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A Amazônia é um tema global de importância vital
A Amazônia se tornou um tema de relevância internacional. Sua conservação é fundamental para o equilíbrio climático do planeta. O noticiário sobre a floresta é frequente, tanto na imprensa brasileira quanto na internacional, trazendo reportagens que destacam avanços, como a redução do desmatamento nos últimos dois anos, assim como preocupações com o aumento das queimadas, que se somam a uma variedade de opiniões, estudos acadêmicos, histórias inspiradoras e conhecimentos ancestrais.
Embora muito se discuta sobre a Amazônia, é inegável que estamos longe de compreender toda a sua complexidade, biodiversidade e a delicada harmonia que ali existe – e já estamos perigosamente próximos de atingir o ponto de não retorno da floresta.
Ao entrar na floresta pela primeira vez, seja por meio de expedições fluviais ou terrestres, as pessoas começam a captar a vastidão desse ecossistema. A experiência de colher frutas de um barco, em meio a árvores alagadas durante o período de cheia, é uma lembrança duradoura e uma vivência que marca profundamente. Sou jornalista e já tive a oportunidade de visitar a Amazônia em diversas ocasiões, sempre saindo com a clara consciência da imensidão da floresta e do quanto ainda me falta aprender sobre ela.
É triste observar que poucos brasileiros têm a oportunidade ou mesmo o desejo de explorar esse bioma tão rico do nosso país – um interesse que, ao contrário, é percebido em muitos turistas estrangeiros que exploram os diversos estados amazônicos a cada ano. Entender a floresta e começar a valorizar sua magnificência a partir de uma perspectiva pessoal pode ser um passo importante para reforçar o compromisso com a sua proteção.
Ainda que visitar a Amazônia não seja uma opção acessível a todos os brasileiros, escutar as vozes dos povos que habitam a floresta, e aqueles que dedicam suas vidas à preservação da riqueza que a floresta abriga, se torna uma alternativa viável: saberes, experiências e conhecimentos foram trocados na segunda edição do TEDxAmazônia, que ocorreu em novembro de 2023.
Com o tema “Onde as vozes se encontram”, essa edição contou com 50 palestrantes incluindo indígenas, ribeirinhos, quilombolas e ainda empreendedores, cientistas, artistas e líderes que se uniram para dialogar sobre a floresta.
Pude estar presente e, ao longo de dois dias, escutei diferentes vozes que discutiram sobre a floresta, suas vidas, ameaças e possibilidades. A fumaça dos incêndios se fazia sentir em Manaus, numa triste coincidência que evidenciava o impacto da ação humana no bioma. A seca também era visível, no Porto de Manaus, com uma paisagem de escassez de água e um horizonte encoberto, muito distante da imagem idealizada de verde e natureza abundante que temos da Amazônia.
Este ano, uma nova edição do TEDxAmazônia acontecerá em Manaus (AM). Além disso, em 2025, outra será realizada em Belém (PA), que também sediará a COP. É, sem dúvida, imprescindível discutir sobre a Amazônia.
Infelizmente, a realidade da fumaça e da seca observadas em 2023 se repete em 2024, intensificada. O fogo continua a ameaçar a floresta, resultado da ação humana – por mais incrível que pareça, estamos colocando fogo na Amazônia.
Erika foi uma das muitas palestrantes mulheres que abordaram a Amazônia em 2023. A imagem escolhida para a edição foi de um útero, embelezado por símbolos da biodiversidade amazônica, como a maniva, o açaí, a arara, raízes, botos e pupunha, representando a vida, o nascimento e a origem.
Outra figura importante foi Marina Silva, Ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil. Ambientalista nascida na floresta do Acre, Marina dedicou sua vida à luta pela proteção desse ecossistema. Em diálogo com Rodrigo V. Cunha, organizador-licenciado do TEDxAmazônia, Marina tratou do combate ao desmatamento e da criação de uma agenda para enfrentar as mudanças climáticas.
“Olhar para a Amazônia é entrar em contato com uma parte de nós que ainda não conhecemos, mas que reside dentro de cada um de nós”, estabeleceu Marina ao iniciar a conversa.
Marina, que cresceu na floresta, trabalhou como seringueira, empregada doméstica e professora antes de ser reconhecida mundialmente pela sua luta em prol da preservação da Amazônia. Sendo a única da sua comunidade a se educar, tornou-se Ministra do Meio Ambiente entre 2003 e 2008, onde promoveu políticas de proteção que reduziram drasticamente o desmatamento.
Após concorrer numa tríade de pleitos presidenciais, defendendo um novo modelo de produção brasileiro que respeita o meio ambiente, Marina reassumiu o ministério em 2023, alcançando sucesso no combate ao desmatamento novamente. “A Amazônia é a nossa raiz mais profunda”, ela enfatizou.
Urgência de ouvir as vozes da Amazônia
Muitas outras vozes se uniram às de Marina Silva e Erika Berenguer. Narubia Werreria, líder do povo Yny do Tocantins, compartilhou uma das falas mais impactantes do TEDxAmazônia 2023, discutindo sobre o colonialismo, machismo e racismo como violências que contribuem para a destruição da floresta e de seus povos, enfatizando a luta das mulheres indígenas pela preservação de seus territórios e corpos.
Ouvir as vozes da Amazônia é uma tarefa urgente e necessária. O território amazônico é composto não só por uma rica fauna e flora, mas também por comunidades frequentemente ignoradas pelos poderes públicos e formadores de opinião.
Isso motivou Valcléia Solidade, superintendente de desenvolvimento sustentável da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), a subir ao palco com uma venda nos olhos, provocando a reflexão sobre nossa cegueira em relação à presença humana na Amazônia.
“Quando falamos sobre invisibilidade, muitas pessoas não compreendem”, compartilhou Valcléia, que é natural da comunidade quilombola Murumuru, em Santarém. “O que há de melhor na Amazônia são as pessoas que lá vivem. Contudo, nas discussões sobre a Amazônia, as pessoas são frequentemente omitidas”.
A palestra de Val foi intitulada “Para uns, a Amazônia é causa. Para nós, é casa”:
Neste Dia da Amazônia, uma reflexão profunda
Neste Dia da Amazônia, celebrado em 5 de setembro de 2024, a convocação é para que todos busquem compreender melhor a floresta e suas vozes. Para aqueles que puderem, a visita à Amazônia é um convite; para quem não pode ir neste momento, ouvir as vozes da floresta é uma recomendação valiosa.
No TEDxAmazônia de 2023, a diversidade de participantes – cientistas, artistas, urbanistas, contadores de histórias e músicos – contribuiu com uma gama rica de saberes e saberes disponíveis.
Desde os seres encantados da Amazônia, apresentados por Maickson “Pavulagem” Serrão, até o conhecimento científico e ancestral sobre plantas, raízes e Ayahuasca, passando por discussões sobre mercado de carbono e desmatamento, as palestras do evento podem ser acessadas e têm muito a ensinar.
Os links das palestras estão disponíveis e convidam todos a mergulhar neste assunto tão vital.
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