Uma pesquisa global realizada pela Ipsos revelou que 8 em cada 10 pessoas apoiam a proibição global de plásticos descartáveis. O estudo, encomendado pelo WWF e pela Plastic Free Foundation, entrevistou mais de 24 mil pessoas em 32 países, com idades entre 16 e 74 anos.
Os plásticos descartáveis representam mais de 70% da poluição dos oceanos, sendo itens de uso rápido que permanecem no meio ambiente por séculos. Essa forma de poluição ameaça os ecossistemas marinhos e a saúde humana. Segundo os cientistas, a redução do plástico de uso único é mais eficiente para combater a poluição do que a reciclagem.
A pesquisa foi divulgada antes da quarta negociação do tratado sobre poluição plástica, que ocorreu no Canadá. O objetivo dessas negociações é criar um tratado global da ONU para acabar com a poluição por plásticos. No entanto, os negociadores têm pouco tempo para alcançar um acordo significativo, já que as negociações devem ser concluídas até o final deste ano.
A pesquisa revelou que 85% das pessoas entrevistadas acreditam que um tratado global sobre poluição plástica deveria proibir os plásticos descartáveis. Além disso, os resultados mostraram que a opinião pública também apoia a proibição de produtos químicos nocivos usados em plásticos, bem como de produtos plásticos que não podem ser facilmente reciclados.
No entanto, os participantes da pesquisa também destacaram a importância de reformular o sistema atual de plásticos para garantir que os plásticos restantes possam ser reutilizados e reciclados com segurança. Medidas como investimento em sistemas de reutilização e recarga foram apoiadas por 87% dos entrevistados.
Esses resultados contrastam com a postura de um grupo de países produtores de petróleo, que estão tentando enfraquecer o tratado e mudar seus objetivos. Durante as últimas negociações, esses países exigiram regras voluntárias que se concentrassem apenas na gestão de resíduos, em vez de abordar o ciclo de vida completo do plástico.
No entanto, empresas e instituições financeiras estão pedindo um tratado com regras claras e medidas obrigatórias. A Coalizão Empresarial por um Tratado Global para os Plásticos, formada por mais de 200 empresas, instituições financeiras e ONGs, tem como objetivo impulsionar uma mudança global na economia dos plásticos. A coalizão destaca a necessidade de regulamentos alinhados entre os países para reduzir, circular e prevenir a poluição plástica.
A quantidade de plástico produzido anualmente é enorme, com mais de 430 milhões de toneladas de plástico virgem sendo produzidas, sendo que 60% são de uso único. Atualmente, apenas 9% desse plástico é reciclado globalmente. Se nada for feito, estima-se que a quantidade de plástico que entra na economia até 2040 irá dobrar, triplicando o volume de plásticos que vão para os oceanos e quadruplicando os estoques de plástico nos mares.
Portanto, a proibição global de plásticos descartáveis é uma das medidas urgentes que o público deseja ver no tratado sobre poluição plástica. Além disso, é fundamental promover uma economia circular para o setor, eliminando os itens plásticos problemáticos ou desnecessários e garantindo que os plásticos necessários sejam reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis.
É importante ressaltar que, mais do que se declarar contra a produção de plásticos de uso único, é essencial que as pessoas mudem seus hábitos e eliminem esses produtos de sua rotina. O apoio da opinião pública aliado às ações das empresas e das negociações internacionais podem ser fundamentais para acabar com a poluição plástica e garantir um futuro mais sustentável para o planeta.