Chuva ajuda a conter fogo no Pantanal, mas situação ainda é grave
A situação no Pantanal ainda é muito grave, mesmo com a ajuda da chuva e da queda de temperaturas no final de semana para conter os novos focos de incêndio no bioma. De acordo com Gustavo Figueiroa, diretor de comunicação do SOS Pantanal, embora a chuva tenha reduzido os incêndios, é necessário ter cautela, pois a temperatura pode voltar a subir e a situação pode piorar novamente.
No entanto, mesmo com a chuva, quatro regiões do Mato Grosso do Sul ainda registravam queimadas e demandavam operações contra o fogo e focos de calor, na noite de sábado. Além disso, havia incêndios em outras áreas, como Miranda, Serra do Amolar, Paiaguás e Passo da Lontra. No Mato Grosso, também havia focos ativos.
Um dos grandes problemas enfrentados é o fogo subterrâneo, que pode persistir nas camadas mais profundas do solo, como a turfa, e reacender em condições climáticas favoráveis, alertou o especialista em geoprocessamento da Operação Pantanal Sul, Paulo Simeoni.
O impacto dos incêndios no Pantanal é imenso. Segundo dados do BDQueimadas, do INPE, nos primeiros dez dias de agosto foram registrados 2.112 focos de calor no bioma, superando os números do mês de julho. Até o momento, já foram consumidos cerca de 1,5 milhão de hectares pelo fogo, o que corresponde a 10% do Pantanal.
A fauna e a flora também estão sendo gravemente afetadas pelos incêndios. O refúgio ecológico Caiman teve 80% de sua área queimada, e a onça-pintada Gaia, que era monitorada pela ONG Onçafari, foi uma das vítimas fatais. Além disso, a seca severa e as queimadas dificultam a busca por água pelos animais, resultando em desnutrição e desidratação.
O GRAD (Grupo de Resposta a Animais em Desastres) estima que mais de 43% do Pantanal esteja sofrendo com os efeitos das queimadas e secas. O grupo tem atuado na região realizando resgates, assistência veterinária e alimentar aos animais sobreviventes, mas alerta para a emergência e vulnerabilidade em que os animais se encontram.
O baixo nível d’água tem impactado negativamente a fauna local, e o monitoramento realizado pelo GRAD revelou a dificuldade dos animais em busca de água, além do risco de atolamento na lama, devido à debilitação causada pela seca e pelos incêndios.
Um estudo da World Weather Attribution (WWA) mostrou que as mudanças climáticas aumentaram a intensidade e a probabilidade de ocorrência de condições favoráveis ao fogo no Pantanal em até 40%. No entanto, além das mudanças climáticas, também é necessário identificar a origem dos focos de incêndio.
Investigações realizadas pela Polícia Federal apontaram que a maioria dos incêndios está relacionada a atividades ilegais de queimadas em áreas privadas. Infelizmente, essa prática é comum e muitas vezes coordenada, como evidenciou o caso do “Dia do Fogo” em 2019, quando produtores rurais articularam queimadas na Amazônia.
É importante destacar que o combate aos incêndios e a proteção do Pantanal demandam ação conjunta e efetiva do poder público, da sociedade e das instituições ambientais. É fundamental que sejam implementadas medidas de prevenção e punição aos responsáveis pelos incêndios ilegais, além de políticas de desenvolvimento sustentável que valorizem a conservação do bioma.
A devastação do Pantanal é uma perda irreparável para a biodiversidade e para o equilíbrio do ecossistema. É responsabilidade de todos proteger e preservar esse importante patrimônio natural do Brasil.