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4 maneiras de usar a tecnologia para proteger o meio ambiente

drones plantar árvores Flash Forest

A Ciência e a Tecnologia na Conservação Ambiental

A integração entre ciência e tecnologia tem se mostrado fundamental para a proteção e restauração do meio ambiente, fornecendo suporte essencial para a preservação de diversas espécies da fauna e flora no mundo todo. No Brasil, ferramentas inovadoras como drones e aplicativos têm sido amplamente adotadas para o acompanhamento de espécies, recuperação de ecossistemas afetados e para promover a interação entre cientistas e a população em relação às questões ambientais. Isso evidencia que o progresso tecnológico e a natureza podem coexistir de forma harmoniosa.

A inteligência artificial, um tema em destaque atualmente, tem um papel ainda mais dinâmico nessa relação entre inovação e o meio ambiente, especialmente em áreas como processamento e análise de dados e imagens, o que potencializa as ações em favor da biodiversidade. “Soluções tecnológicas estão se tornando uma parte cada vez mais importante da nossa vida, incluindo na conservação da natureza. Esse setor apresenta um grande potencial para desenvolver novos conhecimentos, proteger áreas e espécies naturais, além de fomentar a economia e promover a qualidade de vida social”, diz um especialista da Fundação Grupo Boticário.

Drones utilizados para plantio de árvores pela startup Flash Forest
Drones utilizados para o plantio de árvores pela startup Flash Forest, realizando a tarefa em uma velocidade dez vezes superior ao plantio manual. Foto: Flash Forest

Com o uso crescente de drones e câmeras equipadas com sensores de movimento, as estratégias de monitoramento de espécies na natureza têm se expandido, trazendo benefícios econômicos significativos. Softwares avançados que analisam imagens e cruzam informações de forma rápida estão se desenvolvendo rapidamente, especialmente em outros países. “Essas inovações têm potencial para serem incorporadas às metodologias de conservação de áreas naturais no Brasil. Trata-se de um caminho promissor que pode refinar nossas estratégias de preservação”, destaca o especialista mencionado.

Inovações Tecnológicas em Ação

Drones e Monitoramento Aéreo

No Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, pesquisadores estão utilizando imagens aéreas para analisar os padrões de pesca da sardinha, uma espécie crucial para a biodiversidade local. Durante o período de pesca, as imagens capturadas possibilitaram a avaliação do tamanho dos cardumes, do comportamento das embarcações pesqueiras e dos impactos do turismo na região.

“A sardinha serve de alimentação para diversas espécies, como tubarões e golfinhos, além de ter grande importância comercial. A manutenção de práticas pesqueiras sustentáveis é vital não apenas para a preservação dessa espécie, mas também para atividades turísticas que dependem da biodiversidade”, explica um dos pesquisadores envolvidos no projeto.

O uso de drones traz diversas vantagens em comparação aos métodos tradicionais de monitoramento, que geralmente exigem altos investimentos e logística complicada. “O monitoramento da pesca frequentemente ocorre em terra ou por meio de inspeções em embarcações. O emprego de drones representa uma alternativa prática e econômica que pode melhorar consideravelmente os estudos pesqueiros, especialmente em áreas marinhas protegidas”, complementa o pesquisador.

Fernando de Noronha vista aérea
Vista aérea do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Foto: Natasha Olsen

Em Minas Gerais, o Programa de Conservação do Muriqui de Minas, realizado pela Universidade Federal de Viçosa, utiliza drones para a proteção de uma espécie em risco, o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus). Através de câmeras térmicas, os pesquisadores são capazes de localizar esses primatas nas copas das árvores, tarefa que anteriormente demandava grande esforço físico e tempo.

Agora, com o monitoramento por drones, áreas maiores podem ser analisadas em menos tempo. A estimativa é que em um voo de dez minutos é possível cobrir entre 10 a 20 hectares de forma precisa, superando de longe os métodos tradicionais.

Além disso, os drones têm se provado eficazes para atividades de reflorestamento e vigilância sobre áreas restauradas. Esses dispositivos conseguem acessar regiões de difícil locomoção, assegurando que sementes nativas sejam distribuídas em locais devastados pelo desmatamento ou por incêndios.

Ninhos Artificiais para Espécies Ameaçadas

Claramente, a inovação também tem sido crucial na preservação de espécies endêmicas em risco de extinção, como demonstrado em um projeto na Ilha de Trindade, a 1.100 quilômetros da costa do Espírito Santo. As fragatas-de-trindade (Fregata trinitatis), aves marinhas criticamente ameaçadas, enfrentam a escassez de materiais para a construção de seus ninhos pela deficiência de vegetação local. Esse déficit ameaça a perpetuação da espécie, uma vez que elas se reproduzem exclusivamente nessa zona.

