Aumento do nível do mar preocupa brasileiros em cidades costeiras
Uma pesquisa recente revelou que 90% dos brasileiros veem o aumento do nível do mar como uma ameaça para as cidades costeiras do país. Este sentimento de apreensão está relacionado ao aquecimento das águas oceânicas, que 85% da população acredita ser responsável pelo crescimento dos eventos climáticos extremos, como secas e inundações. Além disso, a pesquisa destaca que 87,6% dos entrevistados se comprometeram a adotar hábitos que ajudem na conservação marinha.
Estudo revela atitudes e percepções sobre o oceano
O levantamento, intitulado “Oceano sem Mistérios: A relação dos brasileiros com o mar – Evolução de Cenários (2022–2025)”, foi conduzido pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em conjunto com UNESCO, Maré de Ciência e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os resultados foram apresentados na 3ª Conferência do Oceano das Nações Unidas, realizada em Nice, França.
A primeira edição da pesquisa, em 2022, já havia delineado a relação dos brasileiros com o oceano. Agora, os dados mostram um aumento no engajamento da população com práticas sustentáveis, embora só 7% tenham participado de iniciativas de conservação nos últimos 12 meses. “A disposição para mudanças a favor do oceano subiu 5,4 pontos percentuais nos últimos três anos”, afirma Malu Nunes, diretora executiva da fundação.
Desafios climáticos e educacionais
A pesquisa aponta que desde 1901, o nível médio do mar aumentou 20 centímetros, 9,4 dos quais desde 1993, conforme dados do IPCC e da NASA. O estudo também revela que 51% dos entrevistados discordam que queimadas não têm relação com condições oceânicas. O professor Ronaldo Christofoletti, da Unifesp, destaca a importância da percepção pública de que todos os ecossistemas estão interligados e que o aquecimento dos oceanos entre 2023 e 2024 contribuiu para a seca na Amazônia.
A população reconhece a vulnerabilidade dos ecossistemas costeiros, com 84% afirmando que o oceano está sob risco. As principais ameaças apontadas incluem poluição, efeitos climáticos, perda de biodiversidade e turismo desenfreado. Por outro lado, metade dos brasileiros entende que o oceano impacta diretamente a vida cotidiana, com destaque para alimentação, água e qualidade de vida.
Consciência e ações para a conservação
Ainda que haja maior consciência sobre a importância do oceano, apenas 30% percebem que suas ações têm impacto direto na saúde marinha. Os problemas mais citados são o descarte de lixo, poluição e aquecimento global. “A conscientização sobre o impacto das ações humanas no oceano é crucial”, alerta Marlova Jovchelovitch Noleto, representante da UNESCO no Brasil.
A ONU declarou 2021-2030 como a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. O conhecimento sobre esse movimento global tem crescido no Brasil, com 11% dos entrevistados agora familiarizados com a iniciativa, uma melhoria em relação à pesquisa de 2022. Marlova Noleto destaca a importância de desenvolver ações científicas que estimulem a sustentabilidade dos ecossistemas marinhos.
A pesquisa foi realizada com 2 mil adultos de diversas regiões do país, com um nível de confiança de 95% e margem de erro de 2,2%. Fonte da Notícia: [Guia Região dos Lagos](https://ciclovivo.com.br/planeta/crise-climatica/90-dos-brasileiros-temem-o-aumento-do-nivel-do-mar/)