Bioeconomia pode acrescentar R$ 816 milhões ao PIB do Pará

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Bioeconomia pode elevar o PIB do Pará em R$ 816 milhões

Recentemente, um estudo inédito foi divulgado, evidenciando como a bioeconomia pode servir como um pilar crucial para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. A pesquisa, realizada pelo WRI Brasil e publicada na terça-feira, 25 de março de 2025, apresenta informações sobre o estado do Pará, que é o segundo maior estado dentro do bioma amazônico. O relatório revela que 13 cadeias produtivas da bioeconomia têm o potencial de aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) do estado em R$ 816 milhões, elevar a arrecadação fiscal em R$ 44 milhões e gerar cerca de 6,6 mil novos empregos, que, por sua vez, movimentariam R$ 135 milhões em salários.

Para que esses resultados se concretizem, um investimento de aproximadamente R$ 720 milhões é necessário. Conforme apontam os dados levantados na pesquisa, para cada R$ 1,00 aplicados na bioeconomia, há um retorno de R$ 1,13 no PIB, R$ 0,19 em massa salarial e R$ 0,06 em impostos indiretos. Analisando por setores, cada R$ 1,00 investido na produção de matérias-primas da bioeconomia gera R$ 1,14; na industrialização de produtos, o retorno é de R$ 1,27; enquanto na comercialização, o efeito multiplicador sobe para R$ 1,40 a cada real aplicado.

Além das previsões otimistas, os estudiosos destacam que esses recursos já podem estar disponíveis: foi identificado um montante entre R$ 1,7 bilhão e R$ 1,8 bilhão de recursos que estão sendo negociados, captados ou que têm potencial para captação para ações climáticas no estado do Pará, sendo que cerca de R$ 720 milhões podem ser alocados especificamente na bioeconomia.

bioeconomia na Amazônia
Foto: ‘Bioeconomia da Restauração na Amazônia’

“O estado do Pará possui uma estrutura institucional robusta e variados instrumentos financeiros que podem impulsionar a bioeconomia. A sinergia entre o Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio-PA), o Plano de Recuperação da Vegetação Nativa (PRVN-PA) e o Programa Territórios Sustentáveis (PTS) é fundamental para catalisar esse crescimento”, afirma Rafael Feltran-Barbieri, economista sênior do WRI Brasil.

Para mensurar os efeitos econômicos dos investimentos na bioeconomia no Pará, a equipe de pesquisadores utilizou uma Matriz de Insumo-Produto específica, que já havia sido aplicada no relatório sobre a Nova Economia da Amazônia. Essa matriz permite simular os impactos dos investimentos nas cadeias produtivas e na criação de empregos, além de outras funcionalidades.

O estudo intitulado Impactos econômicos de investimento em bioeconomia no Pará comprova o potencial da bioeconomia em fortalecer as economias locais sem comprometer os ecossistemas, reafirmando que existem alternativas concretas para estabelecer esse setor como uma opção viável ao modelo tradicional de exploração da Amazônia, frequentemente associado à concentração de riqueza e degradação ambiental.

Castanha-do-Brasil
Castanha-do-Brasil. Foto: Fred Rahal | Coopavam

A bioeconomia se configura como uma estratégia de desenvolvimento que baseia-se no uso sustentável dos recursos naturais, valorizando a floresta viva e fomentando cadeias produtivas relacionadas à sociobiodiversidade. A pesquisa analisou 13 produtos representativos da bioeconomia, incluindo açaí, castanha-do-pará, borracha de seringueira, mel de abelhas nativas e cupuaçu.

Os pesquisadores também identificaram desafios em relação à infraestrutura logística e à comercialização dos produtos das 13 cadeias associadas à bioeconomia. Estes obstáculos podem ser superados com incentivos à iniciativa privada e políticas públicas adequadas. Até o momento, ainda existe uma lacuna em um ambiente regulatório que se ajuste às cadeias produtivas da sociobiodiversidade, assim como os efeitos de projetos voltados para exportação, que podem prejudicar territórios e comunidades tradicionais.

O estudo destaca, além disso, que o fortalecimento da bioeconomia beneficiará populações indígenas, quilombolas, agricultores familiares e pequenos empreendedores urbanos, que vão encontrar finalmente novas oportunidades que enfrentam limitações históricas em relação ao acesso a recursos econômicos.

Açaí - bioeconomia na Amazônia
Açaí. Foto: ‘Bioeconomia da Restauração na Amazônia’

Os autores enfatizam a necessidade de implementação de políticas de incentivo, além de estruturas de rastreabilidade e acesso ao crédito para pequenos produtores. É fundamental que, após a definição de uma agenda de investimentos para potencializar a bioeconomia associada à sociobiodiversidade, haja um compromisso com a equidade na distribuição dos benefícios gerados por essas atividades nos diversos setores que ela abrange.

A realização da COP 30, que ocorrerá em Belém em 2025, reitera a relevância da bioeconomia como uma alternativa para o financiamento climático e para o desenvolvimento sustentável da região. Com a participação de lideranças globais e tomadores de decisão, espera-se que o evento traga novas oportunidades de investimento e consolide o Pará como um modelo referência em bioeconomia. Este evento representa uma chance valiosa de mostrar para o mundo as potencialidades e os desafios das economias baseadas nos biomas, deixando um legado significativo para as futuras gerações na busca pela realização do potencial da Amazônia.

Sobre o WRI Brasil

O WRI Brasil é um instituto de pesquisa comprometido em gerar transformações significativas. Atua no desenvolvimento de estudos e implementação de soluções, com o objetivo de garantir que as pessoas tenham acesso ao essencial para viver, proteger e restaurar a natureza, buscando o equilíbrio climático e a resiliência das comunidades. O instituto combina excelência técnica com articulação política, colaborando com governos, empresas, academia e sociedade civil.

Esse instituto é parte do World Resources Institute (WRI), fundado em 1982, e atualmente conta com cerca de 1.700 profissionais ao redor do planeta, com escritórios presentes no Brasil, China, Colômbia, Índia, Indonésia, México e Estados Unidos, além de escritórios regionais na África e na Europa.

Extração de látex da seringueira
Extração de látex da seringueira. Foto: Academia Amazônia Ensina

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