Uniformes que “crescem” mantêm meninas na escola em Togo
Em Togo, país da África Ocidental, muitas meninas enfrentam dificuldades para ir à escola. Além de pressões familiares para ajudar nos afazeres domésticos, a falta de uniformes adequados também é um obstáculo para elas. No entanto, uma iniciativa inovadora tem contribuído para garantir que essas meninas tenham acesso à educação.
Payton McGriff, uma mulher americana que se preocupa com a igualdade de oportunidades para homens e mulheres, fundou a SHE (Style Her Empowered). Essa organização sem fins lucrativos utiliza um modelo de negócio e design inovadores para resolver o problema da falta de uniformes em Togo.
A SHE atende duas gerações de mulheres ao mesmo tempo. Primeiramente, a geração mais velha é beneficiada com empregos como costureiras, recebendo bons salários e outros benefícios, como um curso de alfabetização. Essas mulheres são responsáveis pela confecção dos uniformes escolares, que são entregues às meninas.
A inovação está no design desses uniformes, que são feitos para se ajustar ao corpo das meninas enquanto elas crescem. Produzidos com materiais resistentes e com ajustes laterais, os uniformes podem ser utilizados por um longo período de tempo, solucionando assim o problema da falta de uniformes que antes impedia as meninas de frequentarem a escola.
A inspiração para o projeto veio de um livro intitulado “Half the Sky”, que apresentava dados preocupantes sobre a educação de meninas ao redor do mundo. Payton McGriff, durante seus estudos na Universidade, foi convidada por um professor de Marketing a visitar sua cidade natal em Togo. Lá, ela descobriu que a maioria das famílias vivia abaixo da linha da pobreza, e as tarefas domésticas, inclusive o trabalho das meninas, eram uma realidade desafiadora.
Payton entrevistou meninas em idade escolar para entender melhor os desafios que enfrentavam para permanecer na escola. Uma das principais barreiras identificadas foi a falta de uniformes adequados. Muitas meninas eram expulsas da escola por não poderem usar os uniformes corretos. Essas histórias despertaram em Payton o desejo de ajudar e criar uma solução para o problema.
Os uniformes confeccionados pela SHE são simples, culturalmente apropriados e possuem um tecido extra nas bainhas, que pode ser liberado para alongar o vestido em até seis tamanhos diferentes. Além disso, cordões nas laterais do vestido permitem que ele seja ajustado para se adequar a qualquer formato de corpo.
Hoje, a SHE possui duas fábricas em Togo, onde as costureiras recebem salários 75% acima do salário mínimo e desfrutam de benefícios completos. Payton McGriff administra a empresa nos Estados Unidos, enquanto as mulheres que iniciaram o negócio com ela são responsáveis pela administração local. Essa abordagem garante que as decisões sejam tomadas com base na realidade social e cultural do país.
Além de fornecer uniformes, a SHE atua em outras áreas essenciais. Como não há serviço de coleta de lixo nas vilas atendidas, a organização recicla os restos de tecidos para produzir absorventes menstruais, solucionando mais uma barreira para a permanência das meninas na escola.
A SHE beneficia não apenas as meninas, mas também as mulheres mais velhas que trabalham na confecção dos uniformes. O projeto possibilita que essas mulheres tenham empregos melhores e acesso a benefícios que melhoram sua qualidade de vida.
Atualmente, a SHE está realizando uma campanha de arrecadação online para conseguir fundos e inscrever mais 500 meninas em seu programa. Uma doação de US$ 50 fornece um ano inteiro de educação, incluindo uniforme escolar, materiais e mensalidades, para uma menina das vilas atendidas.
O trabalho realizado pela SHE é fundamental para garantir que meninas em Togo tenham acesso à educação. Através de um modelo de negócio inovador e design de uniformes que se adaptam ao crescimento das crianças, essa organização está transformando a realidade dessas meninas e mostrando que a educação é o caminho para um futuro melhor.