Complexo do Alemão terá observatório do clima
O Complexo do Alemão, um dos maiores conjuntos de favelas do Rio de Janeiro, localizado na zona norte da cidade, vai contar com um observatório do clima a partir deste ano. A iniciativa tem como objetivo monitorar o calor na região e elaborar políticas públicas com base nos dados coletados para ajudar a população a lidar com esse fenômeno cada vez mais frequente.
O observatório será formado por um grupo de pesquisadores, representantes de organizações locais e pela própria população. A prefeitura pagará uma bolsa-auxílio para que a comunidade contribua com medições de temperatura em diferentes pontos do território. O projeto do Complexo do Alemão servirá como piloto para ser implementado em outros pontos da cidade.
A intenção do observatório é gerar dados que possam auxiliar na adequação habitacional, identificando as áreas prioritárias para a instalação de postos de hidratação e ampliação da cobertura vegetal, seja por meio de arborização ou criação de novas florestas. A Secretaria de Meio Ambiente e Clima do Rio financiará aparelhos de monitoramento, realizará capacitação para a pesquisa e ajudará na seleção de pessoas para trabalhar no estudo.
O Complexo do Alemão foi escolhido como ponto de partida devido à alta intensidade solar registrada na região. A falta de arborização nas áreas torna o calor uma questão ainda mais preocupante para a população local. A diretora executiva do Voz das Comunidades, Gabriela Santos, ressalta a importância de entender como o complexo reage às transformações climáticas e como a intensidade solar impacta o território.
Além do Complexo do Alemão, outros pontos da cidade do Rio de Janeiro também terão observatórios climáticos. O objetivo é instalar observatórios semelhantes em outras áreas conhecidas como “ilhas de calor”, como o Complexo da Maré, Pavuna, Irajá, todos localizados na zona norte, e Campo Grande, na zona oeste. Os resultados dos estudos realizados serão apresentados aos países que compõem o G20 na reunião da cúpula que ocorrerá em novembro na cidade do Rio.
O observatório do clima é uma resposta às altas temperaturas enfrentadas pelo Rio de Janeiro nos últimos anos. Em novembro de 2023, o município registrou sua primeira morte por calor, uma jovem de 23 anos. A secretaria de Meio Ambiente e Clima do Rio destaca a importância de coletar dados para monitorar a frequência e duração das ondas de calor, assim como seu impacto na população e no território. Com essas informações, será possível estabelecer protocolos e medidas de proteção para a população durante os períodos de calor intenso.
Renata Libonati, professora do Departamento de Meteorologia da UFRJ, ressalta que o calor precisa ser tratado como um desastre climático, mobilizando ações governamentais e implementação de políticas públicas, principalmente para as populações mais vulneráveis. Ela destaca que o calor afeta de forma desigual as pessoas, especialmente aquelas que não têm acesso a meios de se refrescar e possuem menos assistência médica e de saúde básica.
A iniciativa de criar um observatório do clima é uma forma de enfrentar os efeitos do calor e buscar soluções adaptadas à realidade de cada região. O monitoramento e a coleta de dados são fundamentais para entender o impacto das mudanças climáticas, desenvolver estratégias de prevenção e proteção da população e promover ações de mitigação dos efeitos do calor. Com o observatório do clima no Complexo do Alemão e em outras áreas da cidade, o Rio de Janeiro se posiciona como uma cidade que busca soluções sustentáveis e adequadas para lidar com os desafios do clima.
Fonte: Guia Região dos Lagos