Bactérias marítimas geram substâncias para limpeza, itens de beleza e alimentos

bactérias marinhas

Bactérias marinhas são fontes promissoras de matéria-prima para produtos de limpeza, cosméticos e alimentos. Um projeto inovador desenvolvido pela pesquisadora Paula Rezende Teixeira, pós-doutoranda no Laboratório de Farmacologia Marinha da USP, busca explorar o potencial desses microrganismos encontrados no fundo do mar.

A bioprospecção, que consiste na busca por recursos biológicos que possam ser aproveitados pelos seres humanos, tem revelado importantes descobertas no campo da biodiversidade. Plantas, animais e microrganismos oferecem uma variedade de substâncias que podem ser utilizadas na produção de medicamentos, alimentos e matérias-primas. No entanto, apesar de abrigar uma vasta biodiversidade, o ambiente marinho ainda é pouco explorado nesse sentido.

Paula Rezende Teixeira decidiu focar seus estudos nas bactérias marinhas do litoral de São Paulo. Seu objetivo é produzir em larga escala substâncias derivadas desses microrganismos com potencial para diversos setores. Em um de seus projetos, ela investigou o perfil químico das bactérias marinhas e identificou um grupo de compostos chamados surfactinas. Essas substâncias são produzidas em grande quantidade por alguns dos microrganismos estudados.

Com base nos resultados de sua pesquisa e incentivada por sua supervisora, Paula decidiu criar uma startup para viabilizar a comercialização das surfactinas obtidas a partir das bactérias marinhas do gênero Bacillus. Ela está explorando diferentes métodos de cultivo para otimizar a produção dessas substâncias e reduzir os custos. Recentemente, seu projeto foi aprovado pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) e receberá financiamento da Fapesp.

No entanto, a obtenção dessas substâncias em grande escala ainda é um desafio. Atualmente, China e Japão são os maiores produtores e exportadores de surfactinas, mas o valor de mercado dessa matéria-prima ainda é alto devido ao processo caro e de baixo rendimento envolvido no cultivo das bactérias produtoras desses compostos. O objetivo de Paula é baratear e escalar a produção de surfactinas no Brasil, utilizando resíduos industriais para otimizar o processo.

Para desenvolver seu projeto, Paula também conta com os aprendizados adquiridos no Programa NIDUS de Residência em Inovação da USP. Durante essa residência, os pesquisadores recebem formação e mentoria para desenvolver suas ideias em empreendedorismo e inovação. Paula destaca a importância de entender o mercado, aprender a estabelecer conexões e buscar ajuda para o sucesso de um empreendimento.

A pesquisa de Paula Rezende Teixeira destaca a importância da biodiversidade marinha como fonte de recursos valiosos. Além de fornecer subsídios para a produção de medicamentos, alimentos e matérias-primas, a exploração dessas bactérias marinhas pode impulsionar o desenvolvimento econômico e tecnológico do país. A produção em larga escala das substâncias derivadas desses microrganismos pode trazer benefícios não apenas para a indústria, mas também para a sociedade como um todo.

A pesquisa e o empreendedorismo na área de biodiversidade marinha são estratégicos para o Brasil, país com uma extensa costa marítima e uma biodiversidade única. A atuação de pesquisadores como Paula Rezende Teixeira demonstra a importância de investir nesse campo e buscar soluções sustentáveis e inovadoras para aproveitar o potencial dos recursos marinhos. Desenvolver tecnologias e produtos a partir dessas bactérias marinhas pode contribuir para a conservação do meio ambiente e ainda gerar benefícios econômicos significativos.

Portanto, a pesquisa de Paula Rezende Teixeira sobre as bactérias marinhas e a produção de surfactinas a partir delas representa uma oportunidade promissora para o Brasil. A comercialização dessas substâncias pode impulsionar o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico do país, além de contribuir para a preservação da biodiversidade marinha. É fundamental incentivar e apoiar pesquisas nesse sentido, visando não apenas a geração de conhecimento, mas também o uso sustentável dos recursos naturais.

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