O que os prefeitos podem fazer em prol do meio ambiente?

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Impacto das Eleições Municipais na Sustentabilidade Brasileira

Horta Sesc Paulista, horta urbana que promove práticas de jardinagem no centro da cidade
Foto: Brenda Amaral

Com a aproximação do próximo domingo, dia 27, 51 municípios do Brasil, incluindo 15 capitais, se preparam para o segundo turno das eleições. A definição dos novos prefeitos, que governarão as cidades pelos próximos quatro anos, pode trazer consequências consideráveis para a agenda ambiental no país. Especialistas afirmam que as administrações municipais têm um papel crucial na coordenação de questões ambientais e podem atuar para promover a sustentabilidade e a resiliência urbana diante das mudanças climáticas.

É fundamental que a população esteja atenta aos projetos que envolvem a gestão ambiental nas políticas municipais. Segundo Carlos Eduardo Young, integrante da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, “embora a discussão sobre o meio ambiente costume ter uma abordagem global, os problemas efetivamente se apresentam em nível local, e a responsabilidade pela gestão dessas questões recai diretamente sobre as prefeituras.” Ele destaca que o papel dos prefeitos e vereadores é essencial tanto na prevenção de problemas urbanos relacionados ao meio ambiente quanto na preparação para mitigar problemas que possam ser exacerbados pelas mudanças climáticas.

Cidades costeiras, áreas urbanas que enfrentam desafios relacionados ao clima
A maioria das ações de adaptação globalmente revela-se insuficiente em profundidade, escopo e celeridade. | Foto: Gustavo Nacht | Unsplash

As responsabilidades dos prefeitos abrangem a criação e preservação de áreas verdes, manutenção de parques, gestão do lixo, diminuição da emissão de gases de efeito estufa, além de garantir a segurança hídrica e a eficiência na drenagem urbana. Para a eletricidade que deverá ser implantada na próxima gestão, é imperativo que os eleitores considerem as propostas que abordam essas temáticas consideradas vitais.

Rachel Biderman, também membro da RECN e vice-presidente sênior da Conservação Internacional, ressalta que é importante ouvir atentamente os planos dos candidatos a respeito de questões ambientais. “Entre os muitos temas discutidos durante uma campanha, os assuntos ambientais não podem ser deixados de lado. Precisamos de administradores comprometidos”, afirma.

Soluções baseadas na natureza para cidades mais resilientes
Soluções baseadas na natureza podem resultar em cidades mais seguras e salutares. Foto: Srirath Somsawat

Young ressalta a importância de avaliar se as propostas dos candidatos levam a sério as questões ambientais antes de votar. “Muitos postulantes se dizem apoiadores do meio ambiente, enquanto suas ações muitas vezes se mostram inconsistentes com essas afirmações”, observa. Ele sugere que é essencial verificar se os candidatos têm planos para reduzir emissões de gases e providenciar a preparação das cidades diante de desastres naturais que ocorrerão com maior frequência devido às mudanças climáticas.

Supõe-se que um bom entendimento das propostas dos candidatos deve direcionar a análise de algumas questões-chave:

Preservação de áreas verdes

Espaços verdes dentro de áreas urbanas
Foto: David Mark | Pixabay

Por conta da escassez de áreas verdes em grande parte das cidades do Brasil, Biderman aconselha um foco especial em parques e jardins, que são cruciais para elevar a qualidade de vida urbana. “As áreas verdes têm a função de absorver poluentes e reter água, além de proporcionar um ambiente relaxante para os urbanitas. Muitos destes espaços encontram-se degradados. Assim, é vital saber se os candidatos pretendem alocar recursos para a recuperação desses locais e realizar mutirões junto à sociedade civil”, argumenta.

Controle sobre veículos

Trânsito intenso em São Paulo, evidenciando o desafio do transporte urbano
Foto: Victor Sanchez Berruezo | Unsplash

O excesso de veículos nas grandes cidades é um fator crítico que demandará novas políticas públicas, segundo Young. “É preciso considerar estratégias como restringir áreas de estacionamento e atualizar as tarifas em áreas específicas. Embora essas abordagens possam não ser populares, elas são imprescindíveis. O candidato que defende o meio ambiente não pode, ao mesmo tempo, promover o aumento do número de veículos nas ruas”, argumenta.

