A prisão de médico por maus-tratos a animais gera repercussão em Araruama
O cardiologista Walter Rau da Silva Vieira foi preso na terça-feira (29) em Arraial do Cabo, após ser flagrado em condições precárias de manutenção de animais, especificamente cães e gatos, em sua residência. Com o escândalo envolvido em seu nome, a Secretaria Municipal de Saúde de Araruama, onde ele prestava serviços, tomou conhecimento do ocorrido e revelou que Walter está associado ao programa federal Mais Médicos. A secretaria ressaltou que já estabeleceu contato com o Ministério da Saúde para que sejam tomadas as devidas providências em relação ao médico.
Walter foi integrado ao programa em 2021, sendo alocado no Posto de Saúde localizado no Sobradinho, um dos distritos de Araruama. O Mais Médicos é um programa destinado a encaminhar profissionais de saúde para regiões onde suas necessidades são mais evidentes, sendo a seleção e a gestão dos profissionais uma responsabilidade direta do governo federal.
Em comunicado oficial, a Secretaria de Saúde de Araruama expressou sua expectativa em receber um retorno formal do Ministério da Saúde, de forma a agilizar a adoção das medidas necessárias diante do fato ocorrido.
No momento da detenção, Walter estava em sua residência, prestes a se deslocar para o trabalho. Durante a ação realizada pela Polícia Civil, foram encontrados animais mortos armazenados em um freezer, enquanto outros estavam sob condições alarmantes, manifestando sinais de abandono severo e insalubridade, evidenciados pela presença de fezes, restos de alimentos deteriorados e um forte odor de decomposição. Ao todo, foram resgatados vivos onze animais, sendo sete cães e quatro gatos, que foram encaminhados para receber cuidados veterinários adequados.
As investigações sobre o incidente estão sob a responsabilidade da 132ª Delegacia de Polícia de Arraial do Cabo. A operação, intitulada Liberandum, está sendo realizada em colaboração com a Secretaria Municipal do Ambiente e Saneamento (SEMAS), o Grupo de Operações de Proteção ao Meio Ambiente (GOPAM), o Programa Emergencial de Segurança (PROEIS) e a Secretaria de Segurança Pública. O local onde os fatos ocorreram permanece fechado, aguardando a conclusão da perícia técnica.
Walter Rau da Silva Vieira continua preso e responderá pelas suas ações no âmbito do crime de maus-tratos a animais, em conformidade com o parágrafo 1º-A do artigo 32 da Lei nº 9.605, datada de 1998. A pena prevista para esse tipo de crime varia de dois a cinco anos de reclusão, além da possibilidade de aplicação de multa e a restrição de sua capacidade de guarda de animais.
Até o momento, o Ministério da Saúde não se manifestou oficialmente em relação ao caso envolvendo o médico.
Com a prisão do cardiologista, a situação gerou um debate acalorado na comunidade sobre a responsabilidade dos profissionais de saúde em relação ao tratamento e cuidado com os animais, além da necessidade de uma avaliação criteriosa dos vínculos estabelecidos com programas voltados para saúde em regiões com carência de serviços médicos.
As repercussões sobre o caso não se restringem a Araruama, uma vez que a atuação de profissionais da saúde e a proteção dos direitos dos animais são temas de grande relevância em diversas localidades do país. A expectativa é que este caso sirva de alerta quanto à fiscalização e à prevenção de incidentes semelhantes no futuro, promovendo um ambiente mais seguro tanto para os cidadãos quanto para os animais que habitam essas comunidades.
Além disso, o desfecho das investigações e as medidas adotadas pelo Ministério da Saúde e as autoridades locais poderão servir como base para o estabelecimento de diretrizes mais rigorosas no que se refere à atuação de médicos e demais profissionais envolvidos em programas de saúde, garantindo que o respeito e a proteção aos direitos dos animais sejam respeitados em todas as instâncias.
O que se espera agora é uma ação rápida e efetiva por parte das autoridades competentes, tanto para lidar com os desdobramentos legais da prisão de Walter quanto para assegurar que os resgates dos animais afetados sejam tratados com a seriedade que a situação requer.
Enquanto isso, a comunidade local aguarda informações adicionais sobre o andamento das investigações e as ações que serão tomadas para evitar que casos semelhantes de maus-tratos a animais venham a ocorrer novamente.
