em relação ao ano anterior. Este número é 106% superior à média histórica desde 2019.
- Pantanal: 10,9 mil hectares queimados — uma redução de 86% em relação a 2024, com 70,4 mil hectares a menos.
- Mata Atlântica: 18,8 mil hectares queimados, 82,5% da área voltada ao uso agropecuário.
- Caatinga: 10 mil hectares queimados, uma diminuição de 8% em relação ao período anterior.
- Pampa: 6,6 mil hectares queimados — um aumento extraordinário de 1.487% em relação ao primeiro trimestre de 2024, com 92% da área prejudicada em formações campestres.
Monitor do Fogo
O Monitor do Fogo realiza um mapeamento mensal das áreas afetadas por queimadas no Brasil desde 2019, sendo atualizado de forma contínua. Utilizando mosaicos mensais de imagens multiespectrais do Sentinel 2 com uma resolução espacial de 10 metros e uma capacidade temporal de 5 dias, o Monitor do Fogo revela em tempo quase real a localização e extensão das áreas queimadas, favorecendo assim o registro da destruição causada pelo fogo.
Acesse o Monitor do Fogo para mais informações.
MapBiomas
MapBiomas é uma iniciativa que reúne universidades, organizações não governamentais e empresas de tecnologia com o objetivo de monitorar as mudanças na cobertura e uso da terra no Brasil, visando a conservação e manejo sustentável dos recursos naturais como uma forma de enfrentar as mudanças climáticas. Esta plataforma é considerada a base de dados espaciais mais abrangente, atualizada e detalhada sobre uso da terra em um país no mundo.
Todos os dados, mapas, métodos e códigos do MapBiomas são acessíveis de maneira pública e gratuita através do site da iniciativa: mapbiomas.org.
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