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A preservação dos mares deve ser prioridade na COP30

tartaruga recife corais

Conferência dos Oceanos em Nice: Rumo às Discussões Climáticas da COP30

Antes de a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas ocupar o centro das atenções em Belém no próximo novembro, a Conferência dos Oceanos em Nice, França, prevista para junho, promete antecipar rumos significativos para as negociações climáticas. Este evento se dedicará primariamente a explorar as interações entre os oceanos e as mudanças globais no clima.

Durante a Conferência “Contribuições para a COP30: Nexo Oceano, Biodiversidade e Clima”, realizada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) em abril, David Obura, presidente da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), destacou a importância de integrar diversos princípios de convenções para trabalharem conjuntamente. Obura, que assumiu a liderança da IPBES em setembro de 2023, também fundou a Cordio East Africa, uma organização queniana dedicada à preservação dos corais.

Impacto dos Oceanos na Agenda Climática

Obura compartilhou que, embora tenha conduzido a maioria de suas pesquisas na costa oriental da África, ele identifica semelhanças nas preocupações relacionadas aos oceanos enfrentadas tanto pelos países africanos quanto pelo Brasil. Esses desafios incluem a interação entre as comunidades locais e a natureza, bem como a promoção da sustentabilidade e dos serviços ecossistêmicos.

Um marco relevante foi alcançado na COP26 em Glasgow, Escócia, em 2021, quando os oceanos foram incorporados de forma mais proeminente nas discussões climáticas. Pela primeira vez, foi acordado que as negociações sobre o clima precisariam contemplar como os oceanos se interrelacionam com cada segmento da agenda climática global.

Além das preocupações climáticas, as mudanças no clima estão diretamente ligadas à redução da biodiversidade global, enquanto o papel central da natureza na mitigação e adaptação climáticas é cada vez mais evidente.

Ameaça aos Corais: Um Indício Alarmente

Através da IPBES, fundada em 2012, contribuições importantes foram realizadas tanto no mapeamento da biodiversidade quanto na proposta de soluções. Obura destacou os corais como uma espécie emblemática, ilustrando a conservação oceânica e ajudando o público a reconhecer os riscos enfrentados por essa biodiversidade submersa.

Os corais são frequentemente utilizados para explicar os assim chamados “pontos de não retorno”, que referem-se a mudanças ambientais críticas que demandam intervenção antes de se tornarem irreversíveis. Obura enfatizou a importância de comunicar efetivamente esses riscos a líderes e ao público.

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, um aumento de temperatura entre 1,5°C a 2°C pode resultar na perda drástica de corais entre 70% a 90%, podendo alcançar até 99% se o aquecimento atingir 2°C.

Necessidade de Ações Urgentes

Obura alerta que ações decisivas são necessárias neste ano para combater essas ameaças, e não daqui a uma década. Além disso, durante a discussão que se seguiu à apresentação, foi destacado pelo físico Paulo Artaxo, membro da coordenação do Programa de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais da FAPESP, que o cenário atual projeta um incremento de 4°C a 4,5°C na temperatura global até o fim do século.

A conferência também contou com a participação de Beatrice Padovani Ferreira da Universidade Federal de Pernambuco, e Regina Rodrigues da Universidade Federal de Santa Catarina, com mediação de Sabine Righetti da FAPESP. A abertura do evento foi conduzida pelo diretor científico da FAPESP, Marcio de Castro.

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