Transporte público eficiente

Ônibus elétricos em Curitiba, uma alternativa sustentável de transporte
Foto: Divulgação

Rachel Biderman também destaca a necessidade de assegurar a manutenção adequada dos veículos do transporte público e fomentar o uso de energias renováveis. “Os prefeitos e vereadores devem promover legislação que permita o uso de opções menos poluentes. Atualmente, existem muitas alternativas que podem ser incentivadas pela administração pública”, pondera.

Licitações voltadas à sustentabilidade

Um município que possui uma gestão financeiramente robusta possui maior capacidade de impactar a economia local e regional. Biderman revela que, ao implementar processos licitatórios sustentáveis, as prefeituras podem adquirir produtos e serviços que respeitem o meio ambiente, influenciando positivamente cadeias produtivas sustentáveis. “Isso pode incluir, por exemplo, a contratação de serviços de energia renovável ou a instalação de equipamentos menos poluentes, promovendo, dessa forma, uma melhoria da qualidade ambiental”, complementa.

Drenagem hídrica eficiente

Jardim de chuva no Rio de Janeiro, uma solução verde para drenagem urbana
Jardim de chuva no Rio de Janeiro. Foto: Luiz Franco

Cidades que investem em infraestrutura urbana adaptativa garantem o escoamento adequado das águas pluviais, utilizando soluções como calçadas permeáveis, telhados verdes e ampliação das áreas verdes. “Essas práticas aumentam a capacidade de absorção e drenagem da água, reduzindo entupimentos nos sistemas de drenagem. Municípios com maior quantidade de parques e sistemas de captação hídricos estão mais bem preparados para enfrentar as chuvas intensas, consequência das mudanças climáticas”, explica Biderman.

Calor urbano extremo

Cenário de calor extremo durante incêndios na Grécia
Bombeiro recebe atendimento de equipe da Cruz Vermelha durante combate a incêndios na Grécia. Foto: Cruz Vermelha | Grécia

Cidades com grande quantidade de concreto e asfalto tendem a registrar temperaturas mais elevadas, o que aumenta a demanda por climatização e agrava a formação de zonas de calor. Essas condições extremas podem trazer repercussões severas para a saúde. “Em várias localidades, temperaturas que ultrapassam os 50 graus têm ocasionado fatalidades, uma vez que o corpo humano não suporta temperaturas superiores a 34 graus. A redução das ilhas de calor é fundamental para melhorar o bem-estar urbano”, enfatiza Biderman.

Qualidade da água

Água corrente e seu acesso em áreas urbanas
Foto: Karolina Grabowska | Pixabay

Embora o tratamento e a distribuição de água sejam responsabilidades majoritariamente estaduais, os municípios também desempenham um papel relevante. Biderman acredita que é imprescindível compreender o posicionamento dos candidatos quanto ao acesso, ao tratamento e à distribuição de água. “Toda questão ambiental está interligada à saúde pública. A qualidade da água, a conservação do pavimento urbano e um sistema de transporte eficiente, com mínima poluição, são fatores que impactam diretamente a saúde da comunidade”, conclui.

Incentivos fiscais

Cidade do México, uma metrópole com desafios ambientais significativos
Cidade do México. Foto: Mike Ramírez Mx | Pixabay

Além disso, a redução de impostos, como IPTU, pode servir como estímulo para práticas sustentáveis, como isentar esse tributo para condomínios que promovem cuidados ambientais. Esta estratégia pode fomentar o desenvolvimento de áreas verdes, sem que haja necessidade de investimentos diretos por parte das prefeituras. “Em áreas metropolitanas, como São Paulo, a edificação de prédios altos gera impactos ambientais significativos, elevando a demanda por transporte e poluição. Acompanhamento das propostas dos candidatos em relação a esses assuntos é extremamente relevante”, conclui.

Fonte: Guia Região dos Lagos

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