Presença de microplásticos pode contribuir para partos prematuros
Os microplásticos estão amplamente difundidos pelo planeta e inclusive dentro do corpo humano. Pesquisadores já identificaram essas minúsculas partículas em diversas amostras, como gelo polar, águas pluviais, no solo e em alimentos. Estes microplásticos podem ser encontrados até mesmo no sangue e em órgãos humanos, incluindo a placenta de gestantes. No entanto, o efeito dessa presença no organismo ainda está sob investigação. Um estudo recente apontou uma possível ligação entre a acumulação de microplásticos na placenta e partos prematuros entre mulheres grávidas.
No estudo, que foi apresentado na reunião anual da Sociedade de Medicina Materno-Fetal dos EUA, os cientistas examinaram 175 placentas, classificadas em gestações a termo (41 semanas) e prematuras (com menos de 37 semanas). Para isso, foram analisados os níveis de 12 tipos diferentes de microplásticos e nanoplásticos, incluindo polietileno (PE), cloreto de polivinila (PVC), poliuretano (PU) e tereftalato de polietileno (PET), com o uso de espectrometria de massa de alta sensibilidade.

Os resultados obtidos indicaram que as placentas de gestações prematuras apresentavam concentrações significativamente elevadas de policarbonato (PC), PVC e nylon 66 (N66), comparadas às placentas de gestações a termo. Esses achados sugerem que, apesar de uma duração gestacional mais curta, as placentas analisadas, em situações de partos prematuros, já apresentavam acúmulo de microplásticos desde o início da gestação.
“Ficamos surpresos ao descobrir que as mulheres que tiveram partos prematuros apresentavam concentrações mais elevadas de microplásticos”, apontou o Dr. Enrico Barrozo, que liderou o estudo e é professor assistente no Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Baylor College of Medicine, além de atuar no Texas Children’s Hospital em Houston.
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A equipe de pesquisa observou que os níveis de microplásticos nas placentas analisadas eram quase 122 vezes superiores à quantidade previamente detectada no sangue humano.
“Os dados obtidos sugerem que a acumulação desses plásticos pode estar associada ao risco de partos prematuros”, comentou o Dr. Kjersti Aagaard, autor principal do estudo e diretor médico na Divisão da Costa do Golfo, também atuando na medicina materno-fetal do HCA Healthcare e como professor pesquisador no Hospital Infantil de Boston. “Este estudo, em conjunto com outras investigações recentes, acrescenta evidências relevantes sobre os riscos associados à exposição a plásticos para a saúde humana.”

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Além da possível conexão entre microplásticos e partos prematuros, outro estudo divulgado em 2024 indicou que um em cada dez partos prematuros nos Estados Unidos pode estar relacionado à exposição dos pais a ftalatos, produtos químicos comuns na fabricação de plásticos que os tornam mais flexíveis.
Impactos revelados
À medida que a poluição por microplásticos é evidenciada por pesquisas em diversas áreas, especialistas estão investigando mais a fundo as consequências que esse resíduo traz para a saúde, com especial atenção ao acúmulo em organismos humanos e de outras espécies. Um estudo recente revelou que microplásticos ingeridos por roedores estavam obstruindo vasos sanguíneos e prejudicando o fluxo sanguíneo no cérebro desses animais. Embora os autores do estudo tenham destacado que os cérebros humanos e dos roedores apresentam diferenças fundamentais, gerando convicções quanto à aplicação dos resultados, a equipe levantou preocupações sobre os possíveis efeitos dos microplásticos em nossos cérebros.

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Enquanto os cientistas continuam a descobrir a presença de microplásticos em órgãos humanos e estudam os efeitos dessa contaminação, é urgente que se tome ações para diminuir a poluição plástica no nosso planeta. Isso implica na redução, em especial, da fabricação e do consumo de produtos plásticos descartáveis no cotidiano, além de exigir que empresas e governos implementem medidas efetivas para mitigar a presença desse material nocivo.
Adicionalmente, existem formas de reduzir a exposição ao microplástico, como evitar o aquecimento de alimentos em recipientes plásticos no micro-ondas, filtrar a água potável, restringir o consumo de frutos do mar e evitar plásticos que contenham ftalatos.

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A presença significativa de microplásticos no organismo humano é uma preocupação crescente, e as evidências estão se acumulando. É essencial que a sociedade tome medidas concretas para enfrentar este problema de saúde pública, reduzindo a contaminação e promovendo práticas conscientes no consumo e descarte de plásticos.
Esta notícia integra a pauta de discussão na luta pela conservação ambiental e pela saúde coletiva, destacando a importância da pesquisa científica na compreensão dos desafios que a poluição plástica impõe ao meio ambiente e à saúde humana.
Para mais detalhes, acesse a fonte: CicloVivo.