A maior parte da população global inhale ar contaminado, revela relatório

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Maior Parte da População Mundial Respira Ar Poluído, Afirma Relatório

A poluição do ar emerge como uma das preocupações ambientais mais significativas para a saúde da população global. De acordo com o 7º Relatório Anual de Qualidade do Ar Mundial, publicado pela IQAir, apenas 17% das cidades ao redor do mundo estão dentro das diretrizes de qualidade do ar estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A IQAir, que é um banco de dados focado na monitorização da qualidade do ar, obteve dados de mais de 40 mil estações em 8.954 lugares, abrangendo um total de 138 países, regiões e territórios. O relatório revela que 126 nações, o que representa 91,3%, superaram os níveis de referência anuais de poluição do ar.

Céu alaranjado devido à poluição do ar
Em setembro de 2024, Praça do Pôr do Sol mostra céu alaranjado devido a poluição do ar. | Foto: Paulo Pinto | Agência Brasil

O estudo indica que os países que enfrentaram os maiores índices de poluição em 2024 foram Chade, Congo, Bangladesh, Paquistão e Índia. O dado mais alarmante refere-se à cidade industrial de Byrnihat, na Índia, que registrou uma concentração média anual de PM2,5 de 128,2 µg/m³. Além disso, a Índia abriga seis das nove cidades mais poluídas do mundo.

No Brasil, a IQAir ganhou destaque em setembro de 2024, quando São Paulo foi classificada como a cidade com a pior qualidade do ar do mundo durante cinco dias consecutivos. O relatório recente aponta que os incêndios florestais na Amazônia geraram impactos severos na qualidade do ar em amplas áreas da América Latina, sendo que os níveis de PM2,5 em algumas cidades dos estados de Rondônia e Acre aumentaram quatro vezes em setembro.

Exemplos Positivos da Qualidade do Ar

Enquanto alguns locais se destacam negativamente, outros conseguiram resultados positivos. Austrália, Bahamas, Barbados, Estônia, Granada, Islândia e Nova Zelândia estão entre os países que alcançaram as médias anuais de PM2,5 recomendadas pela OMS. Em Porto Rico, a cidade de Mayaguez foi considerada a área metropolitana mais limpa em 2024, com uma concentração média anual de PM2,5 de apenas 1,1 µg/m³. A Oceania, com 57% de suas cidades dentro das recomendações da OMS, é reconhecida como a região mais limpa do mundo.

Necessidade de Monitoramento

Apesar dos dados alarmantes, a real extensão da poluição do ar pode ser ainda mais grave. O relatório destaca a falta de dados sobre monitoramento da qualidade do ar em tempo real e acessível à população em várias regiões, como na África, onde há uma estação para cada 3,7 milhões de pessoas. A IQAir observa que, embora o monitoramento da qualidade do ar tenha avançado em diversas regiões no último ano, existem falhas significativas nos sistemas regulatórios geridos pelos governos.

Defensores de uma maior conscientização sobre a qualidade do ar apontam que monitores de baixo custo, utilizados por pesquisadores e organizações locais, têm se mostrado eficazes para superar as lacunas dos dados disponíveis.

Efeitos da poluição na saúde
A poluição afeta todos os órgãos do corpo humano. | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

“A poluição do ar permanece como uma ameaça crítica à saúde humana e a estabilidade ambiental, mas grandes populações continuam sem compreender os níveis de exposição que enfrentam,” afirma Frank Hammes, CEO global da IQAir. “Informações sobre a qualidade do ar são vitais. Elas contribuem para a conscientização, fundamentam decisões políticas, orientam ações de saúde pública e capacitariam comunidades a agirem para mitigar a poluição e proteger o futuro,” completa.

Aidan Farrow, Cientista Sênior de Qualidade do Ar da Greenpeace International, acrescenta: “O Relatório Mundial da Qualidade do Ar é um apelo urgente para que esforços internacionais sejam realizados para cortar emissões de poluentes. Ressalta também o impacto desproporcional que a poluição do ar impõe aos jovens, lembrando-nos de que a inação poderá afetar gerações futuras.” Farrow também enfatiza que atividades humanas, como a queima de carvão e o desmatamento, estão fortemente ligadas à qualidade do ar e às mudanças climáticas, afetando diretamente o mundo que deixaremos para as próximas gerações.

Diretrizes da OMS

As recomendações mais recentes da OMS estabelecem que o limite anual para a concentração de PM2,5 deve ser de 5 µg/m³. Essa poluição é uma mistura de partículas sólidas e líquidas que podem permanecer suspensas no ar. De acordo com a OMS, o PM2,5 tem a capacidade de penetrar profundamente nos pulmões e até mesmo entrar na corrente sanguínea, provocando problemas cardiovasculares, respiratórios e até mesmo cerebrovasculares. O pior é que dados alarmantes da OMS indicam que cerca de 99% da população mundial respira ar que ultrapassa esses limites de qualidade.

Ações Governamentais Necessárias

Embora cada indivíduo possa adotar medidas, como utilizar purificadores de ar em casa, esses esforços são insuficientes para resolver o problema sistêmico. A OMS sugere várias ações que os governos devem considerar para melhorar a qualidade do ar, incluindo: a adoção de padrões nacionais de qualidade do ar conforme as diretrizes da OMS, monitoramento da qualidade do ar e identificação das fontes de poluição, apoio à transição para o uso de energia limpa, desenvolvimento de sistemas de transporte público acessíveis, implementação de critérios rigorosos para emissões de veículos e gestão adequada de resíduos.

Iniciativas para resfriar as cidades
Foto: Marius Karotkis | Unsplash

Estudos demonstram que países com maior renda apresentam menos poluição por partículas, mas mesmo assim muitas cidades enfrentam problemas com a concentração de dióxido de nitrogênio.

O post Maior parte da população mundial respira ar poluído, diz relatório está disponível no site CicloVivo.

Fonte: Guia Região dos Lagos

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