Caatinga perdeu 11% de sua vegetação nativa em 35 anos

Caatinga

A Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, perdeu 11% de sua vegetação nativa nos últimos 35 anos, segundo um estudo publicado pela revista científica Land. O bioma, que ocupa cerca de 86,3 milhões de hectares ou aproximadamente 10% do território nacional, é particularmente afetado pela influência humana.

De acordo com o estudo, a perda de vegetação nativa na Caatinga se deve ao desmatamento e conversão de áreas naturais, totalizando uma área de 6,57 milhões de hectares, o que é maior do que o território do estado da Paraíba.

Especialistas das universidades Estadual de Feira de Santana e Federal da Bahia, WRI Brasil, Universidade do Arizona e Geodatin utilizaram dados do MapBiomas para realizar o estudo. Washington Rocha, pesquisador da Universidade Estadual de Feira de Santana e autor do estudo, ressalta a urgência de iniciativas de conservação, restauração e práticas sustentáveis de uso do solo na Caatinga. Ele enfatiza que a ciência, os dados e o monitoramento devem estar no centro das decisões.

O estudo também revela que a redução da vegetação nativa afetou todas as categorias da Caatinga. Houve um declínio de 12% nas Formações Naturais Não Florestais, uma queda de 11% nas Savanas e uma diminuição de 8% nas Formações Florestais entre 1985 e 2019. Além disso, os pesquisadores constataram uma redução de 24% na superfície de água.

Ao mesmo tempo em que ocorreu a perda de vegetação nativa, houve um aumento de 27% em áreas não naturais na Caatinga, que agora abrangem aproximadamente um terço do bioma, totalizando 6,78 milhões de hectares. As pastagens ocupam a maior parte dessas áreas, com 21,78 milhões de hectares cobertos, representando 25% do bioma. Em seguida, está a classe Mosaico Agrícola e Pastagem, que cobre 8% do bioma e teve uma redução de 37%.

No que diz respeito à agricultura, houve um aumento de 284% na área agrícola da Caatinga entre 1985 e 2019. No entanto, as unidades de conservação ainda cobrem apenas cerca de 8% do território do bioma, com pouco mais de 1% sob proteção completa.

A transformação na cobertura e uso da terra na Caatinga ao longo do tempo mostrou variações. O período de 1985 a 1995 registrou o maior declínio da vegetação natural e o maior aumento das áreas agrícolas. Em seguida, os períodos de 1995 a 2005, 2005 a 2015 e 2015 a 2019 apresentaram tanto uma perda significativa de cobertura vegetal quanto uma maior expansão agropecuária.

O desmatamento, expansão das terras agrícolas e práticas de uso da terra, como as queimadas, têm causado danos significativos ao bioma Caatinga. Essas atividades resultam em salinização do solo e aumento da evaporação da água. O uso persistente de queimadas agrava ainda mais esses problemas, intensificando o processo de desertificação.

A restauração de paisagens e florestas pode ser uma ferramenta importante para combater esses problemas e adaptar o ecossistema da Caatinga às mudanças climáticas. Um estudo recente do Programa Raízes da Caatinga, divulgado pelo WRI Brasil, mostrou a oportunidade de restaurar 500 mil hectares em três estados do Nordeste, trazendo benefícios sociais e econômicos para a agricultura familiar.

A conservação e a restauração da Caatinga exigem o engajamento das pessoas e a implementação sustentada de políticas públicas e regulamentações. É fundamental garantir os investimentos necessários para ampliar as ações e concretizar as oportunidades. O Brasil, como país da Caatinga, tem o desafio de compartilhar e agregar conhecimentos e aprendizados no combate à desertificação e na geração de renda, marcando uma posição de protagonismo em ações efetivas.

Fonte: Guia Região dos Lagos

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