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A ora-pro-nóbis, conhecida por suas propriedades nutricionais e potenciais benefícios na medicina natural, vem recebendo cada vez mais destaque. Recentemente, foi lançada uma nova cartilha pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), pertencente à Série Produtor Rural. Esse material serve para ressaltar tanto as qualidades nutricionais quanto as propriedades terapêuticas dessa planta, que, em anos recentes, passou a ser mais reconhecida fora do contexto popular e academicamente, confirmando sua utilidade através de pesquisa científica.
Intitulada “Plantas Medicinais: ora-pro-nóbis”, esta cartilha conta com 27 páginas e é uma coautoria de especialistas na área. O texto explora as várias vantagens que a ora-pro-nóbis pode trazer como uma importante fonte de proteínas, especialmente para crianças, idosos e pessoas que seguem dietas vegetarianas ou veganas. A planta é um componente tradicional na culinária de Minas Gerais e está começando a aparecer em novas receitas e até mesmo nas merendas escolares. Além disso, suas características medicinais tornam-a uma alternativa viável para quem busca opções naturais de remédio.
A cartilha não apenas apresenta a ora-pro-nóbis como uma opção alimentar rica e nutritiva, mas também explora seu potencial ornamental, considerando suas flores e frutos saborosos. Sua resistência a pragas e adaptabilidade a diferentes tipos de solo a tornam uma escolha viável para cultivo, especialmente para comunidades de baixa renda, além de oferecer uma oportunidade para pequenos agricultores.
Informações sobre a botânica da planta, incluindo sua caracterização, espécies e distribuição geográfica, cultivo e diversos usos são também parte do conteúdo deste material. A cartilha “Plantas Medicinais: ora-pro-nóbis” está disponível para download gratuito no site da Divisão de Biblioteca da Esalq, bem como no Portal de Livros Abertos da USP.
A Série Produtor Rural é uma iniciativa que existe desde 1997, com o objetivo de fornecer informações sobre agricultura em uma linguagem acessível, especialmente voltada para pequenos agricultores e produtores familiares. Outras publicações sobre plantas medicinais incluem espécies como Aristolochia e cravos-de-defunto, e a coleção completa pode ser conferida.
A ora-pro-nóbis como superalimento
A ora-pro-nóbis apresenta uma concentração significativa de proteína, variando entre 20 a 25 gramas a cada 100 gramas de matéria seca. Além disso, possui um teor elevado de fibras e é rica em minerais como ferro, magnésio, cálcio, zinco e fósforo, além de conter vitaminas A, C, B1, B2 e B3, o que contribui para sua popularidade entre pessoas que buscam alimentos saudáveis. Esta planta é classificada como uma planta alimentícia não convencional (PANC) e é reconhecida tanto em seu estado natural quanto em forma de cápsulas.
De acordo com um estudo realizado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a ora-pro-nóbis se destaca como uma boa fonte de proteína, apresentando uma composição de aminoácidos que é significativa do ponto de vista nutricional, sendo notáveis a leucina, lisina e fenilalanina.
No entanto, especialistas alertam que, apesar de sua reputação como um substituto da proteína animal, a ora-pro-nóbis deve ser consumida em conjunto com outras fontes de proteína na dieta. A nutróloga Barbara Liz, do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), enfatiza que, por mais que a planta seja rica em nutrientes, ela não pode suprir totalmente a proteína animal. Segundo ela, embora as proteínas vegetais que a ora-pro-nóbis oferece tenham um perfil de aminoácidos que pode completar a dieta, não fornecem todos os aminoácidos essenciais em proporções que atendam as necessidades do organismo.
A quantidade necessária de proteína varia de acordo com diversos fatores; por exemplo, pessoas sedentárias precisam de bem menos proteína em comparação a atletas. A recomendação geral é que adultos devem consumir entre 0,8 e 1,2 gramas de proteína por quilo de peso corporal diariamente. Essa conta sugere, por exemplo, que uma pessoa pesando 70 kg necessita, em média, de 56 gramas de proteína por dia.
“Como a ora-pro-nóbis contém aproximadamente 25% de proteína em sua forma seca, seria necessário ingerir uma quantidade substancial, em torno de 200 gramas de folhas secas, para atender a essa necessidade, o que não é prático na rotina diária”, explica Barbara Liz.
Barbara sugere que, para alcançar um perfil completo de proteínas, a ora-pro-nóbis deve ser consumida em combinação com outras fontes de proteínas vegetais, como legumes, grãos e cereais. Ela recomenda o uso da planta em saladas, sucos, refogados, sopas e pães.
Embora as cápsulas contendo ora-pro-nóbis sejam uma alternativa prática para complementar a dieta, a especialista ressalta que não substituem os alimentos in natura, que fornecem uma combinação mais balanceada de nutrientes, fibras e outras substâncias que favorecem a absorção nutricional. O consumo desse formato pode não incluir todos os compostos nutritivos que estão presentes de maneira natural na planta, os quais podem agir sinergicamente para potencializar a absorção.
A nutróloga alerta ainda que a ora-pro-nóbis não deve ser vista como uma solução mágica para doenças. Seu consumo deve fazer parte de uma dieta equilibrada, sem descuidar de uma alimentação saudável e da prática de atividades físicas. A planta pode ser uma valiosa adição para quem deseja diversificar sua alimentação com ingredientes nutritivos, especialmente veganos e vegetarianos.
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