Os pesquisadores desenvolveram estruturas que imitam árvores e ninhos, incorporando sons relacionadas ao acasalamento para atrair as aves. Este projeto, que envolve universidades e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), também contempla ações de restauração da vegetação da ilha, que tem passado por uma significativa degradação devido a atividades de colonização anteriores.

Outros projetos que utilizam ninhos artificiais têm sido eficazes na proteção de araras azuis e papagaios, onde as aves ameaçadas pela perda de habitat encontram novos locais para a reprodução graças a essas inovações desenvolvidas por especialistas.

Casal de araras azuis
Casal de araras azuis. Foto: Divulgação | Fundação Grupo Boticário

Aplicativos e Plataformas Colaborativas

Aplicativos também emergem como ferramentas valiosas para facilitar o acesso às áreas naturais e contribuir para a preservação. A plataforma e-Caves foi implementada com o objetivo de promover a ciência cidadã e o turismo responsável em cavernas e unidades de conservação do Brasil. O serviço é gratuito, oferecendo informações sobre as cavernas que estão abertas à visitação e permitindo que usuários contribuam com dados.

A e-Caves conta com a curadoria de biólogas, espeleólogas e outros especialistas, reunindo até o momento dados sobre mais de 100 cavernas e cerca de 50 parques.

Aplicativo e-Caves
Foto: e-Caves

Outro aplicativo, o e-Trilhas tem como propósito fortalecer a conexão das pessoas com a natureza, agregando informações sobre trilhas em áreas naturais no Brasil. A plataforma também oferece informações sobre produtos e serviços nas proximidades, como guias e locais para hospedagem.

Os usuários têm ainda a oportunidade de colaborar com os gerentes das unidades de conservação, fornecendo alertas e feedback sobre as condições das trilhas, além de compartilhar suas vivências nas redes sociais. Cada trilha é registrada no Passaporte de Trilhas do visitante, incentivando o envolvimento e o conhecimento de novos destinos.

Visitantes em um parque natural
Visitantes em um parque natural. Foto: Fundação Grupo Boticário

Corais de Proveta

As inovações que visam abordar os desafios enfrentados pelos oceanos são destacadas em projetos sobre recifes de corais, que estão sob forte ameaça devido ao aquecimento global e outras mudanças ambientais. Um projeto inovador no sul da Bahia desenvolveu uma técnica única no Brasil para a criação de “corais de proveta”. Realizado pela Rede de Pesquisas do Instituto Coral Vivo, em parceria com a Fundação Grupo Boticário, este projeto emprega métodos de criogenia e reprodução assistida para garantir a preservação de corais, promovendo sua regeneração quando eventos extremos ocorrem.

Esqueleto de coral da espécie Mussismilia harttii
Esqueleto de coral da espécie Mussismilia harttii. Foto: Mari Lopes

“A mortalidade dos corais tem aumentado significativamente a cada ano. Estamos desenvolvendo ferramentas para assegurar a perenidade das espécies frente a um oceano que se aquece” afirma o coordenador do projeto e docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A preservação do material genético e a formação de bancos de gametas representam uma das valiosas contribuições que a ciência pode oferecer, especialmente à medida que mais espécies se encontram próximas da extinção. Esta técnica tende a ganhar cada vez mais importância e deverá se disseminar ainda mais, conforme introduzido pelo especialista da Fundação Grupo Boticário.

Recife de coral em Porto de Galinhas
Recife de coral em Porto de Galinhas (PE). Foto: Filipe Cadena | Fundação Grupo Boticário

Teia de Soluções para a Sustentabilidade

Para fomentar a cocriação de soluções inovadoras que sejam escaláveis e possam ser replicadas para os desafios ambientais atuais, a Fundação Grupo Boticário lançou, em 2020, a iniciativa Teia de Soluções. O objetivo é integrar processos de trabalho em rede, proporcionando mentoria e apoio técnico e financeiro focados na conservação ambiental no Brasil. Dessa forma, a Fundação busca incentivar a colaboração entre profissionais de diferentes áreas do conhecimento e de várias regiões do país.

Essa iniciativa reforça a importância de uma abordagem coletiva e diversificada para enfrentar os desafios enfrentados pela natureza, promovendo a preservação e a regeneração dos nossos ecossistemas.

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