Estudante desenvolve máquina inovadora para remoção de microplásticos do solo
“A cada ano, consumimos a equivalente a um cartão de crédito em microplásticos”, destaca o estudante João Miguel Sastre, que conquistou o primeiro lugar na categoria Ciências Agrárias na 6ª FeNaDANTE, uma feira científica realizada no Colégio Dante Alighieri. Os microplásticos e nanoplásticos referem-se a fragmentos minúsculos de plástico, com tamanhos que variam de 0,1 a 5000 μm e de 1 a 100 μm, respectivamente. Esses resíduos estão cada vez mais presentes nos organismos humanos, além de poluírem o meio ambiente. Um estudo da Universidade Kyushu, no Japão, revela que apenas nas camadas superficiais dos oceanos existem cerca de 24,4 trilhões desses pequenos fragmentos.
Com a intenção de contribuir para a mitigação desse problema alarmante, João Miguel projetou uma solução inovadora para a feira. Este jovem de 17 anos, que está no terceiro ano do ensino médio, fez uso de um gerador Van de Graaff, que converte energia mecânica em energia eletrostática. Em seguida, ele conectou um fio condutor a uma placa metálica, que, com a eletricidade gerada, atrai o microplástico presente na amostra de solo, funcionando como um ímã.
Os testes iniciais mostraram que o dispositivo tem uma eficácia de até 20% na remoção de microplásticos. Após repetir o procedimento três vezes, João conseguiu remover impressionantes 50% dos resíduos presentes na amostra de solo. Ele percebeu que, para maximizar a remoção dos poluentes, o processo precisa ser repetido de forma cíclica.
Intitulado como RECIPLA – Removedor Cíclico de Microplásticos, o projeto de João conquistou o primeiro lugar na seção de Ciências Agrárias da FeNaDANTE. O professor Wayner Klen, doutor em física e mentor do aluno, destacou que o desenvolvimento do projeto exigiu um esforço extra, além do que é tradicionalmente ensinado no ensino médio. “Ele demonstrou um elevado nível de autonomia, tanto na leitura de artigos científicos quanto na realização das análises estatísticas necessárias”, afirmou o professor, expressando orgulho pelo trabalho do aluno.
“Ele sempre foi um aluno excepcional e mostrou disposição para superar as expectativas durante todo o desenvolvimento do projeto. Se eu tivesse que descrever sua trajetória em duas palavras, diria consistência e dedicação”, comentou o orientador, que não esconde a satisfação com o desempenho do estudante.
Combate à poluição plástica
A 6ª edição da FeNaDANTE foi marcada pela participação de estudantes entre 14 e 17 anos, tendo como finalidade promover e premiar projetos de iniciação científica elaborados por alunos do 9º ano do Ensino Fundamental até a 3ª série do Ensino Médio. As pesquisas foram organizadas em oito diferentes áreas do conhecimento, sempre priorizando a temática ambiental.
Entre as iniciativas mais notáveis, surgiram projetos focados na regeneração de solo e oceanos, desenvolvimento de agrotóxicos a partir de resíduos alimentares, além da reciclagem de bitucas de cigarro. Algumas dessas pesquisas já avançaram para protótipos e resultados concretos.
Além do dispositivo concebido para a remoção de microplásticos, um outro projeto, também bastante avançado, foi elaborado por alunos de uma escola pública de Sergipe. Os estudantes do Centro de Excelência Atheneu Sergipense decidiram abordar a questão das esponjas de cozinha, que são compostas por plásticos que se desgastam e são descarregadas pelo ralo. Eles desenvolveram uma alternativa sustentável utilizando fibra de coco.
Os alunos afirmam que o “objetivo central é conscientizar a população sobre a gestão adequada dos resíduos plásticos e incentivar práticas de consumo e produção sustentáveis”. As esponjas criadas pelo grupo são descritas como “duráveis, anatômicas e práticas”. Testes feitos em parceria com os funcionários da cozinha da escola mostraram resultados positivos.
Um grupo de alunas do Instituto Jesus Eucarístico, no Rio de Janeiro, decidiu abordar o tema dos microplásticos sob uma perspectiva cultural. As jovens ofereceram oficinas e palestras sobre sustentabilidade, primeiramente no seu próprio instituto e, posteriormente, em outras escolas públicas no bairro do Irajá. Esta iniciativa visa reverter os danos causados à natureza pela ação humana.
Os tópicos discutidos nas formações incluíram reciclagem, reutilização, descarte correto do lixo plástico e o cultivo de hortas urbanas. Segundo as alunas, os cursos foram elaborados com materiais de baixo custo, possibilitando a criação de opções viáveis de educação ambiental em diferentes contextos sociais.
Muitos dos projetos apresentados foram alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030, abordando temas como consumo e produção sustentáveis, ações contra mudanças climáticas e preservação da vida aquática. A feira, que acontece a cada edição, se tornou um importante ponto de inovação e tecnologia, premiando pesquisas que impactam positivamente as comunidades em que estão inseridas.
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