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Presença de Agrotóxicos em Frutas: Abacaxi e Laranja em Foco
No ano de 2023, o abacaxi e a laranja destacaram-se como as culturas com o maior número de amostras que apresentaram risco agudo, conforme os dados do ‘Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para)’, elaborado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os resultados do programa foram divulgados no final do ano passado.
Esse programa foi desenvolvido para avaliar a presença de resíduos de agrotóxicos nos alimentos e o potencial risco que esses resíduos representam à saúde humana. As amostras coletadas nos supermercados de todas as regiões do Brasil são analisadas em laboratórios especializados que aplicam métodos científicos reconhecidos mundialmente.
Os dados mais relevantes do relatório consideram tanto o risco agudo quanto o risco crônico que os resíduos de agrotóxicos presentes nos alimentos podem oferecer à saúde da população. O risco agudo refere-se aos danos que o consumo dos alimentos pode causar à saúde em um curto espaço de tempo, como em uma refeição ou em um único dia. Já o risco crônico diz respeito ao consumo prolongado e diário de diversos alimentos que contêm esses resíduos, levando em consideração o perfil de consumo da população brasileira.
Uma dissertação de mestrado defendida por Kelly Cristina Magnani, especialista do Laboratório de Processos Químicos e Tecnologia de Partículas do IPT, estudou a presença de dois agrotóxicos em amostras de laranjas e sucos de laranja, apresentando resultados significativos em 2024.
A pesquisa focou na identificação de múltiplos resíduos de pesticidas em frutas cítricas, utilizando técnicas cromatográficas. Um dos compostos detectados foi o Dicofol, um substância organoclorada utilizada no combate a ácaros e insetos, atualmente proibida pela Anvisa e classificada como Poluente Orgânico Persistente (POP) na Convenção de Estocolmo.
O Brasil se destaca como o maior produtor de laranja do mundo, sendo responsável por mais de 25% da exportação in natura e cerca de 75% da exportação global de suco de laranja. Em 2021, a produção brasileira alcançou 16.214.982 toneladas, com São Paulo liderando como o principal estado produtivo dessa fruta.
Segundo Magnani, “Devido à sua posição crucial na cadeia agroindustrial, a segurança alimentar é um aspecto essencial para o Brasil, visando garantir a sustentabilidade produtiva, a competitividade no mercado e a qualidade na produção”.
Para a pesquisa, foram coletadas doze amostras da variedade laranja pera (conhecida também como pera Rio ou apenas pera) em feiras livres, sítios e supermercados do estado de São Paulo, além de nove amostras de suco de laranja integral disponíveis no comércio.
Os testes foram conduzidos nos Laboratórios de Processos Químicos e Tecnologia de Partículas, Biotecnologia Industrial e Química e Manufaturados do IPT. Durante a preparação das amostras, foram realizados estudos comparativos dos métodos para avaliar a eficiência na extração dos agrotóxicos e determinar qual método era mais adequado para identificar o ingrediente ativo, considerando o efeito da matriz sobre o sinal do equipamento.
A análise realizada por Magnani revelou a presença de Dicofol em cinco amostras de suco de laranja, incluindo uma amostra de suco orgânico certificado. Outro pesticida detectado, o Clorpirifós, encontra-se em reavaliação pela Anvisa e outras autoridades internacionais, como as do Canadá e da Austrália. Nos Estados Unidos, sua comercialização foi proibida em 2022 devido a preocupações relacionadas à sua toxicidade, como mutagenicidade e efeitos adversos no desenvolvimento, especialmente no que diz respeito à neurotoxicidade, conforme evidenciado em estudos recentes.
Para mais informações sobre este estudo, acesse a pesquisa aqui e confira a notícia da Anvisa aqui.
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