Atobá anilhado há 40 anos é encontrado em Búzios, estabelecendo recorde mundial
Um atobá-pardo (Sula leucogaster), identificado com uma anilha desde 1984, foi recentemente localizado em Búzios, representando o registro mais antigo conhecido dessa espécie ainda viva em todo o mundo. A ave foi resgatada por Gaspar Neto, um biólogo local, enquanto ele pescava de caiaque entre as praias de Tucuns e Geribá. Durante a pescaria, o atobá se enroscou na linha de pesca, permitindo que Gaspar identificasse uma anilha metálica presa à perna do animal.
O código da anilha foi encaminhado ao Centro de Manejo de Aves Marinhas (CEMAV), que verificou que a marcação havia sido realizada há quarenta anos no arquipélago dos Currais, no estado do Paraná, pela equipe do ornitólogo Pedro Schrer. Desde a marcação original, o atobá percorreu uma distância de aproximadamente 800 quilômetros até ser reencontrado na costa do Rio de Janeiro. Pesquisadores indicam que não há outros registros conhecidos de um atobá-pardo com idade comparável.
A descoberta, confirmada por especialistas, destaca a importância das práticas de monitoramento ambiental e o envolvimento da população na conservação da fauna silvestre. Segundo Gaspar Neto, “Búzios também é rota da vida selvagem”, expressão que reflete o papel relevante da região na preservação e no trânsito de espécies selvagens. Gaspar mantém um perfil nas redes sociais, dedicado à divulgação científica, onde compartilha suas experiências e descobertas.
O avistamento deste atobá-pardo de quatro décadas traz novo entendimento sobre a longevidade da espécie e revela a eficiência dos esforços de conservação que vêm sendo realizados ao longo dos anos. Além disso, reforça a importância dos programas de anilhamento de aves, que possibilitam o rastreamento e o estudo do comportamento dessas espécies ao longo do tempo.
As ações de monitoramento de aves ganham valor significativo quando casos como este são identificados, pois fornecem dados fundamentais para a ciência e a conservação ambiental. Elas possibilitam não apenas o estudo de padrões migratórios e hábitos alimentares, mas também oferecem insights sobre a expectativa de vida e a adaptabilidade das aves frente às mudanças ambientais.
Em um contexto de crescente atividade humana e urbanização das zonas costeiras, o resgate e a pesquisa de espécies selvagens se tornam ainda mais essenciais. A continuidade desses programas e a conscientização da população sobre a importância da conservação são cruciais para garantir que espécies como o atobá-pardo continuem a prosperar nas regiões costeiras brasileiras.
A redescoberta do atobá-pardo em Búzios exemplifica não apenas a resiliência da natureza, mas também a capacidade de mobilização e interesse da comunidade local em proteger e valorizar o seu patrimônio natural. Eventos como este servem de inspiração para ampliar o envolvimento da sociedade na proteção dos ricos ecossistemas marinhos e terrestres do Brasil, assegurando que gerações futuras possam igualmente testemunhar a maravilha e diversidade de sua vida selvagem.