fenômeno pode impactar diversas áreas do Brasil

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Imagem de nuvens de chuva observadas durante o fenômeno da chuva preta
Foto: Pixabay

Recentemente, um fenômeno ambiental conhecido como “chuva preta” tem gerado preocupação em diversas comunidades brasileiras. Essa ocorrência é caracterizada pela combinação de nuvens de chuva com partículas de fuligem provenientes de queimadas. Diante do aumento significativo de queimadas no Brasil, esse fenômeno foi notado em demarcações do Sul do país, com previsões que indicam a possibilidade de sua chegada a outras áreas, como São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, onde a previsão de chuvas pode trazer essa precipitação contaminada.

Em municípios catarinenses, como Canoinhas e Três Barras, a chuva resultou em uma coloração escura nas piscinas, evidenciando a gravidade do fenômeno. As estimativas atualizam a possibilidade de que outras localidades venham a experimentar essa forma de precipitação em função das condições climáticas atuais e das queimadas intensificadas.

Representação visual do fenômeno da chuva preta, evidenciando seus impactos
Foto: ClimaInfo | Reprodução Redes Sociais

O aumento das queimadas em todo o país tem contribuído para a elevação dos poluentes na atmosfera. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), agosto de 2024 foi indicado como o mês mais crítico dos últimos dez anos em relação a incêndios florestais. A interação entre as substâncias resultantes das queimadas e a umidade do ar pode resultar nesta chamada “chuva preta”, que apresenta sérios riscos à saúde pública e ao meio ambiente.

Entendendo o fenômeno

A chuva preta se forma quando a fuligem proveniente das queimadas, bem como as cinzas e outros compostos poluentes presentes no ar, se misturam com a umidade, originando chuvosos com coloração alterada, conforme informações do meteorologista Augusto José Pereira, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo.

Diego Freitas, analista químico e integrante da Ouvidoria-Geral do Conselho Federal de Química (CFQ), explica que a “chuva preta” resulta de uma elevada concentração de poluentes na atmosfera, consequência das queimadas recentes. Quando essas partículas se misturam à chuva, a precipitação adquire uma coloração escura, o que pode gerar contaminação ambiental e riscos à saúde, como irritações e intoxicações.

Chuva preta versus chuva ácida

Esse fenômeno, embora notório no Brasil, já era observado em países como Uruguai e Argentina antes de se manifestar aqui. Um evento elevado similar também havia sido registrado em agosto de 2019, durante uma grave onda de incêndios na região Centro-Oeste brasileira. Embora o Brasil tenha conhecido a chuva preta, é importante destacar que a chuva ácida prevalece, especialmente em regiões onde a queima de combustíveis fósseis e a poluição industrial são intensas, como em São Paulo.

Consequências para a saúde

Freitas alerta sobre os riscos à saúde decorrentes do contato com a água contaminada. “A exposição a essa precipitação pode resultar em irritações na pele, nos olhos e no sistema respiratório, além de intoxicações severas, caso a água seja ingesta”, salienta. Ele aconselha fortemente que a população evite o uso dessa água para qualquer fim, seja para consumo, banhos ou atividades domésticas, como a limpeza.

Imagem de incêndio e fumaça cobrindo Brasília, ilustrando os efeitos das queimadas na qualidade do ar
Em 16/09/2024, Brasília amanheceu envolta em fumaça devido aos incêndios no Parque Nacional de Brasília. | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom | Agência Brasil

Apesar da expectativa de que as chuvas possam amenizar temporariamente a fumaça no ar, experts enfatizam que o impacto desse fenômeno é efêmero, já que a fuligem continuará a afetar o clima nas próximas semanas, à medida que as queimadas persistem em várias áreas do Brasil. Curiosamente, quando a água contaminada se infiltra no solo, ela acaba se tornando limpa, ao passar por filtros naturais como solo e folhas, demonstrando assim a complexidade do ciclo da água em ambientes afetados pela poluição.

Com informações do Conselho Federal de Química e Rádio USP


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Fonte: Guia Região dos Lagos

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